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memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC

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pois D. Army já havia falado por telefone à sua antiga amiga que estava <strong>de</strong>sejosa <strong>de</strong> saborear<br />

um certo prato alemão <strong>de</strong> que me esqueci o nome.<br />

Com o rico material que eu já tinha em mãos po<strong>de</strong>ria talvez encerrar as entrevistas, mas<br />

havia um certo problema mais <strong>de</strong> cunho pessoal que metodológico: ter um vínculo político<br />

afetivo com a região norte <strong>de</strong> Minas! Assim, a minha proposta inicial <strong>de</strong> historicizar os<br />

fazeres <strong>de</strong> mulheres <strong>de</strong>ssa região não se concretizava. Além do mais já havia uma parteira <strong>da</strong><br />

região que queria muito entrevistar (D. Tereza <strong>de</strong> Jequitaí), e uma auxiliar <strong>de</strong> Enfermagem do<br />

Hospital Municipal <strong>de</strong> Pirapora, D. Cardoso, que muito me chamou a atenção por seu<br />

<strong>de</strong>sempenho em obstetrícia quando lá trabalhei em 1998.<br />

Voltei ao norte do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais em novembro. Fiz contato com D. Cardoso<br />

por telefone, e através <strong>de</strong> Orlene, enfermeira <strong>de</strong>lega<strong>da</strong> do COREn/MG em Montes Claros,<br />

consegui também o telefone <strong>de</strong> D. Tereza em Jequitaí e marcamos a entrevista. No dia 13 <strong>de</strong><br />

novembro <strong>de</strong> 2001, sob um calor escal<strong>da</strong>nte minimizado pela chuva forte que caía na região<br />

saí <strong>de</strong> Montes Claros em direção a Jequitaí, para realizar a entrevista marca<strong>da</strong> para as 14<br />

horas. Saber o en<strong>de</strong>reço <strong>de</strong> D. Tereza para chegar até sua casa? Não era necessário. To<strong>da</strong>s as<br />

pessoas lá sabem on<strong>de</strong> ela mora[...]<br />

A entrevista com D. Cardoso foi realiza<strong>da</strong> no dia 14 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2001 às <strong>de</strong>zessete<br />

horas em sua casa na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Pirapora conforme havíamos combinado. Mas aí a gran<strong>de</strong><br />

surpresa: morava na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> D. Oliveira, uma enfermeira, a primeira do antigo hospital do<br />

Serviço Especial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública (SESP) e que fez inúmeros partos domiciliares na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

na região. E ao término <strong>da</strong> entrevista com Cardoso, lá fomos nós falar com ela. Marcar a<br />

entrevista para o outro dia? Mas por quê se eu já estava lá! Entre doces caseiros<br />

<strong>de</strong>senrolaram-se as conversas: do doce <strong>de</strong> limão <strong>de</strong> D. Tuquinha ao <strong>de</strong> laranja <strong>da</strong> terra feito<br />

com melado <strong>de</strong> D. Oliveira, não me esquecendo <strong>de</strong> mencionar a preciosi<strong>da</strong><strong>de</strong> que é o doce <strong>de</strong><br />

caju feito por D. Tereza com os cajus colhidos no seu quintal. E soma<strong>da</strong>s às entrevistas estão<br />

as cartas manuscritas. Sim porque em virtu<strong>de</strong> <strong>da</strong> distância muitos <strong>de</strong>talhes foram acertados<br />

entre nós por carta, inclusive a verificação <strong>da</strong> re<strong>da</strong>ção final <strong>da</strong>s narrativas. E, embora não<br />

tenha tido ain<strong>da</strong> o prazer <strong>de</strong> conhecer Ecléa Bosi, concordo com Selva que diz ter aprendido<br />

com ela que:<br />

[...]o respeito e a harmonia feliz entre as pessoas são a base para o trabalho <strong>de</strong><br />

história oral. Aprendi a importância, o significado e a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

pesquisador ao testemunhar e apreen<strong>de</strong>r o que ain<strong>da</strong> não foi digerido pela socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> consumo [...] e a compreensão dos limites e os riscos <strong>de</strong> alienação <strong>da</strong> minha<br />

consciência, no mundo em que vivemos. (FONSECA 1997, p. 13/1)<br />

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