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relatório Direitos Humanos no Brasil 2010 - Fundação Heinrich Böll

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Vi o l a ç õ e s c o m e t id a s pela t r a n s n a c i o n a l Va l eabastecidos com minério e carvão vegetal triturado e homogeneizado, a fuligem emitidacontém resíduos provenientes do aquecimento do minério. Fuligem que cobre os móveis,camas e utensílios de cozinha das casas do povoado, causando doenças respiratórias graves.Explosões e alagamentosJosé Ribamar, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Canaã dos Carajás,conta que os moradores do município paraense também estão sofrendo com a instalaçãodos empreendimentos da Vale. No total, são cinco, sendo quatro deles desenvolvidos dentroda própria cidade, e o quinto na cidade de Curionópolis, mas com impactos em Canaã.Os projetos são destinados à extração de cobre, níquel e ferro. “Temos uma vila próximada mineração onde vivem mil pessoas. Quando detonam explosivos na mina, pareceum terremoto, e caem pedras <strong>no</strong> meio da roça”, conta. A produção de galinha caipira, queera o forte da região, não existe mais. “Tivemos perda de praticamente tudo, a produção dogado, do leite, da criação de galinha”. Além disso, há muita poeira, fumaça, e alagamentodas plantações e residências, resultado da implantação de diques para proteger a mina. “Opessoal tinha rocinha e o córrego represou a área, inundando a casa das pessoas”.O agricultor acredita que o pior impacto da Vale na área é o desrespeito à sociedade:“Eles querem levar por cima de tudo”. Seu Pixilinga, como José Ribamar é conhecido,chegou a ser chamado de “vagabundo e posseiro” pela administração da Vale, após umamanifestação que bloqueou a estrada, impedindo a passagem de caminhões. “Disseramque demos prejuízos de mais de dois milhões de reais, mas eles não tinham cumprido apromessa de asfaltar as ruas da vila”. Embora a empresa garanta aos moradores da regiãoque sua atividade não afeta o meio ambiente, “os produtos químicos que eles usam quandofazem furos <strong>no</strong> solo correm a céu aberto, caem <strong>no</strong>s córregos, rios, represas”, conta.Impactos como os que ocorrem em Açailândia, <strong>no</strong> Maranhão, e Canaã dos Carajás,<strong>no</strong> Pará, são recorrentes ao longo dos 892 quilômetros da Estrada de Ferro de Carajás, quecorta 22 municípios entre Parauapebas (PA) e São Luís (MA).A ferrovia foi construída para escoar, principalmente, o ferro proveniente da maiorreserva mineral do mundo, a Serra dos Carajás. As atividades extrativo-exportadoras daVale na região sul do Pará produzem cerca de 1,8 milhão de toneladas de ferro-gusa,principal matéria-prima para produção de aço. A mina de ferro de Carajás situa-se emParauapebas, sul do Pará. Há mais de 25 a<strong>no</strong>s, a Vale explora Carajás, cujas reservas estãoestimadas em 18 bilhões de toneladas de minério de ferro, 45 milhões de toneladas debauxita, 1 bilhão de tonelada de cobre, 60 milhões de toneladas de manganês, 124 milhõesde toneladas de níquel e 100 mil toneladas de estanho, espalhados por uma área de 40 milquilômetros quadrados.Extinção da biodiversidadeO estado onde a Vale nasceu, Minas Gerais, é responsável, hoje, por dois terços daprodução de minério de ferro da transnacional – o terço restante é produzido em Cara-203<strong>Direitos</strong> huma<strong>no</strong>s.indd 20311/18/10 12:15:49 PM

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