12revelando nos versos a crise portuguesa oitocentista, b<strong>em</strong> como Pissarro <strong>em</strong> suas telasmanifesta o cotidiano da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paris. A caracterização verossímil do espaço físico,social, político e econômico t<strong>em</strong> como base teórica e histórica, inicialmente, as i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong>Saraiva e Lopes (1982) e Serrão (1961), além <strong>de</strong> outras obras que dialogam no percursoda dissertação.A dissertação objetiva contribuir com a fortuna crítica <strong>de</strong> Cesário Ver<strong>de</strong> e CamillePissarro, abrindo espaço para novas leituras e ressaltando sua atualida<strong>de</strong>, longe <strong>de</strong>esgotar o assunto. A escolha dos po<strong>em</strong>as O Sentimento dum Oci<strong>de</strong>ntal e Nós justifica-sepela representação da dicotomia cida<strong>de</strong>-campo, espaços distintos retratados pelossentimentos do sujeito lírico que <strong>de</strong>ambula pela cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa e revela a realida<strong>de</strong>por meio <strong>de</strong> sua experiência pessoal. No campo, o po<strong>em</strong>a Nós refere-se à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>refugiar-se <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminados períodos <strong>de</strong> epi<strong>de</strong>mias ou quando o poeta per<strong>de</strong> seusirmãos vitimados pela tuberculose. O campo representa a fuga <strong>em</strong> busca <strong>de</strong> sua própriasaú<strong>de</strong>, <strong>em</strong>bora o poeta não o apresente i<strong>de</strong>alizado ou paradisíaco, pelo contrário, apontaa realida<strong>de</strong> e as dificulda<strong>de</strong>s enfrentadas pelo hom<strong>em</strong> campesino. Segundo a críticaespecializada, os po<strong>em</strong>as escolhidos para nossa leitura representam maturida<strong>de</strong> artísticado poeta. Na representação do espaço físico campo-cida<strong>de</strong>, eles se inser<strong>em</strong> nos preceitosda estética impressionista, permitindo ao leitor o estudo e o cotejo com telasimpressionistas como as <strong>de</strong> Camille Pissarro.Ao pesquisarmos o t<strong>em</strong>a e os autores nos bancos <strong>de</strong> dados e bibliotecas,elencamos algumas leituras acadêmicas da obra <strong>de</strong> Cesário Ver<strong>de</strong>. RelaçõesEspaciot<strong>em</strong>porais na obra poética <strong>de</strong> Cesário Ver<strong>de</strong>, dissertação <strong>de</strong> Mestrado <strong>de</strong>autoria <strong>de</strong> Sônia Maria Cintra <strong>de</strong> Araújo, Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> São Paulo, 2009;Cesário Ver<strong>de</strong> e o Desconcerto do Eu, <strong>de</strong> André Yuiti Ozawa. Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong>São Paulo, 2008; Jorge Luiz Antonio, autor da dissertação <strong>de</strong> mestrado Cores, Formas,Luz, Movimentos: O pictórico na poesia <strong>de</strong> Cesário Ver<strong>de</strong>. Pontifícia Universida<strong>de</strong>Católica, São Paulo, 1999. Clea M. O. Cresta <strong>de</strong> Moraes. LISBOA: Uma inspiraçãosurreal na poesia <strong>de</strong> Cesário Ver<strong>de</strong>. Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica, Rio <strong>de</strong> Janeiro,2003. <strong>Dissertação</strong> <strong>de</strong> Mestrado. Esses trabalhos contribuíram gran<strong>de</strong>mente naspesquisas <strong>de</strong> nossa dissertação, esclarecendo-nos a questão do pictórico na poesia <strong>de</strong>Cesário Ver<strong>de</strong>, como também a importância do espaço geográfico presente nos textosselecionados.
13Em âmbito nacional, no que se refere às publicações editoriais, encontra-se o livro<strong>de</strong> Danilo Lôbo, O pincel e a pena - outra leitura <strong>de</strong> Cesário Ver<strong>de</strong> (1999),apresentando um profundo e importante estudo sobre a relação da poesia e da pintura.Lôbo estuda os artistas plásticos Silva Porto, Monet, Degas, Arcimboldo, Courbet,Manet e Van Gogh. Divi<strong>de</strong> os po<strong>em</strong>as cesáricos <strong>em</strong> campestres pré-impressionistas eimpressionistas e urbanos pré-impressionistas e impressionistas. Convém ressaltar queos po<strong>em</strong>as estudados nesta dissertação, O Sentimento dum Oci<strong>de</strong>ntal e Nós, sãoclassificados por Lôbo como impressionistas. O autor analisa toda a obra poética <strong>de</strong>Cesário Ver<strong>de</strong>, relacionando a poesia e a pintura européia oitocentista com oimpressionismo francês. Não encontramos, porém, nenhum trabalho com o mesmocorpus e com enfoque s<strong>em</strong>elhante ao que propomos.A dissertação apresenta-se dividida <strong>em</strong> quatro capítulos assim distribuídos: noprimeiro capítulo são apresentadas, brev<strong>em</strong>ente, noções <strong>de</strong> Literatura Comparada,obe<strong>de</strong>cendo ao gran<strong>de</strong> eixo da dissertação, que consiste <strong>em</strong> comparar as duas artes,poesia e pintura. Para traçar uma trajetória, vários autores foram consultados, tendocomo base e ponto <strong>de</strong> partida as i<strong>de</strong>ias teóricas <strong>de</strong> Tânia Carvalhal (1986) e SandraNitrini (2000). Enten<strong>de</strong>mos que por muito t<strong>em</strong>po a Literatura Comparada foi estudada<strong>de</strong> maneira <strong>em</strong>pírica, s<strong>em</strong> um método que a norteasse, e <strong>em</strong> cada país teve abordag<strong>em</strong>própria, como na França, Estados Unidos e Leste Europeu, <strong>de</strong>stacando-se os formalistasrussos e estudiosos como o italiano Bene<strong>de</strong>tto Croce. Durante esse percurso e processo,a Literatura Comparada apresenta convergências e divergências quanto ao método e aoobjeto <strong>de</strong> estudo. Souriau (1969) e Praz (1982) contribuíram gran<strong>de</strong>mente com asnoções <strong>de</strong> estética comparada, sua evolução e manifestações artísticas paralelas, b<strong>em</strong>como a evolução <strong>de</strong> suas concepções, e isso está presente no capítulo primeiro.O segundo capítulo, intitulado O Diálogo interartístico: as relações da literaturacom a pintura estudam os princípios das diferentes áreas artísticas e suas possíveiscorrespondências. Noções <strong>de</strong> história da arte e sua correspondência com outrasmanifestações artísticas foram pesquisadas <strong>em</strong> obras dos estudiosos: Gombrich (2009),Lichtenstein (1994), Gonçalves (1994), e Aguiar e Silva (1990). O artista plásticoCamille Pissarro, cuja pintura pertence ao século XIX, t<strong>em</strong> Paris como centro geradordo Impressionismo. Pertencente ao grupo <strong>de</strong> artistas <strong>de</strong>sse movimento, ele traz parasuas telas as referências à cida<strong>de</strong> e ao campo. O artista vincula-se, <strong>em</strong> maior ou menor
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