10.07.2015 Views

relatório Direitos Humanos no Brasil 2010 - Fundação Heinrich Böll

relatório Direitos Humanos no Brasil 2010 - Fundação Heinrich Böll

relatório Direitos Humanos no Brasil 2010 - Fundação Heinrich Böll

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Mo n o p ó l i o d a t e rr a e p ro d u ç ã o d e a g r o c o m b u s t í v e i stambém registraram condições precárias de moradia, como superlotação, locais com riscode incêndio e falta de condições de higiene.Ainda em 2009, o Ministério Público do Trabalho (MPT) conseguiu uma liminarque obriga a usina São Martinho, em Limeira (SP), a corrigir irregularidades trabalhistas.Durante fiscalizações nas safras de 2007 e 2008, o MPT constatou a falta de equipamentosde proteção, segurança <strong>no</strong> trabalho, cuidados médicos, condições de higiene e alimentaçãoadequadas. A ação judicial inclui, ainda, a condenação da empresa ao pagamento de R$ 2milhões aos trabalhadores, por da<strong>no</strong> moral.A expansão dos mo<strong>no</strong>cultivos e a contrarreforma agráriaNa região entre o Pontal do Paranapanema e Andradina, ainda resiste grande parteda agricultura camponesa <strong>no</strong> estado de São Paulo, além de algumas áreas de preservaçãode Cerrado. Mas os canaviais se expandem rapidamente, principalmente sobre terras griladas,causando devastação do meio ambiente e da produção de alimentos.Em Teodoro Sampaio, Cledson Mendes, membro da Direção Estadual do MST,explica:O incentivo para o plantio de cana <strong>no</strong> Pontal teve duas fases. Antes, o objetivo era a matériaprima,mas, depois da chegada da usina da Odebrecht, o objetivo principal é pegar o financiamentoem <strong>no</strong>me dos assentados. A usina usa dinheiro público, do Banco do <strong>Brasil</strong>, quedeveria ser para a reforma agrária, para plantar cana. Cada financiamento é de dezoito milreais e a usina usa pra nivelar o solo com as máquinas e para colocar o vene<strong>no</strong>, que matatoda a biodiversidade. Depois, os assentados ficam com a dívida e sua terra fica are<strong>no</strong>sa,pois a cana destrói o solo. Os assentados são iludidos, fazem essa escolha de forma individuale depois se frustram. A usina controla a produção e o preço da cana e nunca paga oque deveria. A Odebrecht recebe, ainda, financiamento do gover<strong>no</strong> federal e avança sobreas terras devolutas, que o MST reivindica. É a forma que encontraram para “legalizar” agrilagem e inviabilizar a reforma agrária. Existem, atualmente, seis usinas na região. Umadelas se chama Conquista do Pontal, o que é simbólico, pois a cana se expande sobre asprincipais áreas que deveriam ser desapropriadas. Essa expansão se acelerou há três a<strong>no</strong>se, desde então, a cana já ocupa cerca de 130 mil hectares, de seis usinas. Em comparação, oMST levou 20 a<strong>no</strong>s de luta para conquistar 120 mil hectares <strong>no</strong> Pontal, onde vivem 18 milfamílias assentadas. Até o parque estadual Morro do Diabo, que é uma reserva ecológica,está ameaçado pela cana. A cana só serve para destruir a natureza e matar o povo.O município de Andradina tem sido palco de grandes lutas pela reforma agrária. Foilá onde surgiu o primeiro assentamento do estado de São Paulo e um dos primeiros do<strong>Brasil</strong>. A região conta, hoje, com cerca de quarenta assentamentos e é simbólica por suahistória em defesa da agricultura camponesa.Ma<strong>no</strong>el de Oliveira é assentado e membro do MST. Ele conta essa história:Meu pai veio a pé de Alagoas para São Paulo. Sofreu muito. Era arrendatário na fazendaPrimavera, na produção de algodão. Era o mesmo que ser escravo. O patrão pagava o preçoque queria e quando queria. Os jagunços ameaçavam quem reclamava. Em 1979, a CPT61<strong>Direitos</strong> huma<strong>no</strong>s.indd 6111/18/10 12:15:33 PM

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!