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relatório Direitos Humanos no Brasil 2010 - Fundação Heinrich Böll

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Mi g r a ç õ e s, c r i s e e direitosmisérias e de violência urbana, situações que sofrem, em particular, as populações indígenas,camponesas e afrodescendentes, e, dentro desse grupo, principalmente as mulheres.Vêm do Haiti, ou da República Dominicana, de Honduras, do Zimbábue e deMoçambique, enfim, de qualquer outro país do “Sul Global” que foi saqueado durantemais de cinco séculos pelas principais potências do Norte. Tudo, na história humana, temconsequência de longo alcance. Chegam, em síntese, dessa periferia cujos gritos de desesperançae de miséria não querem escutar e que, hoje, lhes mostram o verdadeiro rosto detanto saque e impunidade.Não podemos deixar de mencionar que o impacto das mudanças climáticas sobre ospaíses mais pobres está deixando, também, um saldo crescente de desplazados (deslocados)e de migrantes, e que este tema deve ser entendido por todos e todas que lutamos para pôrfim a essa barbárie. O número de refugiados e deslocados inter<strong>no</strong>s relacionados com asmudanças climáticas será, em <strong>2010</strong>, de cerca de 15 milhões de pessoas e, em 2100, poderáchegar a 200 milhões, sendo que a metade será proveniente da África.Vivemos um momento trágicoO capitalismo, como paradigma de uma civilização baseada <strong>no</strong> afã do lucro e domito do progresso ilimitado, pode até se salvar, temporariamente, do colapso econômico,porém, não poderá ocultar durante muito tempo seu fracasso como modelo de organizaçãoprodutiva e social.Vivemos um momento de luta e esperança. Dessa forma, é indispensável, urgente,construir um <strong>no</strong>vo paradigma civilizatório baseado <strong>no</strong> respeito à vida e à natureza, umparadigma civilizatório que redesenhe a forma com a qual <strong>no</strong>s organizamos e produzimos,a forma como intercambiamos e comercializamos, a forma como <strong>no</strong>s educamos eeducamos aos outros; em síntese, a forma de como vivemos.O capitalismo industrial-financeiro (com suas grandes corporações e mo<strong>no</strong>pólios)e o Estado-Nação moder<strong>no</strong> não servem mais para os propósitos de uma transformaçãoradical da sociedade. Desse modo, devem ser construídas <strong>no</strong>vas práticas a partir do saberancestral que ainda grande parte da humanidade conserva consigo: o valor do comunitário,a produção que respeita os ciclos reprodutivos da natureza, uma sociedade ondeas relações de poder e dominação sejam, progressivamente, substituídas por relações desolidariedade e cooperação.A cidadania universal emerge como parte desse <strong>no</strong>vo paradigma civilizatório queurge construir. Reconhecendo e valorizando <strong>no</strong>ssas diferenças, é urgente recolocar otema dos direitos como parte integral de <strong>no</strong>ssa condição humana, para que, ali onde cadamigrante esteja, estejam plenamente garantidos seus direitos sociais, culturais, políticos eeconômicos, independentemente de sua nacionalidade ou origem étnica, religião, orientaçãosexual ou posição política.Em <strong>no</strong>ssa América, vemos com esperança que, pouco a pouco, os povos vão desenhandoe impulsionando a cidadania universal. É o caso do povo equatoria<strong>no</strong>, que deci-213<strong>Direitos</strong> huma<strong>no</strong>s.indd 21311/18/10 12:15:50 PM

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