memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC
memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC
memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
principais pontos <strong>da</strong> crítica feminista à ciência conforme encontrado em (RAGO,1998 p.25)<br />
<strong>de</strong> que:<br />
[...]os principais pontos <strong>da</strong> crítica feminista à ciência inci<strong>de</strong>m na <strong>de</strong>núncia <strong>de</strong> seu<br />
caráter particularista, i<strong>de</strong>ológico, racista e sexista: o saber oci<strong>de</strong>ntal opera no interior<br />
<strong>da</strong> lógica <strong>da</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>, valendo-se <strong>de</strong> categorias reflexivas incapazes <strong>de</strong> pensar as<br />
diferenças. [...] as práticas masculinas são mais valoriza<strong>da</strong>s e hierarquiza<strong>da</strong>s em<br />
relação às femininas, o mundo privado sendo consi<strong>de</strong>rado <strong>de</strong> menor importância<br />
frente a esfera pública. (grifos meus)<br />
A partir <strong>de</strong>sta linha <strong>de</strong> raciocínio, po<strong>de</strong>mos inferir que, embora as contribuições <strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />
pelo Ministério <strong>da</strong> Saú<strong>de</strong> no sentido <strong>de</strong> propor estratégias <strong>de</strong> “humanizar” o parto sejam muito<br />
importantes, não alcançarão o impacto <strong>de</strong>sejado se não houver reflexões do significado <strong>da</strong>s<br />
relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que se dão durante o parto especialmente quando realizados nos hospitais.<br />
Essas instituições estão atravessa<strong>da</strong>s por relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que emergem <strong>da</strong>s diferenças<br />
percebi<strong>da</strong>s não só <strong>de</strong> gênero, mas também <strong>de</strong> classe e do saber enquanto mecanismo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.<br />
Para a enfermagem então penso que essas reflexões são muito proce<strong>de</strong>ntes e po<strong>de</strong>m emergir<br />
<strong>da</strong>s mesmas novas formas <strong>de</strong> inserção do cui<strong>da</strong>do durante o parto e nascimento.<br />
Padilha et. al. (1998) em estudo que analisa trabalhos apresentados nos Congressos<br />
Brasileiros <strong>de</strong> Enfermagem a partir <strong>de</strong> uma ótica <strong>de</strong> gênero, problematiza a substituição do<br />
termo enfermeira por enfermeiro <strong>de</strong>monstrando que existe uma tendência à negação do<br />
feminino nos discursos <strong>da</strong>s enfermeiras, e o peso <strong>de</strong>ssa situação se nos <strong>de</strong>tivermos na análise<br />
<strong>da</strong> linguagem enquanto “produtora” dos lugares dos sujeitos. Assim, ela nos diz que:<br />
Enfermeiras se auto<strong>de</strong>nominam enfermeiros, professoras se auto<strong>de</strong>nominam<br />
professores e alunas se auto<strong>de</strong>nominam alunos. Pouco a pouco a partir <strong>da</strong> reforma<br />
universitária, a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> profissional feminina foi transferi<strong>da</strong> para o gênero<br />
masculino pelas próprias Enfermeiras [...], e que “Esta discussão permite questionar<br />
qual o conteúdo cultural que está sendo neutralizado com a negação do sexo<br />
feminino nos discursos, lembrando sempre que as palavras que vão sendo<br />
introduzi<strong>da</strong>s no cotidiano expressam novos significados para os grupos e,<br />
consequentemente, novas configurações <strong>de</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>”. (PADILHA et al.,1998, p.52)<br />
Estudos mais recentes baseados no Pós Estruturalismo e Estudos Culturais também<br />
evi<strong>de</strong>nciam a importância <strong>da</strong> construção <strong>de</strong> uma pe<strong>da</strong>gogia feminista na educação em<br />
Enfermagem como uma maneira <strong>de</strong> “empo<strong>de</strong>ramento” <strong>de</strong> alunas/os e clientes com a vistas a<br />
mu<strong>da</strong>r os rumos <strong>da</strong>s políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, e mesmo “quebrar” as formas tradicionais <strong>de</strong><br />
educação em enfermagem. O estudo que apresenta uma contribuição a essa discussão é <strong>da</strong><br />
norte americana Weyenberg que diz:<br />
37