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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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72mundo; mas, por outro lado, o dândi aspira à insensibilida<strong>de</strong>, [...]” (1988, p. 169-170).Já o flâneur <strong>em</strong> Cesário Ver<strong>de</strong> se sensibiliza com a multidão, sente seus anseios s<strong>em</strong>que ela mesma perceba suas próprias aflições e necessida<strong>de</strong>s, sendo o el<strong>em</strong>ento queaproxima Cesário Ver<strong>de</strong> do flâneur junto a multidão <strong>de</strong>finido por Bau<strong>de</strong>laire:A multidão é seu universo, como o ar é dos pássaros, como a água, odos peixes. Sua paixão e profissão é <strong>de</strong>sposar a multidão. Para operfeito flâneur, para o observador apaixonado, é um imenso júbilofixar residência no numeroso, no ondulante, no movimento, no fugidioe no infinito (1988, p. 170).Em relação ao “cristianismo” <strong>em</strong> Bau<strong>de</strong>laire, Friedrich alega a dissonância entresatanismo e i<strong>de</strong>alida<strong>de</strong> que resulta na característica <strong>de</strong> conteúdo da lírica posterior, a dai<strong>de</strong>alida<strong>de</strong> vazia. O crítico vai para o campo das palavras mais utilizadas por Bau<strong>de</strong>lairee afirma que, pelas palavras, há dois grupos opostos como: obscurida<strong>de</strong>, abismo,angústia, <strong>de</strong>solação, <strong>de</strong>serto, prisão, frio, negro, pútrido, <strong>em</strong> oposição a: ímpeto, azul,céu, i<strong>de</strong>al, luz, pureza. Ocorre também dissonância lexical, como “gran<strong>de</strong>za suja”,“caído e encantador”, “horror sedutor”, “negro luminoso”, e Friedrich explica que essesoxímoros são próprios para exprimir estados complexos da alma. Por meio <strong>de</strong>expressões, <strong>de</strong> palavras e da estrutura do po<strong>em</strong>a, relacionando o termo e a doutrinacristã, Friedrich traça a i<strong>de</strong>alida<strong>de</strong> vazia. Salienta que <strong>em</strong> Bau<strong>de</strong>laire o mal satânico e ai<strong>de</strong>alida<strong>de</strong> vazia têm o sentido <strong>de</strong> <strong>de</strong>svelar aquela excitação que possibilita a fuga domundo banal, mas a fuga é s<strong>em</strong> meta, não vai além da excitação dissonante. Na análise<strong>de</strong> Friedrich do último po<strong>em</strong>a Flores do Mal, nas tentativas <strong>de</strong> evasão pela morte,atraído pelo novo e que este novo é in<strong>de</strong>finível. Assim a i<strong>de</strong>alida<strong>de</strong> bau<strong>de</strong>lairianaapresenta o conceito <strong>de</strong> morte como negativo e <strong>de</strong>stituído <strong>de</strong> conteúdo.Friedrich salienta na lírica e na arte mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong> Bau<strong>de</strong>laire o mais importante éa discussão sobre a fantasia, e que para Bau<strong>de</strong>laire o sonho é a capacida<strong>de</strong> criativa porexcelência; através da fantasia cria-se um mundo novo. Este princípio que permeia asteorias <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XVI é fundamental para a estética mo<strong>de</strong>rna. Em oposição àfantasia v<strong>em</strong> a fotografia que copia o real. Bau<strong>de</strong>laire se posiciona contra ela, sendo quea i<strong>de</strong>alização daquele momento difere, segundo Friedrich, da antiga estética,<strong>em</strong>belezamento, mas, sim, <strong>de</strong>srealização e pressupõe um ato ditatorial. Friedrich apontaque Bau<strong>de</strong>laire con<strong>de</strong>na também as ciências naturais, pois sua interpretação cientifica

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