138Tinhas caninos, tinhas incisivos,E podias ser ru<strong>de</strong> como nós!Pois neste sítio, que era <strong>de</strong> sequeiro,Todo o gênero ar<strong>de</strong>nte resistia,E à larguíssima luz Meio-dia,Tomava um tom opálico e trigueiro!***Sim Europa do Norte, o que supõesDos vergéis que abastec<strong>em</strong> teus banquetes,Quando às docas, com frutas, os paquetesChegam antes das tuas estações?!Oh! As ricas “primeurs” da nossa terraE as tuas frutas ácidas, tardias,No azedo amoniacal das queijariasDos fleumáticos “farmers” d’Inglaterra!Ó cida<strong>de</strong> fabris, industriais,De nevoeiros, poeiradas <strong>de</strong> hulha,Que pensais do país que vos atulhaCom a fruta que sai <strong>de</strong> seus quintais?Todos os anos, que frescor se exala!Abundâncias felizes que eu recordo!Carradas brutas que iam para a bordo!Vapores por aqui fazendo escala!Uma alta parreira moscatelPor doce não servia para <strong>em</strong>barque:Palácios que ro<strong>de</strong>iam o Hi<strong>de</strong>-Park,Não conheceis este divino mel!Pois a Coroa, o Banco, o Almirantado,Não as têm nas florestas <strong>em</strong> que há corças,N<strong>em</strong> <strong>em</strong> vós que dobrais as vossas forças,Pradarias dum ver<strong>de</strong> ilimitado!Ango-Saxônicos, ten<strong>de</strong>s que invejar!Ricos suicidas, comparai convosco!Aqui tudo espontâneo, alegre tosco,Facílimo, evi<strong>de</strong>nte, salutar!Opon<strong>de</strong> às regiões que dão os vinhosVossos montes d’escórias inda quentes!E as febris oficinas estri<strong>de</strong>ntesÀs nossas tecelagens e moinhos!E ó condados mineiros! ExtensõesCarboníferas! Fundas galerias!
139Fábricas a vapor! Cutelarias!E mecânicas, tristes fiações!B<strong>em</strong> sei que preparais corretamenteO aço e a seda, as lâminas e o estofo:Tudo o que há <strong>de</strong> mais dúctil, <strong>de</strong> mais fofo,Tudo o que há <strong>de</strong> mais rijo e resistente!Mas tudo isso é falso, é maquinal,S<strong>em</strong> vida, como um círculo ou um quadrado,Com essa perfeição do fabricado,S<strong>em</strong> o ritmo do vivo e do real!E cá o santo sol, sobre isso tudo,Faz conceber as ver<strong>de</strong>s ribanceiras;Lança as rosáceas belas e fruteirasNas searas <strong>de</strong> trigo palhagudo!Uma al<strong>de</strong>ia daqui é mais feliz,Londres sombria, <strong>em</strong> que cintila a corte!...Mesmo que tu, que vives a compor-te,Gran<strong>de</strong> seio arquejante <strong>de</strong> Paris!...Ah! Que <strong>de</strong> glória, que <strong>de</strong> coloridos,Quando por meu mandado e meu conselho,Cá se <strong>em</strong>papelam “as maçãs d’espelhos”Que Herbert Spencer talvez tenha comido!Para alguns são prosaicos,são banaisEstes versos <strong>de</strong> fibra suculenta;Como se a polpa que nos <strong>de</strong>ss<strong>de</strong>ntaN<strong>em</strong> ao menos valesse uns madrigais!Pois o que a boca trava com surpresasSenão as frutas tônicas e puras!Ah! Num jantar <strong>de</strong> carnes e gordurasA graça vegetal das sobr<strong>em</strong>esas!...Jack, marujo inglês, tu tens razãoQuando ancorado <strong>em</strong> portos como os nossos,As laranjas com cascas e caroçosComes com bestial sofreguidão!...***A Impressão doutros t<strong>em</strong>pos, s<strong>em</strong>pre viva,Dá estr<strong>em</strong>eções no meu passado morto,E inda vejo, muita vez, absorto,Pelas várzeas da minha retentiva.Então recordo a paz familiar,Todo um painel pacífico d’enganos!E a distância fatal duns poucos <strong>de</strong> anosÉ uma lente convexa, d’aumentar.
- Page 1 and 2:
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁCE
- Page 4 and 5:
DEDICATÓRIADedicamos esta disserta
- Page 6 and 7:
Cesário diz-me muito: gostava de f
- Page 8 and 9:
ABSTRACTThe Portuguese poet Joaquim
- Page 10 and 11:
SUMÁRIORESUMO.....................
