13.06.2013 Views

memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC

memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC

memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Acredito que <strong>de</strong>sven<strong>da</strong>r o contexto sociocultural e histórico <strong>da</strong> prática <strong>da</strong>s <strong>parteiras</strong> 1 ,<br />

bem como as suas (possíveis) relações com a historici<strong>da</strong><strong>de</strong> do ato <strong>de</strong> partejar <strong>de</strong> hegemonia<br />

feminina através <strong>da</strong> história nos <strong>da</strong>rá uma nova perspectiva <strong>da</strong> nossa própria inserção social e<br />

profissional enquanto enfermeiras. O que me leva a acreditar nessa possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> é o fato <strong>de</strong><br />

que as <strong>parteiras</strong>, historicamente, <strong>de</strong>senvolveram sua prática paralelamente a medicina até a<br />

instituição <strong>da</strong> caça às bruxas, enquanto a Enfermagem profissional mo<strong>de</strong>rna nasce no espaço<br />

intra-hospitalar no século XIX, incorporando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início a divisão social (sexual) do<br />

trabalho, num espaço <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r médico masculino.<br />

Comprometi<strong>da</strong> com o <strong>de</strong>svelamento <strong>da</strong>s relações que perpassam a prática tocológica<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>da</strong>s representações <strong>da</strong> corporali<strong>da</strong><strong>de</strong>, sexuali<strong>da</strong><strong>de</strong> e fecundi<strong>da</strong><strong>de</strong> feminina a partir <strong>de</strong><br />

um contexto social concreto, po<strong>de</strong>rei me juntar a outras companheiras que acreditam na<br />

pesquisa como prática transformadora <strong>da</strong>s relações sociais.<br />

1.2 Mapeando o problema<br />

Há números que apontam para as altas taxas <strong>de</strong> morbi-mortali<strong>da</strong><strong>de</strong> materna <strong>de</strong>vido às<br />

complicações do parto e/ou gravi<strong>de</strong>z no Brasil e várias partes do mundo, em que uma série <strong>de</strong><br />

fatores sócio-econômicos aprofun<strong>da</strong>m a situação <strong>de</strong> miséria dos povos, e consequentemente a<br />

quali<strong>da</strong><strong>de</strong> assistência à saú<strong>de</strong>. (HOLZMANN ,1998; RIESCO,1999)<br />

O trabalho <strong>de</strong>senvolvido pelo Núcleo <strong>de</strong> Estudos “Mulher e Políticas Públicas” em<br />

1996, apresentou uma análise a partir <strong>de</strong> onze municípios brasileiros, avaliando-se práticas<br />

educativas em saú<strong>de</strong> sob a perspectiva do Programa <strong>de</strong> Assistência Integral a Saú<strong>de</strong> <strong>da</strong><br />

Mulher (PAISM), o qual <strong>de</strong>monstra a situação precária em que se encontra a assistência ao<br />

parto e puerpério. Sobre a assistência presta<strong>da</strong> pelo Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS ) diz que<br />

“O <strong>de</strong>sempenho <strong>da</strong> assistência ao parto hospitalar nos Municípios visitados, parece estar em<br />

consonância com o quadro observado para to<strong>da</strong>s as regiões do Brasil, on<strong>de</strong> é evi<strong>de</strong>nte a falta<br />

e/ ou a redução <strong>de</strong> leitos públicos obstétricos, nos últimos anos”. O documento afirma ain<strong>da</strong><br />

que os serviços privados contratados pelo SUS não complementam a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> assistência <strong>de</strong><br />

maneira a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>, e que “esta situação se reflete e engrossa os indicadores <strong>de</strong><br />

morbimortali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mulheres e crianças, uma vez que é alarmante o número <strong>de</strong> cesáreas<br />

1 O termo parteira nesse trabalho será usado para <strong>de</strong>signar as mulheres que se <strong>de</strong>dicaram ao ato <strong>de</strong> partejar in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

sua formação. Enten<strong>de</strong>mos que o termo parteira tem significados diferentes <strong>de</strong> acordo com o momento histórico e a cultura<br />

<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. No Brasil, ain<strong>da</strong> hoje há um leque vasto e multifacetado <strong>de</strong> mulheres que partejam/ e ou partejaram que<br />

são chama<strong>da</strong>s <strong>parteiras</strong>.<br />

16

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!