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memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC

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Sob essa perspectiva, busco manter as narrativas <strong>da</strong>s colaboradoras com to<strong>da</strong> a sua<br />

força, digamos até, dramática, mas com um olhar a partir <strong>da</strong>s relações <strong>de</strong> gênero que <strong>de</strong> certa<br />

maneira dão “o tom” a um fazer eminentemente feminino quando exercido por não médicos.<br />

Então, para analisar o significado <strong>de</strong> “ser parteira” tracei algumas dimensões pertinentes a<br />

partir <strong>da</strong>s narrativas, capazes <strong>de</strong> <strong>da</strong>r suporte à problematização proposta para esse estudo, e<br />

que eu chamei <strong>de</strong> “Lugares <strong>de</strong> Significados” que são: o perfil <strong>da</strong>s mulheres colaboradoras;<br />

como partejavam; on<strong>de</strong> partejavam; o cui<strong>da</strong>do, a humanização e a ética; a vocação,<br />

enten<strong>de</strong>ndo que a análise <strong>de</strong>ssas dimensões aproximam-se do que se chama hoje<br />

“humanização do parto”. A análise <strong>de</strong>ssas dimensões são proce<strong>de</strong>ntes na medi<strong>da</strong> em que elas<br />

vão lançar luzes à problematização e aos objetivos propostos para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um<br />

trabalho acadêmico, no caso aqui a dissertação <strong>de</strong> mestrado, sem contudo anular e encobrir a<br />

força <strong>da</strong>s narrativas.<br />

É válido dizer que visto sob esse prisma, <strong>de</strong>ixa-se <strong>de</strong> maneira mais contun<strong>de</strong>nte, falar as<br />

singulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um contexto social mais amplo. A noção <strong>de</strong> categoria <strong>de</strong> certa<br />

maneira per<strong>de</strong> o sentido: não existe a categoria <strong>de</strong> <strong>parteiras</strong> e sim <strong>parteiras</strong> diversas compondo<br />

um emaranhado <strong>de</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntro do contexto histórico social <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> no Brasil. A<br />

afirmação <strong>de</strong> Terto Jr. aproxima-se <strong>de</strong>stas colocações quando diz que:<br />

3.4 Quem são estas mulheres?<br />

As histórias <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> não produzem resultados <strong>de</strong>finitivos e <strong>de</strong>scobertas científicas<br />

que outros métodos não possam aportar. Os resultados obtidos através <strong>de</strong> histórias<br />

<strong>de</strong> vi<strong>da</strong> também não oferecem a mesma possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> objetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

comparabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, mas nem por isso se afastam do empreendimento científico, já que<br />

permitem aprofun<strong>da</strong>r e relativizar as <strong>de</strong>scobertas, conclusões e resultados <strong>de</strong> outros<br />

métodos, inclusive trazendo novas questões e variáveis <strong>de</strong> interesse para o<br />

conhecimento (TERTO JR.,2000, p.8)<br />

Aqui <strong>de</strong>screvo to<strong>da</strong> a trajetória <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> durante essa pesquisa, reafirmando que<br />

esta pesquisa esta intimamente liga<strong>da</strong> à minha trajetória profissional e pessoal na medi<strong>da</strong> em<br />

que há um envolvimento político-afetivo que norteia a minha visão <strong>de</strong> mundo.<br />

Entretanto, quero <strong>de</strong>ixar claro que esta postura <strong>da</strong> minha parte não leva a uma<br />

interpretação ingênua e romântica dos fazeres <strong>da</strong>s mulheres que colaboraram na pesquisa, mas<br />

a uma interação capaz <strong>de</strong> fazer fluir com mais leveza uma proposta <strong>de</strong>ssa natureza. Aqui<br />

acrescento que o fato <strong>de</strong> eu ser enfermeira em muito favoreceu a aproximação e as entrevistas<br />

com as colaboradoras. Bourdieu (2001, p. 697) diz que “A proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> social e a<br />

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