- Page 12 and 13:
CONSIDERAÇÕES INICIAISAo entardec
- Page 14 and 15:
12revelando nos versos a crise port
- Page 16 and 17:
14grau, ao seu contexto histórico
- Page 18 and 19:
16se começa a falar em método com
- Page 20 and 21:
18faleceu em Connecticut, em 1995.
- Page 22 and 23:
20do tipo original/cópia, centro/p
- Page 24 and 25:
22No entanto, Nitrini (2000, p. 184
- Page 26 and 27:
24Essa verificação de que “a ar
- Page 28 and 29:
26Os homens sempre utilizaram sinai
- Page 30 and 31:
28intelectual. Segundo Lichtenstein
- Page 32 and 33:
30observar bem para apreender a sem
- Page 34 and 35:
32apud AGUIAR e SILVA, 1990, p. 167
- Page 36 and 37:
34e justificam a proposta poética
- Page 38 and 39:
36A terceira tendência revolucion
- Page 40 and 41:
38incluindo-se Camille Pissarro. Na
- Page 42 and 43:
40mercado foi desenvolvido no exter
- Page 44 and 45:
42Pissarro morreu em novembro de 19
- Page 46 and 47:
44O segundo artista é Claude Monet
- Page 48 and 49:
46Figura 5 refere-se à tela A pont
- Page 50 and 51:
48fazem parte do segundo plano. O p
- Page 52 and 53:
50Silva Pinto, que se tornara colec
- Page 54 and 55:
52desdobramento da lírica. Do cont
- Page 56 and 57:
54Classes Laboriosas, em 1852, que
- Page 58 and 59:
56Faria e Maia, Manuel de Arriaga,
- Page 60 and 61:
58De forma aprimorada.E eu vou acom
- Page 62 and 63:
60poemas narrativos como “Don Jua
- Page 64 and 65:
62O que se configura na poesia de C
- Page 66 and 67:
64do modelo Aristotélico” (2001,
- Page 68 and 69:
66Ocorrem mudanças na sociedade bu
- Page 70 and 71:
68interpretação do verso contradi
- Page 72 and 73:
70Segundo Friedrich, a obra Flores
- Page 74 and 75:
72mundo; mas, por outro lado, o dâ
- Page 76 and 77:
744. CESÁRIO VERDE E CAMILLE PISSA
- Page 78 and 79:
76ao relacioná-lo com a abdicaçã
- Page 80 and 81:
78Camões. Há variantes entre a ed
- Page 82 and 83:
80mundo, ironicamente representado
- Page 84 and 85:
82sombrios da ordem social) é segu
- Page 86 and 87:
84Verde no século XIX que sabe que
- Page 88 and 89:
864.3 LEITURA DA PAISAGEM URBANA DO
- Page 90 and 91: 88Figura 8. PISSARRO, Camille. Boul
- Page 92 and 93: 90construções muito altas, árvor
- Page 94 and 95: 92Levou tempo para as pessoas se ac
- Page 96 and 97: 94data a expansão foi rápida, mas
- Page 98 and 99: 96Nas telas Boulevard Montmartre So
- Page 100 and 101: 98A carta é datada do dia 29 de ju
- Page 102 and 103: 100Na segunda estrofe, da parte I d
- Page 104 and 105: 102subjetiva, descreve pintando a c
- Page 106 and 107: 104da libra e do “shilling”, /
- Page 108 and 109: 106apresentam uma vida desgastada e
- Page 110 and 111: 108florestas em que há corsas, / N
- Page 112 and 113: 110falta de incentivo fiscal, técn
- Page 114 and 115: 112Figura 13. PISSARRO, Camille. Ho
- Page 116 and 117: 114da encosta do sexto plano com a
- Page 118 and 119: 116As Encostas de Vesinet, Yvelines
- Page 120 and 121: 118Imagem presente no poema OSentim
- Page 122 and 123: 120CONSIDERAÇÕES FINAISO homem in
- Page 124 and 125: 122Essas imagens chegam ao leitor e
- Page 126 and 127: 124REFERÊNCIASAGUIAR e SILVA, V. M
- Page 128 and 129: 126MOISÉS, M. A Literatura Portugu
- Page 130 and 131: 128Vê-se a cidade, mercantil, cont
- Page 132 and 133: 130E evoco, então, as crônicas na
- Page 134 and 135: 132E de uma padaria exala-se, inda
- Page 136 and 137: 134Fugiu da capital como da tempest
- Page 138 and 139: 136E assim postas, nos barros e are
- Page 142 and 143: 140Todos os tipos mortos ressuscito
- Page 144 and 145: 142De como, às calmas, nessas excu
- Page 146 and 147: 144Chorassem de resina as laranjeir
- Page 148: 146Se inda trabalho é como os pres