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relatório Direitos Humanos no Brasil 2010 - Fundação Heinrich Böll

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Di m e n s ã o política d o s direitos h u m a n o sDerrotada <strong>no</strong> âmbito dos valores éticos, a ditadura militar viu reduzido, também, seuespaço político, quando os efeitos da crise econômica foram sentidos pela sociedade. Se a irresignaçãodos trabalhadores revogou, na prática, o cabedal antigreves; se o repúdio à violência,à tortura, homicídios e desaparecimentos forçados se impôs e obrigou à anistia; a incapacidadede dar resposta aos problemas econômicos reduziu-lhe o apoio dos empresários e lançou parcelasda imprensa que a apoiava e da casta parlamentar à oposição. A censura a alguns órgãosde imprensa alargou o leque dos insatisfeitos e a vocalização da exigência de direitos huma<strong>no</strong>spor sua vez moveu os militares a aprofundarem a censura, radicalizando posições.Débil a ponto de não ter sentido sua continuidade, mas forte o bastante para não seralijada pela força, a ditadura negociou e conduziu sua própria superação.<strong>Direitos</strong> huma<strong>no</strong>s como expressão das demandas sociaisNa etapa que se inaugura com a Constituição de 1988, os direitos huma<strong>no</strong>s tornamseo modo privilegiado de alicerçar reivindicações, permitindo expressar, a partir da inerentedignidade humana, demandas sociais mesmo quando elas não encontravam, ainda,substrato legal.Avançam o conhecimento e o reconhecimento dos direitos econômicos, sociais eculturais, na base das reivindicações das populações indígenas, quilombolas, sem-terra eatingidas por barragens. A integração como direito huma<strong>no</strong> dos direitos ambientais nãoapenas reforça aqueles, como inaugura o direito de toda a sociedade ao meio ambientesaudável e à proteção face a tec<strong>no</strong>logias ainda não provadas seguras.E o espaço dos direitos civis e políticos se vê, também, cada vez mais alargado, sendobuscada, agora, já não apenas a igualdade formal, mas a igualdade material que se podeobter pela via das ações afirmativas; e não somente os mecanismos formais de participação,mas os instrumentos e espaços de participação social concreta, formulando políticase <strong>no</strong>rmas jurídicas.A reação conservadora na esfera dos valoresTanto os setores empresariais quanto os latifundiários, tanto os militares como ospoliciais que lhes serviram, tanto os políticos oficiais como a grande imprensa, emboratenham aceitado formalmente os valores da dignidade e dos direitos huma<strong>no</strong>s, puseramse,desde sempre, na luta para reescrevê-los, inserindo a permanência da desigualdade eviolência necessária para ela. O reconhecimento formal da dignidade humana, fator deigualdade entre todas as pessoas, precisava ser relativizado e recondicionado para que osistema de exploração, de privatização das riquezas da sociedade, de redução de trabalhadoresà condição de escravos e de autorização da violência e da tortura pudesse sermantido como se fossem também eles direitos huma<strong>no</strong>s, direitos dos privatizadores, dosexploradores, dos senhores de escravos, torturadores e violentos.A estratégia para essa reescrita teve como objetivo principal a conversão das grandesparcelas de excluídos, forma de buscar somar às forças numericamente inferiores do105<strong>Direitos</strong> huma<strong>no</strong>s.indd 10511/18/10 12:15:38 PM

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