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relatório Direitos Humanos no Brasil 2010 - Fundação Heinrich Böll

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<strong>Direitos</strong> Hu m a n o s n o Br a s i l <strong>2010</strong>Trabalho escravoAs usinas de cana se tornaram campeãs em trabalho escravo <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s. Deacordo com dados da Campanha Nacional de Combate ao Trabalho Escravo da ComissãoPastoral da Terra (CPT), dos 5.974 trabalhadores resgatados da escravidão <strong>no</strong> campobrasileiro em 2007, 3.060, ou 51%, foram encontrados <strong>no</strong> mo<strong>no</strong>cultivo da cana-de-açúcar.Em 2008, dos 5.266 resgatados, 2.553, ou 48% dos trabalhadores mantidos escravos <strong>no</strong>país, estavam em plantações de cana. De janeiro a junho de 2009, esse número era de 951trabalhadores, que representavam 52% do total. Ao final de 2009, o Ministério do Trabalhoregistrou a libertação de 1.911 trabalhadores nas usinas de cana <strong>no</strong>s estados de Goiás,Mato Grosso, Pernambuco, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.Em 2009, o Ministério do Trabalho incluiu grandes usinas na chamada “lista suja”do trabalho escravo. Uma delas foi a Brenco, que tem participação acionária de 20% doBNDES. Entre 2008 e 2009, o BNDES liberou R$ 1 bilhão para usinas da Brenco emMato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Ao mesmo tempo, o Grupo Móvel expediu107 autos de infração contra a empresa, que é presidida pelo ex-presidente da PetrobrasHenri Philippe Reichstul. Apesar da prática de trabalho escravo, o presidente do BNDES,Lucia<strong>no</strong> Coutinho, anunciou a continuidade do financiamento para a Brenco.Em 31 de dezembro de 2009, foi a vez do grupo Cosan – a maior empresa do setorsucroalcooleiro do país, com produção anual de 60 milhões de toneladas de cana. Apesarda prática de trabalho escravo, a Cosan recebeu R$ 635,7 milhões do BNDES em junhode 2009, para a construção de uma usina de eta<strong>no</strong>l em Goiás. O BNDES manteve ofinanciamento para a Cosan, mesmo após a evidência de trabalho escravo. A Cosan possui23 usinas, controla os postos da Exxon (Esso do <strong>Brasil</strong>) e teve um faturamento de R$ 14bilhões em 2008.Em outubro de 2009, o Grupo Móvel libertou 55 trabalhadores escravizados na DestilariaAraguaia (chamada anteriormente de Gameleira), <strong>no</strong> Mato Grosso. Segundo oauditor fiscal Leandro de Andrade Carvalho, que coorde<strong>no</strong>u a operação, os trabalhadoresestavam sem receber salário há três meses. Essa foi a terceira libertação realizada em oitoa<strong>no</strong>s na mesma usina. A Destilaria Araguaia pertence ao Grupo Eduardo Queiroz Monteiro(EQM), um grande conglomerado econômico com sede em Pernambuco. O grupocontrola outras usinas em Pernambuco, Tocantins e Maranhão, além de participar comoacionista em veículos de comunicação como o jornal Folha de Pernambuco, a Rádio Folhade Pernambuco, Folha Digital de Pernambuco e Agência Nordeste.Em junho de 2009, fiscais do Ministério do Trabalho e do Ministério Público detectaramirregularidades em usinas fiscalizadas na região de Ribeirão Preto, em São Paulo,entre elas a Bazan, Andrade, Central Energética More<strong>no</strong> Açúcar e Álcool, e NardiniAgroindustrial. As usinas não forneciam equipamento adequado (como luvas, sapatos ecaneleiras) e foram constatadas irregularidades <strong>no</strong> pagamento da jornada de trabalho. Ostrabalhadores declararam que cortam cerca de 20 toneladas de cana por dia. Os fiscais60<strong>Direitos</strong> huma<strong>no</strong>s.indd 6011/18/10 12:15:33 PM

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