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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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106apresentam uma vida <strong>de</strong>sgastada e s<strong>em</strong> compromisso, opondo-se o rico ao pobre. Saúdao pobre como representação do saudável, não corrompido: Pobre da minha geraçãoexangue / De ricos! Antes, como os abrutados, / Andar com os sapatos ensebados, / Eter a riqueza química no sangue!A subseção oito é a última da segunda parte e a mais longa com trinta e trêsestrofes com pares <strong>de</strong> rimas interpoladas e <strong>em</strong>parelhadas ABBA. Está dividida <strong>em</strong> doiseixos, o primeiro faz referência ao campo. Na primeira estrofe há o retorno do olhar aot<strong>em</strong>po presente: Mas hoje a rústica lavoura, quer / Seja o patrão, quer seja jornaleiro, /Que inferno! Em vão o lavrador rasteiro / E a filharada lidam, e a mulher!... Naterceira estrofe, coloca-se como perfeito conhecedor da real situação do trabalhador,impostos cobrados, os vadios, os vários tipos <strong>de</strong> pragas que ating<strong>em</strong> as plantações, acompetição injusta do mercado e aponta o profissional especializado para colaborar coma melhoria da situação no campo Para a Terra parir há <strong>de</strong> ter dor, / E é para obter asásperas verda<strong>de</strong>s, / Que os agrônomos cursam nas cida<strong>de</strong>s, / E, à sua custa, apren<strong>de</strong> olavrador. O conhecimento intelectual é valorizado pelo poeta, a terra é fértil, mas hánecessida<strong>de</strong> da técnica para lidar com ela.Na próxima estrofe, o mal maior não é o que advém <strong>de</strong> todos os males apontadoscomo os probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> produção agrícola, ou o comércio que regulariza o preço, mas oque afeta a saú<strong>de</strong> e não t<strong>em</strong> cura:Ah! Não eram insetos n<strong>em</strong> as avesQue nos dariam dias tão difíceis,Se vós, sábios, na gente <strong>de</strong>scobrísseisComo se curam as doenças graves.Assim, aborda o segundo eixo com a doença, morte e sauda<strong>de</strong> da irmã MariaJulia, que morreu tísica <strong>em</strong> 1872. João Pinto <strong>de</strong> Figueiredo (1986, p. 158) elucida avigésima sétima estrofe: ”[...] e por isso a sua família não tinha, na realida<strong>de</strong>, qualquer<strong>de</strong>fesa. Outrora ela “irradiava”; agora os casos <strong>de</strong> Joaquim Tomás e <strong>de</strong> Maria Júlia<strong>de</strong>monstravam que <strong>de</strong> “troncos fortes” podiam nascer “ramos fracos”. Os versos atestama explicação do crítico: E que fazer se a geração <strong>de</strong>cai! / Se a seiva genealógica segasta! / Tudo <strong>em</strong>pobrece! Extingue-se uma casta! / Morre o filho primeiro <strong>de</strong> que o pai!Com a morte então inevitável, o poeta se revolta na subseção dois, quarta estrofe,

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