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relatório Direitos Humanos no Brasil 2010 - Fundação Heinrich Böll

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<strong>Direitos</strong> Hu m a n o s n o Br a s i l <strong>2010</strong>aos crimes da ditadura e o movimento LGBT defende os direitos da criança e do adolescente.Nesta grande fusão, as lutas sociais se diversificam, ramificam e fortificam.Acusa-se esse movimento de ser “político” (com ‘p’ minúsculo), como forma de desmerecê-losou diminuí-los. Diz-se que grandes lutas sociais, como as traduzidas na terceiraversão do Programa Nacional de <strong>Direitos</strong> <strong>Huma<strong>no</strong>s</strong> (PNDH-3), são uma tentativade refazer a Constituinte por meios escusos. Pois, veja-se bem: essa é eminentemente umaluta Política sim (mas Política com “P” maiúsculo), é uma luta que diz respeito ao bem eao interesse da pólis, ao <strong>no</strong>sso bem comum. Fazê-la avançar é travar uma disputa políticacom todos aqueles que defendem uma sociedade hierárquica com cidadãos com diferentesclasses de direitos. É lutar contra aquelas concepções que veem <strong>no</strong> Estado um agentede fomento ao desenvolvimento privado, e não ao desenvolvimento social (que passa peloprivado, mas nele não se esgota). É por isso que as muitas lutas, derrotas e conquistas <strong>no</strong>campo dos direitos huma<strong>no</strong>s relatadas neste relatório não tratam da disputa por uma<strong>no</strong>va Constituição, mas sim pela mais plena efetivação da Constituição Cidadã de 1988,construída por meio de um amplo processo participativo e que garante uma plêiade dedireitos que <strong>no</strong>ssa sociedade ainda não foi capaz de efetivar. Mais ainda: pelas característicashistóricas do processo constituinte de 1988 é que se legitima o meio elegido: a lutasocial e a participação política.O momento atual é, nesse sentido, um dos mais importantes na história do país, poiso confronto claro de setores conservadores contra os direitos huma<strong>no</strong>s, tachados de “direitosdos crimi<strong>no</strong>sos” ou de “benesses do Estado”, dá dimensão do momento globalmenteafirmativo de <strong>no</strong>ssa democracia, na qual não apenas esse debate é possível (coisa impensável35 a<strong>no</strong>s atrás), como ainda demonstra quem está na defensiva: justamente aqueles quese beneficiaram historicamente da injustiça e da desigualdade e que agora gritam contraa efetivação de <strong>no</strong>vos padrões sociais, capazes de mudar mentalidades e realidades, tornandoo tão propalado “pluralismo brasileiro” uma metáfora de <strong>no</strong>ssa diversidade, e nãouma imagem encobridora de <strong>no</strong>ssa alienação. Nosso pluralismo pretende a igualdade paraafirmar que podemos ser iguais na diferença, e não a alienação que defende o pluralismo“entre pobres e ricos” ou entre “senhores e escravos”. Com a redução da desigualdade e ofortalecimento da sociedade civil, o <strong>Brasil</strong> caminha <strong>no</strong> rumo da afirmação da sua pluralidadeenquanto fator Político, e não econômico.Isso decorre da combinação entre o fortalecimento dos processos eleitorais com aampliação de outros mecanismos de participação. Hoje, o povo brasileiro é um dos quemais influi nas políticas do Estado. Tivemos conferências nacionais para a saúde, segurançapública, educação, meio ambiente, cidades, comunicação, entre tantas outras, sendoos direitos huma<strong>no</strong>s apenas uma dessas tantas. O que incomoda aos que criticam o resultadodas conferências, para além da possibilidade do fim de seu tratamento diferenciadofrente ao Estado, é a verificação de que, hoje, cada vez mais, a soberania das decisões doEstado passa pelas mãos da população, e que isso não ocorre apenas de dois em dois a<strong>no</strong>s,com as eleições.12<strong>Direitos</strong> huma<strong>no</strong>s.indd 1211/18/10 12:15:29 PM

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