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relatório Direitos Humanos no Brasil 2010 - Fundação Heinrich Böll

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Avatar é a q u i! Po v o s i nd í g e n a s, g r a n d e s o b r a s e c o n f l i t o s em <strong>2010</strong>No mês de maio, <strong>no</strong> município de Miranda (MS), o clima de tensão aumentou quandoo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminarde reintegração de posse à família do ex-governador Pedro Pedrossian sobre as terras dasfazendas Petrópolis e Paratudal. A área havia sido retomada em outubro de 2009 pelosterena, que reivindicam o reconhecimento da ocupação tradicional indígena. Em 18 demaio, setenta homens da Polícia Federal e sessenta da Polícia Militar, com uso de cães,bombas de gás e balas de borracha, efetuaram o despejo dos oitocentos indígenas, quedenunciaram: “os policiais já chegaram atirando e jogando bombas em meio a mulheres ecrianças. Depois, deram-<strong>no</strong>s só vinte minutos para recolher tudo o que é <strong>no</strong>sso e sumir”.Os terena reivindicaram, em vão, um prazo para colher a mandioca, milho e feijão quehaviam plantado <strong>no</strong> local 10 .Em agosto, os conflitos envolveram os guarani-kaiowá. Um grupo de cerca de cinquentaindígenas, incluindo mulheres e crianças, retomou o seu tekohá (como é chamadoo lugar onde se dão as condições de possibilidade do modo de ser guarani) localizado nasterras da fazenda São Luiz, em Paranhos (MS). Em 23 de agosto, lideranças indígenaspassaram a denunciar que homens armados haviam cercado o acampamento, disparandotiros para o alto na tentativa de intimidar e forçar a saída dos índios. Três dias depois, oacampamento foi reforçado com a chegada de mais duzentos indígenas da região. Emsetembro, o Cimi e a ONG inglesa Survival International 11 passaram a denunciar queos indígenas eram mantidos cercados <strong>no</strong> local, sem acesso à água, comida e atendimentomédico, e sob constantes ameaças de homens armados contratados pelos fazendeiros. Nomês de setembro, também <strong>no</strong> Mato Grosso do Sul, um grupo de cerca de oitenta indígenaskaiowá retomou um dos lotes que compõe a área reivindicada como tekohá, em Douradina.Os fazendeiros atearam fogo ao acampamento indígena e afirmaram que iriampermanecer <strong>no</strong> local e expulsar <strong>no</strong>vamente os índios caso retornassem 12 .Comentários finaisNos conflitos envolvendo o setor elétrico, o apelo ao “desenvolvimento” como justificativapara as perdas a serem suportadas pelos povos indígenas pouco difere do quadrovivenciado <strong>no</strong> tempo do regime militar. Ali, o boom desenvolvimentista devastavacentenas de grupos indígenas, sobretudo, os isolados. A diferença é que o <strong>Brasil</strong> de hojepossui um marco constitucional com importantes princípios e instrumentos protetivosaos direitos indígenas. Possui, também, compromissos internacionais relativos à sua proteção.A Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), por exemplo,10Caarapó News, 18/5/<strong>2010</strong>. Folha.com, 17/5/<strong>2010</strong>.11Campo Grande News, 19/8/<strong>2010</strong>. No local, em outubro de 2009, outra retomada termi<strong>no</strong>u num ataque de segurançasda fazenda São Luiz ao acampamento indígena, quando desapareceram os professores Rolindo e Genivaldo Verá.O corpo de Genivaldo foi encontrado. Rolindo continuou desaparecido. Diário MS, Dourados, 18/8/<strong>2010</strong>; 23/8/<strong>2010</strong>;26/8/<strong>2010</strong>. Campo Grande News, 13/9/<strong>2010</strong> e Capital News, Campo Grande, 15/9/<strong>2010</strong>.12A Gazeta News, Amambai, 8/9/<strong>2010</strong>.85<strong>Direitos</strong> huma<strong>no</strong>s.indd 8511/18/10 12:15:36 PM

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