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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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71O po<strong>em</strong>a XIII Spleen <strong>de</strong> Bau<strong>de</strong>laire e o po<strong>em</strong>a O Sentimento dum Oci<strong>de</strong>ntal 6 <strong>de</strong>Cesário Ver<strong>de</strong> são ex<strong>em</strong>plos da ocorrência do tédio nas obras <strong>de</strong>sses poetas. Em XIIISpleen há o distanciamento do eu-lírico, apresentado ao leitor como poeta com alma <strong>de</strong>velho e com voz triste <strong>de</strong> fantasma, tal como um gato no telhado (“A alma <strong>de</strong> um velhopoeta erra pelo telhado / Com sua triste voz <strong>de</strong> fantasma chuvoso. No po<strong>em</strong>a OSentimento dum Oci<strong>de</strong>ntal, <strong>de</strong> Cesário Ver<strong>de</strong>, ocorre o posicionamento do sujeito líricona primeira estrofe: “Nas nossas ruas, ao anoitecer, / Há tal soturnida<strong>de</strong>, há talmelancolia, / Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia / Despertam-me um <strong>de</strong>sejoabsurdo <strong>de</strong> sofrer.” A visão das sombras que se acentuam, o escutar dos sonsincessantes gradualmente abafados e o cheiro <strong>de</strong> maresia exalado pelo rio, <strong>de</strong>spertam o<strong>de</strong>sejo absurdo <strong>de</strong> sofrer, expressão subjetiva da melancolia da própria cida<strong>de</strong>. Há umclima <strong>de</strong> tristeza e tédio <strong>em</strong> ambos os po<strong>em</strong>as. Porém, no primeiro texto, o sujeito líricoaponta a “Pluviôse”, o estado chuvoso como um fator negativo, que aprisiona eentristece: De sua urna <strong>de</strong>speja um frio tenebroso / Aos pálidos e sós do c<strong>em</strong>itério aolado / E a mortanda<strong>de</strong> a cada arrabal<strong>de</strong> brumoso”, el<strong>em</strong>entos que cooperam com umambiente <strong>de</strong> morte reforçado pela sinestesia do som e do olfato: “Acompanha <strong>em</strong> falsetea pêndula roufenha, / Enquanto num baralho, entre maus cheiros juntos,”.Em O Sentimento dum Oci<strong>de</strong>ntal o eu-lírico <strong>de</strong>ambula pela cida<strong>de</strong>. Junto aosedifícios e o céu baixo sente também um ambiente <strong>de</strong> prisão. Percorre a t<strong>em</strong>ática do<strong>de</strong>sespero e protesto que atormenta um “oci<strong>de</strong>ntal”, face a face à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa,percorrida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o anoitecer até a <strong>completa</strong> escuridão das “horas mortas”. A cida<strong>de</strong>representa também o todo da civilização oci<strong>de</strong>ntal a que Portugal pertence, e osentimento que ela provoca, “melancolia”, “enjôo”, “<strong>de</strong>sejo absurdo <strong>de</strong> sofrer” é, aomesmo t<strong>em</strong>po, um produto <strong>de</strong>ssa civilização e um protesto contra elaEm O Sentimento dum Oci<strong>de</strong>ntal o sujeito lírico se solidariza com a situação.Em ambos os po<strong>em</strong>as há um ambiente <strong>de</strong> tédio e <strong>de</strong> melancolia. Porém, no texto <strong>de</strong>Bau<strong>de</strong>laire não existe solidarieda<strong>de</strong> da parte do sujeito lírico, a situação é apresentadacomo fruto <strong>de</strong> algumas circunstâncias: “Herança <strong>de</strong> uma velha hidrópica, parente, / Umadama e um valete vão, sinistramente, / Recordando entre si seus amores <strong>de</strong>funtos.”.Charles Bau<strong>de</strong>laire distingue o dândi do flâneur “[...] pois a palavra dândi implica umaquintessência <strong>de</strong> caráter e uma compreensão sutil <strong>de</strong> todo mecanismo moral <strong>de</strong>ste6 O texto completo está disponível na seção Anexos <strong>de</strong>sta dissertação.

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