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relatório Direitos Humanos no Brasil 2010 - Fundação Heinrich Böll

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<strong>Direitos</strong> Hu m a n o s n o Br a s i l <strong>2010</strong>Segundo os autores, isso “configura um descompasso entre as ações dos movimentossociais na luta pela terra e a política levada a cabo pelo gover<strong>no</strong> (...) Evidencia-se, assim,que a política agrária do gover<strong>no</strong> Lula não só protege o latifúndio/agronegócio onde estese encontra mais cristalizado, o Centro-Sul, mas, também, apoia sua expansão em direçãoà Amazônia (...) Apoia através da criação de assentamentos fantasmas, legalização dagrilagem etc.”.O que esses dados <strong>no</strong>s esclarecemTanto os grandes projetos vinculados ao Programa de Aceleração do Crescimento(PAC) quanto o avanço veloz do capital sobre a região evidenciam que na Amazônia sereproduz o mesmo modelo de desenvolvimento adotado em <strong>no</strong>sso país desde os tempos dacolônia. Modelo alicerçado na depredação dos recursos naturais, na espoliação dos filhosda terra, na concentração da propriedade e na violência.Como diz o documento 99 de estudos da Conferência Nacional dos Bispos do <strong>Brasil</strong>(CNBB), Igreja e questão agrária <strong>no</strong> início do século XXI,44problemas agrários e conflitos sociais envolvendo as populações rurais, os grandes proprietáriosde terras e os poderes do Estado são tão antigos <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> quanto sua históriacolonial. A história da ocupação de terras <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> e da luta pela sobrevivência dos quenela vêm de longa data convivendo e trabalhando testemunha uma batalha desigual. Deum lado, os protagonistas de uma verdadeira idolatria da conquista patrimonial. De outro,a identidade e cultura dos povos e grupos sociais que vivem da terra e com ela convivem àimagem e semelhança da mãe natureza 3 .Modelo predadorNa Amazônia, como aconteceu nas demais regiões brasileiras, desde a época da colôniase busca a exploração das riquezas naturais do país, com vistas, sobretudo, ao mercadoexter<strong>no</strong>. Hoje, como ontem, a incorporação de <strong>no</strong>vas e imensas áreas pelo grande capitalse dá às custas da depredação do rico patrimônio natural e da biodiversidade nacionais.No <strong>Brasil</strong> Colônia, o que se objetivava era a manutenção e o enriquecimento da coroaportuguesa. Após a Independência, as <strong>no</strong>vas elites assumiram esse lugar.A mesma lógica se repete com o avanço das <strong>no</strong>vas fronteiras do capitalismo para aAmazônia. O que os investidores buscam não é o desenvolvimento local nem o bem-estardas populações aí residentes, mas seu próprio enriquecimento. A exploração das riquezasminerais da Amazônia, da exuberante riqueza florestal – pela extração da madeira –, oavanço do agronegócio, a construção das grandes hidrelétricas etc., não têm por objetivo odesenvolvimento regional, mas sim dar condições para que o capital extraia da Amazôniao máximo que pode, <strong>no</strong> me<strong>no</strong>r espaço de tempo possível. Sob o discurso do desenvolvimentoeconômico da região, o que se busca, realmente, é o enriquecimento das grandes3Conferência Nacional dos Bispos do <strong>Brasil</strong>, Igreja e questão agrária <strong>no</strong> início do século XXI: estudos da CNBB 99 (EdiçõesCNBB, <strong>2010</strong>), p. 33.<strong>Direitos</strong> huma<strong>no</strong>s.indd 4411/18/10 12:15:32 PM

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