13.06.2013 Views

memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC

memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC

memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

tinham. As mais velhas não sei, porque a dona Florentina ⊗ <strong>de</strong><br />

Biguaçu, era uma parteira chama<strong>da</strong> para aten<strong>de</strong>r em casa. Ela<br />

dizia que ia <strong>de</strong> madruga<strong>da</strong>, às vezes <strong>de</strong> bicicleta, às vezes ia<br />

até à cavalo, carro <strong>de</strong> mão ou <strong>de</strong> boi, vinha gente buscar,<br />

muitas vezes o marido. Então ela fazia muitos partos em casa,<br />

mas eu nunca atendi em casa.<br />

Eu fiz um curso para apren<strong>de</strong>r mais obstetrícia. Quem <strong>da</strong>va<br />

o curso era uma empresa (CEDREL), acho que <strong>de</strong>morou uns seis<br />

meses. Todos os médicos <strong>da</strong> materni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>vam aulas para nós.<br />

Era o Dr. Nazareno, Dr. Jorge porque lá todos eram obstetras.<br />

Ca<strong>da</strong> um <strong>da</strong>va sobre uma matéria, às vezes passavam ví<strong>de</strong>os, tudo<br />

para que a gente apren<strong>de</strong>sse melhor. E também enfermeira <strong>de</strong><br />

facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>va aulas para nós, para especializar mais. Era<br />

mais teoria sobre a dilatação, sobre contração, musculatura. E<br />

sobre assepsia também, cui<strong>da</strong>dos para não contaminar. Agora<br />

aprendia muito sobre quantas semanas, meses, para que a gente<br />

apren<strong>de</strong>sse a avaliar quantos meses estava faltava para a<br />

mulher <strong>da</strong>r à luz. Mas no fundo no fundo é a prática que vale,<br />

a gente só em botar a mão na barriga <strong>da</strong> mãe já notava ali<br />

quanto tempo faltava. Quando estava muito baixinho a gente via<br />

que já estava quase na hora <strong>de</strong> nascer. Naquele tempo não tinha<br />

ultra-sonografia. Trabalhava na materni<strong>da</strong><strong>de</strong> quando surgiu a<br />

ultra-sonografia.<br />

Era mais parto normal e a gente fazia praticamente todos,<br />

cesariana só em último caso. Mas <strong>de</strong>pois <strong>da</strong>va muita eletiva,<br />

muita cesárea assim que já era marca<strong>da</strong>, aquela coisa. A gente<br />

tentava por todo meio fazer parto normal, mas quando começava<br />

o sofrimento <strong>da</strong> criança, via que a mãe também estava com<br />

sofrimento, ou então uma pressão alta, ou hemorragia,<br />

<strong>de</strong>scolamento <strong>de</strong> placenta, essas coisas era uma cesariana. Aí<br />

não tinha nem como: a paciente chegava, a gente examinava, às<br />

vezes ali a gente já via que não ia <strong>da</strong>r parto normal. Então<br />

chamava o médico que estava <strong>de</strong> plantão, o médico vinha e<br />

man<strong>da</strong>va que levasse para o centro cirúrgico direto para fazer<br />

cesárea. E às vezes tinha o batimento fraquinho, <strong>de</strong> neném,<br />

aquela coisa, a gente controlava no pré-parto, quando a gente<br />

via que o negócio estava ruim mesmo a gente comunicava com o<br />

médico. Então ali a gente fazia controle do neném, controle <strong>da</strong><br />

mãe[...]A paciente chegava, a gente examinava, via como estava<br />

a dilatação e se já estivesse ganhando a gente já levava para<br />

a mesa <strong>de</strong> parto direto. Para internar era com uns 5cm <strong>de</strong><br />

dilatação senão teria <strong>de</strong> voltar pra casa. A gente já tinha uma<br />

experiência muito boa, no que tocava já via que aquele colo<br />

ali ia evoluir rápido para um trabalho <strong>de</strong> parto, então é<br />

lógico que com 4 cm não se man<strong>da</strong>va pra casa. Mas quando já<br />

notava que ia <strong>de</strong>morar, o primeiro. neném até 4 cm <strong>de</strong> dilatação<br />

man<strong>da</strong>va para casa que ia <strong>de</strong>morar. Então é o que eu digo. Não<br />

precisava ter muito estudo. A gente com a prática apren<strong>de</strong><br />

mais, sabe mais coisa com a prática. Num toque ali a gente já<br />

⊗ D. Florentina era parteira forma<strong>da</strong> no curso <strong>da</strong> Materni<strong>da</strong><strong>de</strong> Carlos Corrêa no final dos anos quarenta.<br />

67

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!