memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC
memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC
memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>de</strong>snecessárias e suas conseqüências tais como: complicações anestésicas, aci<strong>de</strong>ntes<br />
hemorrágicos, infecções, prematuri<strong>da</strong><strong>de</strong>” (IBAM, 1996, p.53)<br />
É possível confirmar a atuali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos <strong>da</strong>dos acima mencionados pelos números<br />
apresentados pelo Ministro <strong>da</strong> Saú<strong>de</strong> José Serra em artigo publicado no ca<strong>de</strong>rno opinião Folha<br />
<strong>de</strong> São Paulo (4/6/2000): “[...]o índice <strong>de</strong> morbi-mortali<strong>da</strong><strong>de</strong> materna no país chegou a 30 mil<br />
óbitos em cem mil em 1998. [...] O recurso abusivo à cesariana agrava o problema, pois,<br />
acredite, aumenta o risco <strong>de</strong> morte <strong>da</strong> mãe em sete vezes e em três vezes o dos recém-<br />
nascidos”, e continuando sua argumentação diz que apesar <strong>da</strong>s políticas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />
implementa<strong>da</strong>s no setor nos últimos anos para reverter essa grave situação ain<strong>da</strong> estamos<br />
aquém do <strong>de</strong>sejável porque:<br />
[...]ain<strong>da</strong> estamos longe <strong>de</strong> uma situação perfeitamente <strong>de</strong>cente na área <strong>da</strong><br />
materni<strong>da</strong><strong>de</strong>. [...] Há também, ain<strong>da</strong>, muita perambulação <strong>de</strong> mulheres em busca <strong>de</strong><br />
vagas no momento do parto, além <strong>de</strong> muita falta <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ração e <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za nas<br />
horas anteriores ao parto, durante seu transcorrer e logo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>le. E, afinal <strong>de</strong><br />
contas, a mortali<strong>da</strong><strong>de</strong> materna é ain<strong>da</strong> muito alta”. Serra (FOLHA DE S. PAULO,<br />
4/6/2000)<br />
Assim, o Ministério <strong>da</strong> Saú<strong>de</strong> torna prioritário o Programa <strong>de</strong> Humanização do Parto<br />
com o Projeto Materni<strong>da</strong><strong>de</strong> Segura, que a meu ver por si só não apresenta modificações<br />
concretas na inversão <strong>de</strong>ste quadro, uma vez que não contempla nas instituições formadoras<br />
dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> uma abor<strong>da</strong>gem que <strong>de</strong>svele a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> sócio cultural do país <strong>de</strong><br />
maneira concreta. Valla e Siqueira apontam nesta direção quando dizem:<br />
A questão socioeconômica é percebi<strong>da</strong> pelo médico como um dos fatores que atuam no<br />
processo saú<strong>de</strong>-doença, mas <strong>de</strong> forma fragmenta<strong>da</strong>. Tal fato o impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> perceber este<br />
processo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma totali<strong>da</strong><strong>de</strong>. A dinâmica <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>saparece <strong>da</strong>ndo lugar a um<br />
mo<strong>de</strong>lo estático <strong>de</strong> interpretação <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> social. Para ele, as classes populares reagem <strong>da</strong><br />
mesma forma, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do contexto histórico em que estão inseri<strong>da</strong>s. [...] Resta-<br />
lhe, então, como alternativa retomar o mo<strong>de</strong>lo biologicista, único espaço possível <strong>de</strong>sta<br />
relação”. (VALLA; SIQUEIRA, 1995, P.98)<br />
A revista Época trouxe uma bela matéria sobre as <strong>parteiras</strong> <strong>da</strong> floresta mostrando<br />
números que apontam em outra direção, como é o caso do Estado do Amapá, em “que quase<br />
90% <strong>da</strong> população do Amapá, composta por menos <strong>de</strong> meio milhão <strong>de</strong> habitantes, chega ao<br />
mundo pelas mãos <strong>de</strong> 752 “pegadoras <strong>de</strong> menino”. Campeão no Brasil em partos normais e<br />
ostentando o segundo mais baixo índice <strong>de</strong> mortali<strong>da</strong><strong>de</strong> infantil, o Estado fez do nascimento<br />
tradicional uma política pública” Ain<strong>da</strong> nessa matéria há uma confirmação dos números <strong>de</strong><br />
17