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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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103Na segunda subseção o assunto central é a irmã Maria Júlia, que aos <strong>de</strong>zenoveanos faleceu vítima <strong>de</strong> tuberculose, <strong>em</strong> 1872. O po<strong>em</strong>a inicia marcando o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>permanência da família naquela região campestre, o espaço, as espécies botânicas e asituação da família <strong>de</strong> maneira forte e positiva. Ora, há <strong>de</strong>z anos, / neste chão <strong>de</strong> lava /E argila e areia e aluviões dispersas, / Entre espécies botânicas diversas, / Forte, anossa família radiava! Em oposição ao vigor do campo e da família encontra-se a irmã<strong>de</strong>licada e com uma vida breve, comparada a uma flor, na terceira estrofe: E foi numano pródigo, excelente, / Cuja amargura nada sei que adoce, /Que nós per<strong>de</strong>mos essaflor precoce, / Que cresceu e morreu rapidamente!A figura da irmã permanece ao longo da subseção três, buscando na m<strong>em</strong>óriaimagens passadas e <strong>em</strong>oção fica mais forte: Fecho os olhos e cansados, e <strong>de</strong>screvo /Das telas da m<strong>em</strong>ória retocadas. O foco do assunto é o campo e a irmã. A exportação<strong>de</strong> frutas (A exportação <strong>de</strong> frutas era um jogo: /Dependiam da sorte do mercado) e ocampo, que assume sua forma bucólica, fonte <strong>de</strong> paz, saú<strong>de</strong> e fartura, <strong>em</strong>bora al<strong>em</strong>brança da irmã vai se <strong>de</strong>lineando como inserida <strong>em</strong> seu meio, participando, mesmoausente e na m<strong>em</strong>ória, das ativida<strong>de</strong>s familiares Nos ajudavas, voluntariamente!(...).Sua tesoura <strong>de</strong> bordar era um instrumento impróprio para o trabalho no campo,reforçando a imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> moça <strong>de</strong>licada, romântica, <strong>de</strong> salões <strong>de</strong> festas Tu cortavas osbagos que não prestam / Com a tua tesoura <strong>de</strong> bordar. Higa (2010, p. 265) esclareceque a aliteração no segundo e terceiro verso da quarta estrofe são “Versos <strong>de</strong> sonorida<strong>de</strong>marcada, aliterados nos fon<strong>em</strong>as /t/, /r/ e /v/, distribuídos <strong>de</strong> modos s<strong>em</strong>iequitativo:“enTRe a Rama VIsTaR Teu RosTo alVO,/ VeR-Te escolhendo a uVa diagalVo”. Poresse par <strong>de</strong> rimas <strong>em</strong>parelhadas e pelos fon<strong>em</strong>as aliterados observa-se a <strong>em</strong>oçãorevelada pela l<strong>em</strong>brança do eu-lírico.Na subseção quatro ocorre a reafirmação da figura <strong>de</strong>licada da irmã, queprovoca o <strong>de</strong>sejo que ela tivesse o vigor das pessoas do campo para resistir àsint<strong>em</strong>péries “E antes tu, ser lindíssimo, nas faces / Tivesse “pano” como ascamponesas;”. Esses “panos” são manchas do sol (ou outras patologias) <strong>de</strong>ixadas napele. Os versos atestam também o sentimento <strong>de</strong> não ter aproveitado mais a presença dairmã, além da fuga do t<strong>em</strong>po e da não realização do carpe di<strong>em</strong>, nos versos: À procura

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