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memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC

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lá, vamos lá em casa, então eu tirava um bocado <strong>da</strong>quelas<br />

coisas, um pouco <strong>de</strong> um, um pouco <strong>de</strong> outro, e man<strong>da</strong>va para a<br />

casa <strong>da</strong>s parturientes. Quantas vezes eu tirava do meu leite,<br />

<strong>da</strong>s minhas bolachas para man<strong>da</strong>r para a mulher comer porque não<br />

tinha na<strong>da</strong> para comer <strong>de</strong>pois do parto um lanchezinho, na<strong>da</strong>,<br />

pobreza <strong>de</strong>mais! Mas Deus é bom <strong>de</strong>mais, me abençoou, nunca<br />

<strong>de</strong>itei numa cama hospitalar, nunca fiquei doente.<br />

E em mil novecentos e cinquenta e um quando abriu em<br />

Pirapora o hospital <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção SESP eu já estava lá <strong>de</strong>ntro!<br />

Aí começou to<strong>da</strong> aquela movimentação na saú<strong>de</strong> <strong>da</strong>qui: tinha uma<br />

supervisora do Rio, aliás eram várias <strong>de</strong>las que vinham do Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro: D. Emengar<strong>da</strong>, Maria Alice, eram muitas, eu nem me<br />

lembro mais. Mas o Hospital, novinho que <strong>da</strong>va gosto: cama<br />

nova, rouparia nova, tudo bonito, tudo limpinho. Foi<br />

inaugurado em 12 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>de</strong> mil novecentos e cinqüenta e<br />

um.(1951). E aí trabalhei no SESP nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Enfermeira, mas continuei a fazer os partos no hospital.<br />

Chegaram médicos novos e em poucos meses já conheciam a gente,<br />

sabiam quem éramos, então eles nem faziam mais partos, só se<br />

tivesse problema a gente chamava o médico mesmo no hospital. E<br />

fizemos muito parto! Primeiro eram só as enfermeiras como eu<br />

que faziam, <strong>de</strong>pois com o tempo as meninas que fizeram o curso<br />

<strong>de</strong> aten<strong>de</strong>nte passaram a fazer parto. Aí fizeram concurso e<br />

passaram a auxiliar <strong>de</strong> enfermagem. Porque na ver<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

enfermeiras eram muito poucas, eram essas que vinham <strong>de</strong> lá, do<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Nós <strong>de</strong>mos muitos cursos para as aten<strong>de</strong>ntes aqui: quando<br />

elas estavam fazendo curso o curso, vinham várias <strong>de</strong>las,<br />

enfermeiras do Rio, para <strong>da</strong>r aulas no curso. Eram cursos até<br />

bem extensos, não sei se seis ou oito meses. Tem aí a Maria<br />

Raimun<strong>da</strong>, a Leontina que fizeram o curso. Essas fizeram aqui<br />

no SESP, porque o SESP <strong>da</strong>va curso <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>nte, e esse curso<br />

era curso pesado. Aqui foi campo <strong>de</strong> estágio <strong>de</strong> enfermagem, <strong>da</strong>s<br />

enfermeiras que vinham. <strong>de</strong> fora <strong>de</strong> curso superior, mas essas<br />

meninas (as que faziam curso <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>nte) sabiam muito mais<br />

do que elas que vinham lá <strong>de</strong> cima, tinham uma teoria<br />

superficial, prática nenhuma. A gente é que ficava aju<strong>da</strong>ndo<br />

<strong>da</strong>qui e <strong>da</strong>li, porque aqui era “pau que rolava” era tudo com a<br />

enfermagem: se chegasse com um braço quebrado quem tinha que<br />

fazer a imobilização era a enfermagem até o médico chegar,<br />

todo tipo <strong>de</strong> curativo, suturas tudo mesmo.<br />

Eu aprendi muito o trabalho domiciliar na escola, quando<br />

ain<strong>da</strong> era aluna. Na escola ensinavam a enfermeira a extrair<br />

<strong>de</strong>ntes. Eu <strong>da</strong> turma, fui a que mais fiz parto e a que mais<br />

extrai <strong>de</strong>nte, porque eles me acharam com cara não sei <strong>de</strong> quê,<br />

sabe. Pois então aprendi a tirar <strong>de</strong>nte. E tirei foi <strong>de</strong>nte aqui<br />

<strong>de</strong>ssa Pirapora! Foi muito! Ganhei um jogo <strong>de</strong> boticões, aqueles<br />

boticões antigos, bons, pesados, gostoso pra se tirar <strong>de</strong>nte<br />

não é? Quando eu entrei para o SESP <strong>de</strong>i para o Sidnei, se não<br />

jogou fora está lá, completo, o jogo completo. Eu pedia<br />

material <strong>de</strong> anestesia, <strong>de</strong> uma farmácia em Belo Horizonte, <strong>de</strong><br />

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