memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC
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chatea<strong>da</strong>s porque fizeram uma homenagem e se esqueceram <strong>de</strong> Dona<br />
Oliveira. Era para <strong>da</strong>r nome a um centro <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, e colocaram<br />
o nome <strong>de</strong> uma enfermeira que pouco fez por aqui, ficou muito<br />
pouco tempo, e nunca fez na<strong>da</strong> em benefício <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Esqueceram <strong>da</strong> D. Oliveira e nós protestamos e contestamos!<br />
Colocaram o nome <strong>da</strong> tia do Dr. Roberto, eu não sou contra a<br />
tia do Dr. Roberto, dizem que ela é muito importante na saú<strong>de</strong><br />
e faz muito pela enfermagem, só que a D. Oliveira foi uma <strong>da</strong>s<br />
primeiras enfermeiras <strong>de</strong> Pirapora., e <strong>de</strong>dicou uma vi<strong>da</strong> inteira<br />
ao povo <strong>da</strong>qui. Ela tem oitenta e poucos anos atualmente.<br />
Depois trabalhou anos no Hospital do SESP.<br />
No hospital o cui<strong>da</strong>do com a gestante era intenso, muito<br />
intenso mesmo! É <strong>de</strong> muita responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. A partir do<br />
momento que chegava uma gestante ali eu continuava fazendo os<br />
meus cui<strong>da</strong>dos comuns lá com as puérperas, mas ficava atenta<br />
com quem chegava. Ficava olhando os batimentos, <strong>de</strong> quinze em<br />
quinze minutos, se estava evoluindo, se não estava evoluindo,<br />
se estavam firmes os batimentos, se caiu, se subiu, se está<br />
per<strong>de</strong>ndo líquido aminiótico, como estão as contrações, enfim<br />
to<strong>da</strong>s as coisas importantes. O cui<strong>da</strong>do era <strong>de</strong> uma maneira<br />
geral. E o meu sistema com elas, o que eu usava era assim: oh<br />
gente, vamos levantar, vamos <strong>de</strong>ambular, vamos tomar um<br />
banhozinho morno para estimular. Então a gente saía com ela<br />
ro<strong>da</strong>ndo, an<strong>da</strong>ndo, conversando bastante. Com contração elas<br />
diziam: Eu não agüento, está doendo. Então sentava com elas e<br />
explicava: a dor é assim mesmo, a gente faz a dor do tamanho<br />
que a gente quer. Eu sempre usava essa expressão, não sei se é<br />
correta, eu falava assim: a gente faz a dor do tamanho que a<br />
gente quer. Você está gritando, por quê você está gritando?<br />
Porque muitas chegavam gritando, e se você fosse fazer uma<br />
análise, ficar ali junto, estar lá com ela, <strong>da</strong>ndo uma <strong>de</strong><br />
psicóloga, você ia <strong>de</strong>scobrindo os medos, a razão <strong>de</strong> tanta<br />
gritaria; oh, a criança não tem pai, ah! eu sou separa<strong>da</strong>,<br />
problemas <strong>de</strong>mais em casa. Então é o fator psicológico, então<br />
você tinha que aju<strong>da</strong>r, você tinha que fazer aquele papel <strong>de</strong><br />
doutor sem ser, e aquela parte psicológica que é muito<br />
importante para a paciente. O preparo psicológico é a base<br />
fun<strong>da</strong>mental, você preparar a pessoa, você mostrar o caminho.<br />
Inclusive hoje uma gran<strong>de</strong> dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> é com a mãe adolescente,<br />
então nós temos aqui a casa <strong>da</strong>s mães adolescentes, aquele<br />
preparo que faz, aquele carinho. Antigamente não tinha não,<br />
nós auxiliares é que fazíamos esse preparo. Trabalhar em<br />
obstetrícia requer vocação, <strong>de</strong>dicação, porque se não tiver<br />
vocação, na<strong>da</strong> feito. Inclusive a gente prejudica o próprio<br />
paciente. Tem que ter vocação, tem que gostar. Na<strong>da</strong> po<strong>de</strong> ser<br />
obrigado, tem gente que tem mais jeito para trabalhar na parte<br />
<strong>de</strong> ambulatório, outros só o banho <strong>de</strong> leito, outros pegar na<br />
massa mesmo. Então obstetrícia é uma caixinha <strong>de</strong> segredo,<br />
ninguém sabe tudo não, se alguém falar com você que é a melhor<br />
parteira eu digo: é mentira! Porque não tem ninguém bom em<br />
obstetrícia, porque a obstetrícia ca<strong>da</strong> dia que você faz você<br />
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