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relatório Direitos Humanos no Brasil 2010 - Fundação Heinrich Böll

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Uma <strong>no</strong>va característica da indústria do eta<strong>no</strong>l, se comparada ao Pró-Álcool da décadade 1970, é a aliança entre setores do agronegócio com empresas petroleiras, automotivas,de biotec<strong>no</strong>logia, mineração, infraestrutura e fundos de investimento. Nesse cenário, nãoexiste nenhuma contradição desses setores com a oligarquia latifundista, que se beneficiada expansão do capital <strong>no</strong> campo e do abando<strong>no</strong> de um projeto de reforma agrária.Mo<strong>no</strong>pólio da terra e produção de agrocombustíveisMaria Luisa Mendonça *O mo<strong>no</strong>pólio da terra segue como tema central diante do avanço do capital sobrerecursos estratégicos em todo o mundo. Nesse contexto, a produção de agrocombustíveiscumpre o papel de justificar esse processo, a pretexto de servir como suposta alternativaà crise climática. Porém, quando falamos sobre mudanças climáticas, estamos realmente<strong>no</strong>s referindo a mudanças <strong>no</strong> uso do solo, com a expansão dos mo<strong>no</strong>cultivos, da mineração,das grandes barragens, e outros projetos de controle de recursos energéticos, que estãona raiz do problema.As características que historicamente marcaram a oligarquia rural <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> permaneceminalteradas desde o período colonial, pois suas bases, em certa medida, mantêm-seintactas, principalmente o mo<strong>no</strong>pólio da terra e a organização de <strong>no</strong>ssas eco<strong>no</strong>mias apartir de uma demanda externa. Por isso, não existe contradição entre o velho latifúndioe as transnacionais agrícolas travestidas de “modernas”. O que existe é a criação deuma ideologia fetichista em tor<strong>no</strong> de <strong>no</strong>vas tec<strong>no</strong>logias, somada a uma ideia positivista oufuncionalista do que significaria o desenvolvimento das forças produtivas. Essa ideologiase combina perfeitamente com o discurso desenvolvimentista conservador, com a ideianeoliberal de “eficiência” e com os interesses do capital internacional.Um exemplo claro é a organização da indústria da cana <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. No período colonial,o que se exportava não era cana, e sim o açúcar manufaturado <strong>no</strong>s engenhos brasi-*Maria Luisa Mendonça é jornalista e coordenadora da Rede Social de Justiça e <strong>Direitos</strong> <strong>Huma<strong>no</strong>s</strong>. Atualmente, cursao doutorado em Geografia na Universidade de São Paulo (USP).57<strong>Direitos</strong> huma<strong>no</strong>s.indd 5711/18/10 12:15:33 PM

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