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memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC

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mais tradicionais. A partir do momento que eu explicitar tais problemas esta situação se<br />

tornará mais clara para o/a leitor/a.<br />

O primeiro dilema encontrava-se no fato <strong>de</strong> eu não ter <strong>de</strong>finido como iria apresentar no<br />

trabalho as transcrições <strong>da</strong>s entrevistas. Incomo<strong>da</strong>va-me profun<strong>da</strong>mente imaginar uma<br />

apresentação <strong>da</strong>s entrevistas basea<strong>da</strong> apenas em “fragmentos” <strong>da</strong>s falas carrega<strong>da</strong>s <strong>de</strong> vícios<br />

<strong>de</strong> linguagem, e escolhi<strong>da</strong>s pela/o pesquisadora/or a partir <strong>de</strong> categorias escolhi<strong>da</strong>s a priori.<br />

Este tipo <strong>de</strong> transcrição pura e simples, palavra por palavra, <strong>de</strong>ixa a <strong>de</strong>sejar, levando a um<br />

“isolamento do público leitor em geral, e o risco <strong>de</strong> má recepção <strong>de</strong> mensagem” (MEIHY<br />

1998, P.66). Ora, se uma <strong>da</strong>s propostas <strong>da</strong> história oral enquanto metodologia, é uma<br />

aproximação concreta entre aca<strong>de</strong>mia e comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, como apresentar um trabalho difícil <strong>de</strong><br />

ser apreciado pelo leitor em geral? Além do mais, a apresentação dos discursos em<br />

fragmentos, po<strong>de</strong> retirar <strong>da</strong>s narrativas a força e a vitali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Concor<strong>da</strong>ndo com Fonseca (1997, p.16) <strong>de</strong> que “essas narrativas, registra<strong>da</strong>s, recria<strong>da</strong>s<br />

e transforma<strong>da</strong>s em documentos escritos, conservarão sua força e, por muito tempo, serão<br />

objeto <strong>de</strong> inúmeras interpretações”, <strong>de</strong>cidi que as narrativas <strong>da</strong>s colaboradoras seriam<br />

manti<strong>da</strong>s na íntegra a partir <strong>da</strong> minha participação enquanto pesquisadora, recriando e<br />

“iluminando-as”, a partir <strong>da</strong> riqueza <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes que significaram os meus encontros com as<br />

colaboradoras.<br />

Tomando como apoio os pressupostos colocados por Meihy (1998) quanto à transcrição<br />

e apresentação <strong>da</strong>s entrevistas, como primeira etapa realizei a transcrição literal <strong>da</strong>s narrativas<br />

tal como foram grava<strong>da</strong>s. Na segun<strong>da</strong> etapa fiz o que o autor chama <strong>de</strong> textualização, ou seja,<br />

passando a narrativa para a primeira pessoa, suprimindo as perguntas <strong>da</strong>/o entrevistadora/or,<br />

<strong>da</strong>ndo o “tom” <strong>da</strong> narrativa a partir <strong>de</strong> uma frase que tenha sido <strong>de</strong>staque durante a entrevista<br />

e a transcrição na íntegra. Na terceira etapa, a transcriação, “há uma interferência do autor no<br />

texto”, mas com a legitimação <strong>da</strong> colaboradora. Desta maneira, conforme nos diz o autor:<br />

Editar uma entrevista eqüivale a tirar os an<strong>da</strong>imes <strong>de</strong> uma construção quando esta<br />

fica pronta. Com isso, a primeira tradição quebra<strong>da</strong> é a do mito <strong>de</strong> que a transcrição<br />

<strong>de</strong> palavra por palavra correspon<strong>de</strong>ria à reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> narrativa. Porque uma gravação<br />

não abriga lágrimas, pausas significativas, gestos, o contexto do ambiente, é<br />

impossível pensar que a mera transcrição traduza tudo que se passou na situação do<br />

encontro. Além do mais, há as entonações e as palavras <strong>de</strong> duplo sentido (MEIHY,<br />

1998, p.66).<br />

Nesta etapa <strong>de</strong> transcriação, no caso específico <strong>de</strong>sse estudo, optei por apresentá-la em<br />

duas partes, à exemplo do trabalho <strong>de</strong> Bourdieu (2001), A Miséria do Mundo, em que<br />

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