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memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC

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132<br />

Nossas inquietações estão contempla<strong>da</strong>s no interior <strong>da</strong>s narrativas. Muitas outras<br />

questões que não foram levanta<strong>da</strong>s estão <strong>de</strong>scritas <strong>de</strong> forma espontânea e aberta,<br />

abrindo possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> análise em diversos campos <strong>de</strong> estudo. Isso enriquece, mas<br />

não satisfaz os propósitos <strong>de</strong>sse trabalho que, coerentemente com seu percurso,<br />

exigem a retoma<strong>da</strong> <strong>da</strong>s questões norteadoras, uma nova leitura interpretativa <strong>de</strong><br />

algumas dimensões do que é ser professor <strong>de</strong> história em nosso país. Trata-se <strong>de</strong><br />

uma interpretação possível, justifica<strong>da</strong> pela própria experiência, mas não significa<br />

uma pretensão limitadora <strong>de</strong> outras conclusões. Aí resi<strong>de</strong>m a força e o caráter<br />

<strong>de</strong>mocrático <strong>da</strong> história oral. (FONSECA , 1997, p. 181-182)<br />

No presente capítulo, à exemplo <strong>da</strong> citação coloca<strong>da</strong> acima, as inquietações permeiam<br />

todo o <strong>de</strong>senrolar <strong>da</strong>s narrativas. Extrapola muitas vezes à problematização proposta nesse<br />

estudo porque procurou respeitar e <strong>de</strong>ixar fluir a singulari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> colaboradora: sua<br />

maneira <strong>de</strong> narrar, seu tempo, sua maneira <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r e viver um contexto profissional. A<br />

partir <strong>de</strong> então procura analisar essas narrativas buscando respon<strong>de</strong>r aos objetivos propostos<br />

para esse estudo; tenta eluci<strong>da</strong>r alguns pontos obscuros que permeiam o imaginário <strong>da</strong>s<br />

pessoas com relação à parteira, suscitar questionamentos e oferecer subsídios que possam<br />

contribuir com novos estudos sobre essa temática.<br />

Neste sentido, apresento as dimensões construí<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong> análise <strong>da</strong>s narrativas,<br />

capazes <strong>de</strong> <strong>da</strong>r suporte à problematização proposta para esse estudo, e que eu chamei <strong>de</strong><br />

“Lugares <strong>de</strong> Significados” que são: o perfil <strong>da</strong>s mulheres colaboradoras; como partejavam;<br />

on<strong>de</strong> partejavam; o cui<strong>da</strong>do, a humanização e a ética: a vocação.<br />

5.1 O perfil <strong>da</strong>s <strong>parteiras</strong> entrevista<strong>da</strong>s<br />

Elas nasceram entre mil novecentos e <strong>de</strong>zesseis (1916), e mil novecentos e quarenta e<br />

oito (1948). Exerceram suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s profissionais entre as déca<strong>da</strong>s <strong>de</strong> quarenta e déca<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

oitenta, à exceção <strong>de</strong> Cardoso em Pirapora e Tereza em Jequitaí, que ain<strong>da</strong> exercem<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sem contudo realizarem partos. Tereza afirmou ter feito partos até<br />

início do ano dois mil e atribui a proibição <strong>de</strong> que ela continue a faze-los a uma <strong>de</strong>cisão local<br />

<strong>da</strong> atual secretária <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Apesar <strong>da</strong> distância geográfica entre elas, compartilham alguns aspectos <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>: são<br />

mulheres que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância acostumaram-se a trabalhar por pertencerem a cama<strong>da</strong>s sócio<br />

econômicas menos privilegia<strong>da</strong>s. Quase to<strong>da</strong>s são oriun<strong>da</strong>s <strong>da</strong> zona rural ou <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

baixa <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> populacional. Mesmo Florianópolis capital <strong>de</strong> Estado, terra natal <strong>de</strong> Eunice,<br />

nos anos sessenta encontrava-se entre as três capitais mais pobres do país (BORENSTEIN,<br />

2000). As dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> transporte e <strong>de</strong> recursos para o atendimento <strong>da</strong>s clientes à época,

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