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relatório Direitos Humanos no Brasil 2010 - Fundação Heinrich Böll

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<strong>Direitos</strong> Hu m a n o s n o Br a s i l <strong>2010</strong>matérias destacou que o prefeito de Codó mantinha trabalhadores escravizados em fazendamaranhense. E, conforme o texto, haviam sido libertados 24 trabalhadores – entre eles,um de desessete a<strong>no</strong>s e duas mulheres – em condições análogas à escravidão por dívidaem atividade de formação de pasto. As mulheres se faziam acompanhar por duas criançase um adolescente. Realizada por auditores da Superintendência Regional do Trabalhoe Emprego do Maranhão (SRTE/MA), do Ministério Público do Trabalho (MPT) e deagentes da Polícia Federal (PF), a operação não era a única.Em outra ação, o mesmo grupo libertou sete pessoas da fazenda Pajeú, <strong>no</strong> municípiode Governador Acher (MA), a 350 km da capital São Luís (MA). Uma das vítimas era umadolescente de treze a<strong>no</strong>s. O do<strong>no</strong> da área é Rui Carlos Dias Alves da Silva, reincidente <strong>no</strong>crime. Ele fez parte da “lista suja” 1 do trabalho escravo até fevereiro de 2009 2 .A imprensa fez <strong>no</strong>vas denúncias. Em junho, uma matéria intitulada “Reincidente,fazendeiro usou dívida de jogo para escravizar”, informou:Os trabalhadores resgatados não tinham contato direto com o proprietário da fazenda,que era intermediada por um “gato”, que não foi localizado. Mas o que surpreendeu osfiscais foi o fato de que, além de se endividarem na compra de comida, EPIs 3 e ferramentasde trabalho, os trabalhadores ficavam mais presos ao empregador devido ao jogo de azarpromovido na fazenda. O “gato” controlava e bancava um jogo de cartas em que os trabalhadoreschegavam a contrair dívidas de mais de R$ 600 em um único mês, descontadasdiretamente dos salários dos empregados. 4O mesmo fazendeiro havia sido flagrado <strong>no</strong> mesmo crime em 2007, em sua outrapropriedade, em Bom Jardim (MA). Na ocasião, ele assi<strong>no</strong>u um Termo de Ajustamentode Conduta (TAC). O MPT entendeu que assinar o TAC não foi suficiente e entrou comuma ação civil pública em juízo contra ele. Nela, constou o pedido de uma indenização deR$ 500 mil por da<strong>no</strong>s morais.Houve mais revelações da existência do crime em diversas partes do país, como aquelasde Santa Catarina, Rio de Janeiro, Pará e Mato Grosso. Entre janeiro de <strong>2010</strong> e 17 de agosto domesmo a<strong>no</strong>, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) realizou 69 operações de fiscalizações,inspecio<strong>no</strong>u 168 estabelecimentos, resgatou 1.479 trabalhadores e cobrou o pagamento deR$ 5.414.609,96 de indenização em 2.103 Autos de Infração lavrados 5 . E, em julho de <strong>2010</strong>, naatualização semestral da “lista suja” do MTE, houve a incorporação de “seis casos primários,dois reincidentes e uma reinclusão após a perda de efetividade da liminar judicial” 6 .1A “lista suja” é o cadastro, baseado na Portaria 540 de 15/10/2004, dos empregadores flagrados em crime previsto peloart. 140 do Código Penal <strong>Brasil</strong>eiro.2http://www.portalhoje.com/prefeito-de-codo-mantinha-trabalhadores-escravizados-em-fazenda/1426203, acessadoem 1/10/<strong>2010</strong>3Equipamentos de Proteção Individual.4http://www.reporterbrasil.com.br/exibe.php?id=1765. Notícia de 29/6/<strong>2010</strong> - 18:48, acessada em 28/9/<strong>2010</strong>.5Conforme o “Quadro Geral das Operações de Fiscalização para erradicação do trabalho escravo – SIT/SRTE” emhttp://www.mte.gov.br/fisca_trab/quadro_resumo_1995_<strong>2010</strong>.pdf. Acessado em 4/10/<strong>2010</strong>.6http://www.reporterbrasil.com.br/exibe.php?id=1764. Notícia de 5/7/<strong>2010</strong> - 17:09, acessada em 28/9/<strong>2010</strong>.74<strong>Direitos</strong> huma<strong>no</strong>s.indd 7411/18/10 12:15:35 PM

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