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relatório Direitos Humanos no Brasil 2010 - Fundação Heinrich Böll

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No balanço dos dois mandatos do gover<strong>no</strong> Lula, na opinião de setores da sociedadecivil, o Poder Executivo federal agiu de forma incoerente. Setores do Estado, como aSecretaria de <strong>Direitos</strong> <strong>Huma<strong>no</strong>s</strong> (SDH) e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)atuaram a favor da erradicação; outros setores, como o Ministério da Agricultura, contra.Não houve a concretização da reforma agrária; diversos projetos econômicos foramimpostos e estes privilegiaram a concentração da riqueza e do poder. A falta de coerêncianas medidas tomadas seria uma das razões da persistência do crime. Além de tendênciascontraditórias, as ações eram insuficientes. A metade das denúncias de trabalhoescravo não produziu fiscalização, pois faltavam dados nas peças das denúncias, porqueo Estado não foi capaz de agir com a rapidez necessária.Após oito a<strong>no</strong>s:como ficou a “erradicação” do trabalho escravo?Ricardo Rezende Figueira *Janeiro de 2003. Primeiro mês do mandato do gover<strong>no</strong> Lula da Silva. Em Porto Alegre,para um público numeroso que ocupava uma das tendas do Fórum Social Mundial, o ministrodos <strong>Direitos</strong> <strong>Huma<strong>no</strong>s</strong>, Nilmário Miranda, anunciou algo que seria assinado dois mesesdepois pelo próprio presidente: o I Pla<strong>no</strong> Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo(PNETE). Miranda prometeu mais que combater o trabalho escravo. A meta era erradicá-lodo território nacional. E fixou prazo: quatro a<strong>no</strong>s. Em maio de <strong>2010</strong>, Xavier Plassat, da ComissãoPastoral da Terra (CPT), em evento promovido pela Secretaria dos <strong>Direitos</strong> <strong>Huma<strong>no</strong>s</strong>(SDH) em Brasília, diante de autoridades federais, da relatora especial da Organização dasNações Unidas (ONU) para as Formas Contemporâneas de Escravidão, Gulnara Shahinian,e de um público diversificado, constatou duramente que a promessa não funcio<strong>no</strong>u.De fato, o problema persistiu. Ao longo do último a<strong>no</strong> do segundo mandato dogover<strong>no</strong> Lula, a imprensa anunciou flagrantes do crime. No início de janeiro, uma das*Ricardo Rezende Figueira é sacerdote, membro do Conselho Deliberativo da Rede Social de Justiça e <strong>Direitos</strong> <strong>Huma<strong>no</strong>s</strong>,um dos fundadores do Movimento <strong>Huma<strong>no</strong>s</strong> <strong>Direitos</strong>, professor na Escola de Serviço Social da UFRJ e coordenadordo Grupo de Pesquisa Trabalho Escravo do NEPP-DH da UFRJ.73<strong>Direitos</strong> huma<strong>no</strong>s.indd 7311/18/10 12:15:35 PM

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