13.06.2013 Views

memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC

memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC

memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

enfermagem. As enfermeiras <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção SESP tiveram gran<strong>de</strong> envolvimento no<br />

treinamento <strong>de</strong> <strong>parteiras</strong> no norte <strong>de</strong> Minas durante vários anos;<br />

Chamo a atenção para a invisibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do trabalho feminino traduzido em baixos<br />

salários e pouco reconhecimento institucional, uma vez que mesmo sob a tutela<br />

médica nos hospitais e materni<strong>da</strong><strong>de</strong>s são as mulheres que continuam a partejar.;<br />

As relações <strong>de</strong> gênero que se dão na cena <strong>de</strong> parto permeiam to<strong>da</strong>s as narrativas,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a confirmação <strong>de</strong> que “parto é lugar <strong>de</strong> mulher” só sendo permiti<strong>da</strong> e aceita a<br />

presença masculina quando este é médico, que representa o saber científico, no<br />

imaginário, superior ao <strong>da</strong>s <strong>parteiras</strong>. Esse imaginário, conforme foi possível<br />

apreen<strong>de</strong>r <strong>da</strong>s narrativas e análise <strong>de</strong> alguns estudos teóricos só foi possível pela<br />

transformação e crença <strong>de</strong> que o parto é patológico, passível <strong>de</strong> inúmeras<br />

intercorrências muito perigosas, o que justificaria o intervencionismo médico e a<br />

hospitalização;<br />

Há uma proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> enorme entre o conceito <strong>de</strong> humanização do parto atualmente, e<br />

os conceitos sobre o cui<strong>da</strong>do, estando esse vinculado a uma cultura feminina, on<strong>de</strong><br />

evi<strong>de</strong>ncia-se a dicotomia entre público e privado, inserindo o cui<strong>da</strong>do no espaço<br />

privado doméstico e <strong>de</strong>svalorizado. Entretanto, apesar <strong>da</strong>s <strong>parteiras</strong> realizarem<br />

cui<strong>da</strong>dos muito “femininos” e domésticos quando realizavam partos domiciliares, o<br />

reconhecimento por parte <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> era maior, bem como a autonomia e o nível<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão sobre o que fazer durante os partos. No hospital a centrali<strong>da</strong><strong>de</strong> gira em<br />

torno dos procedimentos médicos, não sendo um espaço que permita margem ao<br />

cui<strong>da</strong>do <strong>de</strong> maneira mais solidária entre as mulheres. Penso que esse é um gran<strong>de</strong><br />

ponto em que as <strong>parteiras</strong> po<strong>de</strong>m contribuir na discussão em torno <strong>da</strong> humanização<br />

do parto, ao mesmo tempo que acredito que as instituições hospitalares <strong>de</strong>vem ser re-<br />

vistas com olhares mais críticos no sentido <strong>de</strong> <strong>de</strong>svelar as relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que aí se<br />

dão. Então é fun<strong>da</strong>mental que se encare o cui<strong>da</strong>do como um fato político que está<br />

inserido <strong>de</strong> maneira diferente em ca<strong>da</strong> cultura, e a quem interessa que se mantenham<br />

as mesmas relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r no hospital como locus privilegiado do cui<strong>da</strong>do durante<br />

o parto e nascimento;<br />

Os aspectos éticos ligados ao cui<strong>da</strong>do e à humanização <strong>de</strong>vem ser uma <strong>da</strong>s premissas<br />

básicas para que o atendimento às mulheres tenham realmente quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, e as/os<br />

cui<strong>da</strong>doras/es possam ter prazer em cui<strong>da</strong>r. Penso que aqui as escolas formadoras <strong>de</strong><br />

recursos humanos para a saú<strong>de</strong> têm um papel fun<strong>da</strong>mental na medi<strong>da</strong> em que<br />

160

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!