132E <strong>de</strong> uma padaria exala-se, inda quente,Um cheiro salutar e honesto a pão no forno.E eu que medito um livro que exacerbe,Quisera que o real e a análise mo <strong>de</strong>ss<strong>em</strong>;Casa <strong>de</strong> confecções e modas resplan<strong>de</strong>c<strong>em</strong>;Pelas vitrines olha um ratoneiro imberbe.Longas <strong>de</strong>scidas! Não po<strong>de</strong>r pintarCom versos magistrais, salubres e sinceros,A esguia difusão dos vossos revérberos,E a vossa pali<strong>de</strong>z romântica e lunar!Que gran<strong>de</strong> cobra, a lúbrica pessoa,Que espartilhada escolhe uns xales com <strong>de</strong>buxo!Sua excelência atrai, magnética, entre luxo,Que ao longo dos balcões <strong>de</strong> mogno se amontoa.E aquela velha, <strong>de</strong> bandos! Por vezes,A sua traîne imita um leque antigo, aberto,Nas barras verticais, a duas tintas. Perto,Escarvam, à vitória, os seu meckl<strong>em</strong>burgueses.Desdobram-se tecidos estrangeiros;Plantas ornamentais secam nos mostradores;Flocos <strong>de</strong> pós <strong>de</strong> arroz pairam sufocadores,E <strong>em</strong> nuvens<strong>de</strong> cetins requebram-se os caixeiros.Mas tudo cansa! Apagam-se nas frentesOs can<strong>de</strong>labros, como estrelas, pouco a pouco;Da solidão regouga um cauteleiro rouco;Tornam-se mausoléus as armações fulgentes.“Dó da miséria!... Compaixão <strong>de</strong> mim!...”E, nas esquinas, calvo, eterno, s<strong>em</strong> repouso,Pe<strong>de</strong>-me s<strong>em</strong>pre esmola um homenzinho idoso,Meu velho professor nas aulas <strong>de</strong> latim!IV - HORAS MORTASO teto fundo <strong>de</strong> oxigênio, d’ar,Esten<strong>de</strong>-se ao comprido, ao meio das trapeiras;Vêm lágrimas <strong>de</strong> luz dos astros com olheiras,Enleva-me a quimera azul <strong>de</strong> transmigrar.Por baixo, que potões! Que arruamentos!Um parafuso cai nas lajes, às escuras:Colocam-se taipas, rang<strong>em</strong> as fechaduras,E os olhos dum caleche espantam-me, sangrentos.E eu sigo, como as linhas <strong>de</strong> uma pautaA dupla correnteza augusta das fachadas;Pois sob<strong>em</strong>, no silêncio, infaustas e trinadas,
133As notas pastoris <strong>de</strong> uma longíqua flauta.Se eu não morresse, nunca! E eternamenteBuscasse e conseguisse a perfeição das cousas!Esqueço-me a prever castíssimas esposas,Que aninh<strong>em</strong> <strong>em</strong> mansões <strong>de</strong> vidro transparente!Ó nossos filhos! Que <strong>de</strong> sonhos ágeis,Pousando, vos trarão a niti<strong>de</strong>z às vidas!Eu quero as vossas mães e irmãs estr<strong>em</strong>ecidas,Numas habitações translúcidas e frágeis.Ah! Como a raça ruiva do porvir,E as frotas dos avós, e os nômadas ar<strong>de</strong>ntes,Nós vamos explorar todos os continentesE pelas vastidões aquáticas seguir!Mas se viv<strong>em</strong>os, os <strong>em</strong>paredados,S<strong>em</strong> árvore, no vale escuro das muralhas!...Julgo avistar, na treva, as folhas das navalhasE os gritos <strong>de</strong> socorro ouvir estrangulados.E nestes nebulosos corredoresNauseiam-me surgindo, os ventres das tabernas;Na volta, com sauda<strong>de</strong>, e aos bordos sobre as pernas,Cantam, <strong>de</strong> braço dado, uns tristes bebedores.Eu não receio, todavia, os roubos;Afastam-se, a distância, os dúbios caminhantes;E sujos, s<strong>em</strong> ladrar, ósseos, febris, errantes,Amareladamente, os cães parec<strong>em</strong> lobos.E os guardas, que revistam as escadas,Caminham <strong>de</strong> lanterna e serv<strong>em</strong> <strong>de</strong> chaveiros; das sacadas.Por cima, as imorais, nos seus roupões ligeiros,Toss<strong>em</strong>, fumando sobre a pedra das sacadas.E, enorme, nesta massa irregularDe prédios sepulcrais, com dimensões <strong>de</strong> montes,A Dor humana busca os amplos horizontes,E t<strong>em</strong> marés, <strong>de</strong> fel, como um sinistro mar!______________________________________________________________________NÓSA A. <strong>de</strong> S. V.IFoi quando <strong>em</strong> dois verões, seguidamente, a FebreE o Cólera também andaram na cida<strong>de</strong>,Que esta população, com um terror <strong>de</strong> lebre,
- Page 1 and 2:
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁCE
- Page 4 and 5:
DEDICATÓRIADedicamos esta disserta
- Page 6 and 7:
Cesário diz-me muito: gostava de f
- Page 8 and 9:
ABSTRACTThe Portuguese poet Joaquim
- Page 10 and 11:
SUMÁRIORESUMO.....................
