142De como, às calmas, nessas excursões,Tinham águas salobras por refrescos;E amarelos enormes, gigantescos,Lá batiam os queixos com sezões!Tinham corrido já na adusta Espanha,Todo um fértil platô s<strong>em</strong> arvoredos,On<strong>de</strong> armavam barracas nos vinhedos,Como tendas alegres <strong>de</strong> campanha.Que pragas castelhanas, que alegrãoQuando contavam cenas <strong>de</strong> pousadas!Adoravam as cintas encarnadasE as cores como os pretos do sertão!E tinham, s<strong>em</strong> que a lei a tal obrigue,A educação vistosa das viagens!Uns por terra partiam e estalagens,Outros, aos montes, no convés dum brigue!Só um havia, triste e s<strong>em</strong> falarQue arrastava a maior misantropia,E, roxo como fígado, bebiaO vinho tinto que eu mandava dar!Pobre da minha geração exangueDe ricos! Antes, como os abrutados,Andar com os sapatos ensebados,E ter a riqueza química no sangue!***Mas hoje a rústica lavoura, querSeja o patrão, quer seja jornaleiro,Que inferno! Em vão o lavrador rasteiroE a filharada lidam, e a mulher!...Des<strong>de</strong> o princípio ao fim é uma maçadaDe mil <strong>de</strong>mônios! Torna-se precisoTer se muito vigor, muito juízoPara trazer a vida equilibrada!Hoje eu sei quanto custa criarAs cepas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que eu as podo e <strong>em</strong>po.Ah! O campo não é um passat<strong>em</strong>poCom bucolismo, rouxinóis, luar.A nós tudo nos rouba e nos dizima:O rapazio, o imposto, as pardaladas,As osgas peçonhentas, achatadas,E as abelhas que engordam na vindima.E o pulgão, a lagarta, os caracóis,E há inda, além do mais com que se ateima,As int<strong>em</strong>péries, o granizo, a queima,
143E a concorrência com os espanhóis.Na venda, os vinhateiros d’AlmeriaCompet<strong>em</strong> contra os nossos fazen<strong>de</strong>iros.Dão frutas aos leilões dos estrangeiros,Por uma cotação que nos <strong>de</strong>svia!Pois tantos contras, ru<strong>de</strong>s como são,Forte e teimoso, o camponês <strong>de</strong>strói-os!Venham <strong>de</strong> lá pesados os comboiosE os “busques” estivados no porão!Não, não é justo que eu a culpa lanceSobre estes nadas! Puras bagatelas!Nós não viv<strong>em</strong>os só <strong>de</strong> coisas belas,N<strong>em</strong> tudo corre como num romance!Para a Terra parir há <strong>de</strong> ter dor,E é para obter as ásperas verda<strong>de</strong>s,Que os agrônomos cursam nas cida<strong>de</strong>s,E, à sua custa, apren<strong>de</strong> o lavrador.Ah! Não eram insetos n<strong>em</strong> as avesQue nos dariam dias tão difíceis,Se vós, sábios, na gente <strong>de</strong>scobrísseisComo se curam as doenças graves.Não val<strong>em</strong> nada a cava, a enxofra, e o mais!Dificultoso trato das searas!Lutas constantes sobre as jornas caras!Compras <strong>de</strong> bois nas feiras anuais!O que a alegria <strong>em</strong> nós <strong>de</strong>strói e mata,Não é re<strong>de</strong> arrastante d’escalracho,N<strong>em</strong> é “suão” queimante como um facho,N<strong>em</strong> invasões bulbosas d’erva-pata.Podia ter secado o poço <strong>em</strong> que euMe <strong>de</strong>bruçava e te pregava sustos,E mais as ervas, árvores e arbustosQue - tanta vez! - a tua mão colheu.“Moléstia negra” n<strong>em</strong> “charbon” não era,Como um archote incendiando as parras!Tão-pouco as bastas e invisíveis garras,Da enorme legião do filoxera!Podiam mesmo, com o que contêm,Os muros ter caído às invernias!Somos fortes! As nossas energiasTudo venc<strong>em</strong> e domam muito b<strong>em</strong>!Que os rios, sim, que como touros mug<strong>em</strong>,Transbordando atulhass<strong>em</strong> as regueiras!
- Page 1 and 2:
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁCE
- Page 4 and 5:
DEDICATÓRIADedicamos esta disserta
- Page 6 and 7:
Cesário diz-me muito: gostava de f
- Page 8 and 9:
ABSTRACTThe Portuguese poet Joaquim
- Page 10 and 11:
SUMÁRIORESUMO.....................
