<strong>Direitos</strong> Hu m a n o s n o Br a s i l <strong>2010</strong>Zagallo denuncia, ainda, a responsabilidade da mineradora em atropelamentos ferroviários.Em 2007, ocorreram 23 mortes; em 2008, houve <strong>no</strong>ve mortes e 2.860 acidentes.“São mortes silenciosas. A única responsabilidade da empresa com isso é a compra decaixões. E, depois, falam que isso faz parte das dores do crescimento”, criticou.O vice-presidente da OAB do Maranhão lembrou que, além das mortes, o impactosobre as comunidades que vivem à beira do percurso das ferrovias inclui “atropelamentode animais, ruído, interrupção do tráfego de pessoas e veículos em cruzamentos sem passarelasou passagens de nível”.Cinco usinas siderúrgicasEsse drama é vivido por Edevard Dantas Cardeal e pela comunidade onde vive. Eleé morador do povoado de Piquiá, município de Açailândia, <strong>no</strong> Maranhão, onde estãoem operação, atualmente, cinco usinas siderúrgicas, que produzem, anualmente, 500 miltoneladas de ferro-gusa.A estrada de ferro passa ao lado do povoado e a BR-222 atravessa a comunidade.Quase toda a produção é exportada para os Estados Unidos, Ásia e Europa. Apenas umapequena parte é destinada ao distrito industrial do Piquiá. Essa cadeia siderúrgica é alimentadaa partir de minérios da Vale, única fornecedora das cinco usinas em funcionamentona região.Seu Edevard, nascido na Bahia e hoje com 66 a<strong>no</strong>s, diz que vai lutar contra a Valeaté quando aguentar. O senhor vive na região desde 1969. “Tinha um rio, o Piquiá, que agente usava para lavar roupa e até beber. Depois, a Vale chegou com essas empresas siderúrgicase poluiu tudo. Tem ainda a estrada de ferro, que passa rente ao <strong>no</strong>sso povoado”.Seu Edevard lembra que, antes da chegada da mineração, a comunidade sobreviviada roça. Agora, não há mais onde plantar. “Tem que andar de 150 a 200 quilômetrospara fazer roça. Hoje, a gente vive de respirar pó de ferro de minério e outros resíduosque caem dentro da cidade”. O agricultor conta que possuía uma grande área de terra:“eu tinha ideia de sobreviver ali plantando minhas coisas, mas, com a poluição que veio,perdeu valor e não tem como sair para outro lugar”.De acordo com o Dossiê dos Impactos e Violações da Vale <strong>no</strong> Mundo, a extraçãode madeira nativa para a produção de carvão vegetal a ser utilizada nas siderúrgicas éaltamente predatória naquela região e gera muitos agentes poluentes, principalmentemonóxido de carbo<strong>no</strong>, com grandes efeitos sobre a saúde, como doenças respiratórias. “Osproblemas relacionados às atividades das guseiras e os conflitos socioambientais na regiãoaumentaram com a exploração da Vale”, aponta o documento.Segundo seu Edevard, houve um aumento do número de problemas de saúde, comococeira, dores de garganta e alergia na pele das pessoas. Ele relata, também, que a poluiçãoemitida pelas chaminés da siderúrgica, por onde sai pó de minério, pó de carvão vegetale outros resíduos, “caem dentro do rio e <strong>no</strong> quintal da gente, em cima das casas, em cimade tudo”. Nas fábricas, não existem filtros antipartículas. Assim, quando os alto-for<strong>no</strong>s são202<strong>Direitos</strong> huma<strong>no</strong>s.indd 20211/18/10 12:15:49 PM
Vi o l a ç õ e s c o m e t id a s pela t r a n s n a c i o n a l Va l eabastecidos com minério e carvão vegetal triturado e homogeneizado, a fuligem emitidacontém resíduos provenientes do aquecimento do minério. Fuligem que cobre os móveis,camas e utensílios de cozinha das casas do povoado, causando doenças respiratórias graves.Explosões e alagamentosJosé Ribamar, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Canaã dos Carajás,conta que os moradores do município paraense também estão sofrendo com a instalaçãodos empreendimentos da Vale. No total, são cinco, sendo quatro deles desenvolvidos dentroda própria cidade, e o quinto na cidade de Curionópolis, mas com impactos em Canaã.Os projetos são destinados à extração de cobre, níquel e ferro. “Temos uma vila próximada mineração onde vivem mil pessoas. Quando detonam explosivos na mina, pareceum terremoto, e caem pedras <strong>no</strong> meio da roça”, conta. A produção de galinha caipira, queera o forte da região, não existe mais. “Tivemos perda de praticamente tudo, a produção dogado, do leite, da criação de galinha”. Além disso, há muita poeira, fumaça, e alagamentodas plantações e residências, resultado da implantação de diques para proteger a mina. “Opessoal tinha rocinha e o córrego represou a área, inundando a casa das pessoas”.O agricultor acredita que o pior impacto da Vale na área é o desrespeito à sociedade:“Eles querem levar por cima de tudo”. Seu Pixilinga, como José Ribamar é conhecido,chegou a ser chamado de “vagabundo e posseiro” pela administração da Vale, após umamanifestação que bloqueou a estrada, impedindo a passagem de caminhões. “Disseramque demos prejuízos de mais de dois milhões de reais, mas eles não tinham cumprido apromessa de asfaltar as ruas da vila”. Embora a empresa garanta aos moradores da regiãoque sua atividade não afeta o meio ambiente, “os produtos químicos que eles usam quandofazem furos <strong>no</strong> solo correm a céu aberto, caem <strong>no</strong>s córregos, rios, represas”, conta.Impactos como os que ocorrem em Açailândia, <strong>no</strong> Maranhão, e Canaã dos Carajás,<strong>no</strong> Pará, são recorrentes ao longo dos 892 quilômetros da Estrada de Ferro de Carajás, quecorta 22 municípios entre Parauapebas (PA) e São Luís (MA).A ferrovia foi construída para escoar, principalmente, o ferro proveniente da maiorreserva mineral do mundo, a Serra dos Carajás. As atividades extrativo-exportadoras daVale na região sul do Pará produzem cerca de 1,8 milhão de toneladas de ferro-gusa,principal matéria-prima para produção de aço. A mina de ferro de Carajás situa-se emParauapebas, sul do Pará. Há mais de 25 a<strong>no</strong>s, a Vale explora Carajás, cujas reservas estãoestimadas em 18 bilhões de toneladas de minério de ferro, 45 milhões de toneladas debauxita, 1 bilhão de tonelada de cobre, 60 milhões de toneladas de manganês, 124 milhõesde toneladas de níquel e 100 mil toneladas de estanho, espalhados por uma área de 40 milquilômetros quadrados.Extinção da biodiversidadeO estado onde a Vale nasceu, Minas Gerais, é responsável, hoje, por dois terços daprodução de minério de ferro da transnacional – o terço restante é produzido em Cara-203<strong>Direitos</strong> huma<strong>no</strong>s.indd 20311/18/10 12:15:49 PM
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