- Page 12 and 13:
CONSIDERAÇÕES INICIAISAo entardec
- Page 14 and 15:
12revelando nos versos a crise port
- Page 16 and 17:
14grau, ao seu contexto histórico
- Page 18 and 19:
16se começa a falar em método com
- Page 20 and 21:
18faleceu em Connecticut, em 1995.
- Page 22 and 23:
20do tipo original/cópia, centro/p
- Page 24 and 25:
22No entanto, Nitrini (2000, p. 184
- Page 26 and 27:
24Essa verificação de que “a ar
- Page 28 and 29:
26Os homens sempre utilizaram sinai
- Page 30 and 31:
28intelectual. Segundo Lichtenstein
- Page 32 and 33:
30observar bem para apreender a sem
- Page 34 and 35:
32apud AGUIAR e SILVA, 1990, p. 167
- Page 36 and 37:
34e justificam a proposta poética
- Page 38 and 39:
36A terceira tendência revolucion
- Page 40 and 41:
38incluindo-se Camille Pissarro. Na
- Page 42 and 43:
40mercado foi desenvolvido no exter
- Page 44 and 45:
42Pissarro morreu em novembro de 19
- Page 46 and 47:
44O segundo artista é Claude Monet
- Page 48 and 49:
46Figura 5 refere-se à tela A pont
- Page 50 and 51:
48fazem parte do segundo plano. O p
- Page 52 and 53:
50Silva Pinto, que se tornara colec
- Page 54 and 55:
52desdobramento da lírica. Do cont
- Page 56 and 57:
54Classes Laboriosas, em 1852, que
- Page 58 and 59:
56Faria e Maia, Manuel de Arriaga,
- Page 60 and 61:
58De forma aprimorada.E eu vou acom
- Page 62 and 63:
60poemas narrativos como “Don Jua
- Page 64 and 65:
62O que se configura na poesia de C
- Page 66 and 67:
64do modelo Aristotélico” (2001,
- Page 68 and 69:
66Ocorrem mudanças na sociedade bu
- Page 70 and 71:
68interpretação do verso contradi
- Page 72 and 73:
70Segundo Friedrich, a obra Flores
- Page 74 and 75:
72mundo; mas, por outro lado, o dâ
- Page 76 and 77:
744. CESÁRIO VERDE E CAMILLE PISSA
- Page 78 and 79:
76ao relacioná-lo com a abdicaçã
- Page 80 and 81:
78Camões. Há variantes entre a ed
- Page 82 and 83:
80mundo, ironicamente representado
- Page 84 and 85: 82sombrios da ordem social) é segu
- Page 86 and 87: 84Verde no século XIX que sabe que
- Page 88 and 89: 864.3 LEITURA DA PAISAGEM URBANA DO
- Page 90 and 91: 88Figura 8. PISSARRO, Camille. Boul
- Page 92 and 93: 90construções muito altas, árvor
- Page 94 and 95: 92Levou tempo para as pessoas se ac
- Page 96 and 97: 94data a expansão foi rápida, mas
- Page 98 and 99: 96Nas telas Boulevard Montmartre So
- Page 100 and 101: 98A carta é datada do dia 29 de ju
- Page 102 and 103: 100Na segunda estrofe, da parte I d
- Page 104 and 105: 102subjetiva, descreve pintando a c
- Page 106 and 107: 104da libra e do “shilling”, /
- Page 108 and 109: 106apresentam uma vida desgastada e
- Page 110 and 111: 108florestas em que há corsas, / N
- Page 112 and 113: 110falta de incentivo fiscal, técn
- Page 114 and 115: 112Figura 13. PISSARRO, Camille. Ho
- Page 116 and 117: 114da encosta do sexto plano com a
- Page 118 and 119: 116As Encostas de Vesinet, Yvelines
- Page 120 and 121: 118Imagem presente no poema OSentim
- Page 122 and 123: 120CONSIDERAÇÕES FINAISO homem in
- Page 124 and 125: 122Essas imagens chegam ao leitor e
- Page 126 and 127: 124REFERÊNCIASAGUIAR e SILVA, V. M
- Page 128 and 129: 126MOISÉS, M. A Literatura Portugu
- Page 130 and 131: 128Vê-se a cidade, mercantil, cont
- Page 132 and 133: 130E evoco, então, as crônicas na
- Page 136 and 137: 134Fugiu da capital como da tempest
- Page 138 and 139: 136E assim postas, nos barros e are
- Page 140 and 141: 138Tinhas caninos, tinhas incisivos
- Page 142 and 143: 140Todos os tipos mortos ressuscito
- Page 144 and 145: 142De como, às calmas, nessas excu
- Page 146 and 147: 144Chorassem de resina as laranjeir
- Page 148: 146Se inda trabalho é como os pres