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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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107terceiro e quarto versos: As doenças assaltam os bondosos / E – custa a crer – <strong>de</strong>ixamviver os maus!, Segundo Figueiredo (1986, p. 159), não havia contra o que se revoltar:“Logicamente contra ninguém. Ou então contra absurdida<strong>de</strong> da vida, contra a falta <strong>de</strong>um Deus que as filosofias não logram substituir, [...]”. Declara-se o poeta s<strong>em</strong> religião enão sabe on<strong>de</strong> encontrar a irmã, por meio <strong>de</strong> uma exclamativa seguida <strong>de</strong> reticência<strong>de</strong>ixa <strong>em</strong> aberto o pensamento na oitava subseção, na trigésima primeira estrofe: Nósignoramos, s<strong>em</strong> religião, / Ao rasgarmos caminho, a fé perdida, / Se te v<strong>em</strong>os ao fim<strong>de</strong>sta avenida / Ou essa horrível aniquilação! Porém, na trigésima segunda estrofe,reforça as características <strong>de</strong> um ser mártir santificado: E ó minha mártir 13 , minhavirg<strong>em</strong>, minha / infeliz e celeste criatura, / Tu l<strong>em</strong>bra-nos <strong>de</strong> longe a paz futura, / Noteu jazigo, como uma santinha! Na estrofe seguinte, busca a irmã com o olhar voltadopara o céu: E, enquanto a mim, és tu que substituis/ Todo o mistério, toda a santida<strong>de</strong>, /Quando <strong>em</strong> busca do reino da verda<strong>de</strong> / Eu ergo o meu olhar aos céus azuis!A terceira parte do po<strong>em</strong>a com cinco estrofes <strong>de</strong> quatro versos cada, com rimasalternadas ABAB, imprime um ritmo rápido, ao encerrar o t<strong>em</strong>a. Voltam à cida<strong>de</strong> eocorre a doença e a morte do irmão Joaquim Tomás, também vítima <strong>de</strong> tuberculose, <strong>de</strong>zanos <strong>de</strong>pois da morte <strong>de</strong> sua irmã, <strong>em</strong> 1882. Este fato o abala profundamente, sentindoseinjustiçado. Assim expressa nos versos: Que sinto só <strong>de</strong>sdém pela literatura, / E até<strong>de</strong>sprezo e esqueço os meus amados versos! / Se inda trabalho é como os presos no<strong>de</strong>gredo, / Com planos <strong>de</strong> vingança e i<strong>de</strong>ias insubmissas. Há, ainda, recorrências do<strong>em</strong>prego <strong>de</strong> personificação, palavras estrangeiras, locais fora <strong>de</strong> Portugal, prosaísmo eoutros, presentes ao longo do po<strong>em</strong>a. As palavras “Febre” e “Cólera” marcas centrais dopo<strong>em</strong>a r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> ao gran<strong>de</strong> mal que assolou a população, famílias inteiras foramdizimadas porque não havia cura. O espaço personalizado “Sul” na terceira subseção,quarta estrofe <strong>de</strong>screve o local agradável, nesse verso refere-se à irmã e à natureza: Eraadmirável – neste grau do Sul! - / Entre a rama avistar teu rosto alvo.Os po<strong>de</strong>res político, econômico e militar vêm personificados pelas palavras“Coroa”, “Banco”, e “Almirantado”, palavras marcadas por artigos <strong>de</strong>finidos na sextaestrofe na quinta subseção Pois, a Coroa, o Banco, o Almirantado / Não as têm nas13 Grifos nossos.

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