- Page 12 and 13:
CONSIDERAÇÕES INICIAISAo entardec
- Page 14 and 15:
12revelando nos versos a crise port
- Page 16 and 17:
14grau, ao seu contexto histórico
- Page 18 and 19:
16se começa a falar em método com
- Page 20 and 21:
18faleceu em Connecticut, em 1995.
- Page 22 and 23:
20do tipo original/cópia, centro/p
- Page 24 and 25:
22No entanto, Nitrini (2000, p. 184
- Page 26 and 27:
24Essa verificação de que “a ar
- Page 28 and 29:
26Os homens sempre utilizaram sinai
- Page 30 and 31:
28intelectual. Segundo Lichtenstein
- Page 32 and 33:
30observar bem para apreender a sem
- Page 34 and 35:
32apud AGUIAR e SILVA, 1990, p. 167
- Page 36 and 37:
34e justificam a proposta poética
- Page 38 and 39:
36A terceira tendência revolucion
- Page 40 and 41:
38incluindo-se Camille Pissarro. Na
- Page 42 and 43:
40mercado foi desenvolvido no exter
- Page 44 and 45:
42Pissarro morreu em novembro de 19
- Page 46 and 47:
44O segundo artista é Claude Monet
- Page 48 and 49:
46Figura 5 refere-se à tela A pont
- Page 50 and 51:
48fazem parte do segundo plano. O p
- Page 52 and 53:
50Silva Pinto, que se tornara colec
- Page 54 and 55:
52desdobramento da lírica. Do cont
- Page 56 and 57:
54Classes Laboriosas, em 1852, que
- Page 58 and 59:
56Faria e Maia, Manuel de Arriaga,
- Page 60 and 61:
58De forma aprimorada.E eu vou acom
- Page 62 and 63:
60poemas narrativos como “Don Jua
- Page 64 and 65:
62O que se configura na poesia de C
- Page 66 and 67:
64do modelo Aristotélico” (2001,
- Page 68 and 69:
66Ocorrem mudanças na sociedade bu
- Page 70 and 71:
68interpretação do verso contradi
- Page 72 and 73:
70Segundo Friedrich, a obra Flores
- Page 74 and 75:
72mundo; mas, por outro lado, o dâ
- Page 76 and 77:
744. CESÁRIO VERDE E CAMILLE PISSA
- Page 78 and 79:
76ao relacioná-lo com a abdicaçã
- Page 80 and 81:
78Camões. Há variantes entre a ed
- Page 82 and 83:
80mundo, ironicamente representado
- Page 84 and 85:
82sombrios da ordem social) é segu
- Page 86 and 87:
84Verde no século XIX que sabe que
- Page 88 and 89:
864.3 LEITURA DA PAISAGEM URBANA DO
- Page 90 and 91:
88Figura 8. PISSARRO, Camille. Boul
- Page 92 and 93:
90construções muito altas, árvor
- Page 94 and 95: 92Levou tempo para as pessoas se ac
- Page 96 and 97: 94data a expansão foi rápida, mas
- Page 98 and 99: 96Nas telas Boulevard Montmartre So
- Page 100 and 101: 98A carta é datada do dia 29 de ju
- Page 102 and 103: 100Na segunda estrofe, da parte I d
- Page 104 and 105: 102subjetiva, descreve pintando a c
- Page 106 and 107: 104da libra e do “shilling”, /
- Page 108 and 109: 106apresentam uma vida desgastada e
- Page 110 and 111: 108florestas em que há corsas, / N
- Page 112 and 113: 110falta de incentivo fiscal, técn
- Page 114 and 115: 112Figura 13. PISSARRO, Camille. Ho
- Page 116 and 117: 114da encosta do sexto plano com a
- Page 118 and 119: 116As Encostas de Vesinet, Yvelines
- Page 120 and 121: 118Imagem presente no poema OSentim
- Page 122 and 123: 120CONSIDERAÇÕES FINAISO homem in
- Page 124 and 125: 122Essas imagens chegam ao leitor e
- Page 126 and 127: 124REFERÊNCIASAGUIAR e SILVA, V. M
- Page 128 and 129: 126MOISÉS, M. A Literatura Portugu
- Page 130 and 131: 128Vê-se a cidade, mercantil, cont
- Page 132 and 133: 130E evoco, então, as crônicas na
- Page 134 and 135: 132E de uma padaria exala-se, inda
- Page 136 and 137: 134Fugiu da capital como da tempest
- Page 138 and 139: 136E assim postas, nos barros e are
- Page 140 and 141: 138Tinhas caninos, tinhas incisivos
- Page 142 and 143: 140Todos os tipos mortos ressuscito
- Page 146 and 147: 144Chorassem de resina as laranjeir
- Page 148: 146Se inda trabalho é como os pres