<strong>Direitos</strong> Hu m a n o s n o Br a s i l <strong>2010</strong>São Paulo 202 31.3 34 5.3Sul 468 39.4 57 4.8Paraná 170 42.6 9 2.3Santa Catarina 118 40.3 18 6.1Rio Grande do Sul 180 36.3 30 6.0Centro-Oeste 153 32.8 28 6.0Mato Grosso do Sul 41 52.6 4 5.1Mato Grosso 55 39.0 5 3.5Goiás 56 22.8 19 7.7Distrito Federal 1 100.0 0 0.0Fonte: IBGE, microdados da Pesquisa de Informações Básicas Municipais, 2009Tabulações: LAESER - Fichário das Desigualdades RaciaisApesar dos indicadores comentados acima sugerirem um quadro otimista, quando avariável analisada passa a ser a prioridade concedida à temática da redução da discriminaçãoum cenário mais sombrio se faz presente.Na verdade, conforme mencionado, a pergunta feita pelo IBGE às autoridades municipaisdiz respeito à prioridade concedida às ações educativas que atuem em prol da reduçãoda discriminação racial, de gênero e de orientação sexual. Logo, a pergunta englobadimensões outras que a das relações étnico-raciais. Todavia, justamente pelo seu escopotemático mais amplo, seria de esperar que um número maior de municípios – comparativamenteaos que adotam medidas de capacitação de professores na temática raça/etnia– fosse aparecer nas informações contidas na tabela 1. Porém, <strong>no</strong> sentido contrário, o quese observa é que ocorre uma nítida discrepância para baixo em termos do percentual demunicípios que apontam conceder à educação que contribui para a redução da discriminação,seja ela racial, de gênero ou de orientação sexual.Desse modo, em todo o país, somente em 245 municípios (4,4% do total) a promoçãodesse tipo de educação aparece entre as cinco principais medidas adotadas pelo órgão gestor.Lido de outro modo: se, por um lado, existe um número razoável de municípios quecapacitam seus professores para a temática de raça e etnia; por outro lado, tais medidastendem, em geral, a obedecer relativamente baixa prioridade na ordem de importânciadas políticas adotadas.Quando o indicador acima é lido levando-se em conta as regiões geográficas brasileiras,percebe-se que tal quadro se mantém: Norte (2,9%), Nordeste (3,3%), Sudeste (5,2%),Sul (4,8%), Centro-Oeste (6,0%).No que tange às unidades da federação, em nenhum caso a proporção de municípiosque adotam semelhante medida supera os 10%. Assim, os cinco estados onde ocorre umamaior proporção de municípios que priorizam uma educação que se comprometa com ocombate às discriminações são Espírito Santo (9,0%), Goiás (7,7%), Rio de Janeiro (7,6%),Amapá (6,3%) e Santa Catarina (6,1%).190<strong>Direitos</strong> huma<strong>no</strong>s.indd 19011/18/10 12:15:48 PM
Um b a l a n ç o d a s a ç õ e s a f i r m a t i v a s p a r a afrodescendentes n o sistema d e e n s i n o brasileiroAções afirmativas em universidades públicas brasileiras pormeio de reserva de vagasSegundo o Censo da Educação Superior de 2008, <strong>no</strong> processo seletivo de acesso aoscursos de graduação, das 236 Instituições de Educação Superior (IES) públicas (federais,estaduais e municipais), em 62 se adotavam mecanismos diferenciados de seleção– através de reserva de vagas ou cotas de acesso – para estudantes pretos e pardos, indígenas,provenientes de escola pública, residentes em comunidades de remanescentesde quilombos, entre outros possíveis critérios. Estas formas de acesso, conjuntamente,totalizavam 35.964 vagas.Se, por um lado, os dados do Censo do Ensi<strong>no</strong> Superior evidenciavam a existência deuma boa disseminação do número de IES públicas que aderiram ao sistema de ingressodiferenciado (26,3% do total), por outro lado, o número de vagas disponibilizadas pelosistema de cotas era de apenas 10,5%.Observando a distribuição entre os tipos de instituição, verifica-se que, das 62 IESque ofereciam cotas, 34 eram universidades (dezessete federais e dezessete estaduais); quatorze,faculdades (uma federal, oito estaduais e cinco municipais); treze, Institutos Federaisde Educação, Ciência e Tec<strong>no</strong>logia; e uma era um centro universitário municipal.No que tange à distribuição por tipo de cota concedida, verifica-se que, do total de vagasdisponibilizadas por cota, 45,9% eram para alu<strong>no</strong>s da rede pública; 38,3%, para candidatospretos e pardos e de comunidades remanescentes de quilombos; 3%, para índios; 3,3%,para portadores de necessidades especiais; e 9,5%, para outros tipos de cota.Do total de vagas para ingresso discente nas IES públicas através de reserva ou cotas,os pretos e pardos e quilombolas respondiam por 52,5% nas faculdades federais, estaduaise municipais; por 51% <strong>no</strong>s Institutos Federais de Educação, Ciência e Tec<strong>no</strong>logia; por47,2% nas universidades federais; por 42,7% <strong>no</strong>s centros universitários municipais; e por26,7% nas universidades estaduais.Contudo, comparado ao número total de vagas oferecidas <strong>no</strong>s processos seletivos,o percentual das vagas especificamente reservadas para pretos e pardos e residentes emcomunidades remanescentes de quilombos ainda era irrisório: 5,6%, nas faculdades isoladas;4,4%, nas universidades estaduais; 4,1%, <strong>no</strong>s Institutos Federais de Educação e nasuniversidades federais; e 1,3%, <strong>no</strong>s centros universitários.Na tabela 2, é descrita a distribuição de cotas <strong>no</strong> processo seletivo segundo as áreasdos cursos oferecidos pelas IES públicas em 2008. Dos 6.777 cursos de graduação existentesnas 236 IES públicas do <strong>Brasil</strong>, 22% adotavam sistema de reserva de vagas, ou cotas, <strong>no</strong>vestibular, totalizando 1.493 cursos.Em 2008, dos cursos de graduação vinculados às IES públicas, os cinco que maisofereciam vagas através de reservas específicas, ou cotas, foram: jornalismo e informação(34,1% do total), serviços de transportes (33,3%), serviço social (32,7%), odontologia(31,6%) e humanidades e letras (31,3%).191<strong>Direitos</strong> huma<strong>no</strong>s.indd 19111/18/10 12:15:48 PM