108florestas <strong>em</strong> que há corsas, / N<strong>em</strong> <strong>em</strong> vós que dobrais as vossas forças, / Pradarias dumver<strong>de</strong> ilimitado! Depreen<strong>de</strong>-se que a força do campo suplanta as <strong>de</strong>mais.Na oitava subseção, nona estrofe, o el<strong>em</strong>ento natural “Terra” significa o espaçogerador <strong>de</strong> vida, ao longo do po<strong>em</strong>a os el<strong>em</strong>entos da natureza são apresentados comopuros, que dão força e vida. Contrariamente, a “Morte” apresenta-se personalizada nasubseção oito, vigésima segunda estrofe: Se a Morte nos procura <strong>em</strong> nossos leitos! Amorte que procura a família <strong>de</strong> Cesário Ver<strong>de</strong> e a todos. Com a referência ao fatal, ela<strong>de</strong>ixa o peso da ausência, a sauda<strong>de</strong>: T<strong>em</strong>os ainda o culto pelos Mortos,/ Esses ausentesque não voltam nunca!As palavras personificadas no po<strong>em</strong>a obe<strong>de</strong>c<strong>em</strong> à or<strong>de</strong>m Febre, Cólera, Sul,Coroa, Banco, Almirantado, Terra, Morte, Mortos, <strong>de</strong>nunciam um ciclo iniciado comuma situação <strong>de</strong> pânico e, por meio do recurso da m<strong>em</strong>ória, voltam aos t<strong>em</strong>pos bons esaudáveis fechando o ciclo com os mortos pela situação <strong>de</strong>nunciada. O ciclo tambémestá presente no <strong>em</strong>prego <strong>de</strong> palavras estrangeiras na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> aparecimento no po<strong>em</strong>a;city (Como um domingo inglês na “city”, que <strong>de</strong>sterros!),na quinta estrofe da primeiraparte do po<strong>em</strong>a; lunch (Tu refeita e feliz com o teu “lunch”) na terceira subseção, naterceira estrofe; shilling, (À procura da libra e do “shilling”), na terceira subseção,quarta estrofe, <strong>de</strong>nomina a moeda inglesa equivalente à vigésima parte da libra queesteve <strong>em</strong> vigor até 1971; miss, (Que o teu alvor romântico <strong>de</strong> “miss”), presente nasubseção quatro, terceira estrofe, tratamento dado as senhoritas, reforça a imag<strong>em</strong>retratada da irmã, moça romântica e <strong>de</strong>licada. Na subseção cinco, na segunda estrofe,duas palavras estrangeiras. Primeurs, do francês, no sentido <strong>de</strong> novida<strong>de</strong>, para acentuarqualida<strong>de</strong> e fineza aos produtos <strong>de</strong> sua terra <strong>em</strong> oposição explícita aos produtos inglesesOh! As ricas “primeurs” da nossa terra / E as tuas frutas ácidas, tardias, / No azedoamoniacal das queijarias / Dos fleumáticos “farmers” d’Inglaterra! A palavra francesaCharbon, na subseção oito, décima quarta estrofe, <strong>de</strong>signa carvão, nome <strong>de</strong> pragacausada por fungos: Moléstia negra” n<strong>em</strong> “charbon” não era.Evi<strong>de</strong>ncia-se, assim, a sequência <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias nas palavras city, lunch, shilling,primeurs, farmers e charbon. As doenças, mortes e pânico provocam uma paralisaçãodas ativida<strong>de</strong>s na cida<strong>de</strong>, situação comparada a uma city inglesa no dia <strong>de</strong> domingo. Apalavra lunch refere-se à alimentação e às necessida<strong>de</strong>s básicas; shilling r<strong>em</strong>ete ao
109mundo prático, aos negócios que envolv<strong>em</strong> as pessoas impedindo-as <strong>de</strong> enxergar ascoisas simples da vida, como a <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za da irmã, por ex<strong>em</strong>plo.Como afirma Jules L<strong>em</strong>aitre (apud LÔBO, 1999, p. 73): “O uso que faz CesárioVer<strong>de</strong> <strong>de</strong> palavras estrangeiras, sobretudo francesas, <strong>em</strong> seus po<strong>em</strong>as l<strong>em</strong>bra o gostodos escritores impressionistas, notadamente impressionistas, notadamente dosGoncourts, pelos neologismos e pelas expressões bizarras [...] Entre outros el<strong>em</strong>entos,explica Lôbo (1999) que a utilização <strong>de</strong> palavras estrangeiras por Cesário Ver<strong>de</strong>imprime aos seus textos um tom cosmopolita e uma maneira <strong>de</strong> evasão do lugar. Nopo<strong>em</strong>a Nós ele inclui outros lugares da Europa, como Liverpool, cida<strong>de</strong> inglesa, nasubseção três, quarta estrofe Que eu <strong>em</strong>barcava para Liverpool. A Europa do Norte nasubseção cinco, primeira estrofe: Sim! Europa do Norte, o que supões / Dos vergéis queabastec<strong>em</strong> teus banquetes, / Quando às docas, com frutas, os paquetes / Chegam antesdas tuas estações?! Hi<strong>de</strong> Park, localizado na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Londres, apresentado nasubseção cinco, quinta estrofe Palácios que ro<strong>de</strong>iam o Hi<strong>de</strong> Park. E na sétima estrofe, areferência aos anglo-saxônios, Anglo-Saxônios, ten<strong>de</strong>s que invejar! Londres e Paris nadécima terceira estrofe Uma al<strong>de</strong>ia daqui é mais feliz, / Londres sombria, <strong>em</strong> que cintilaa corte!... / Mesmo que tu, que vives a compor-te, / Gran<strong>de</strong> seio arquejante <strong>de</strong>Paris!...Na subseção sete, segunda estrofe menciona “Andalucia” (Andaluzia), regiãosul da Espanha e as “haciendas” (fazendas) na “Andalucia”. Nenhum lugar externo, sejacom seus produtos industrializados, ar<strong>de</strong>nte como <strong>em</strong> Andaluzia, ou intelectual comoParis, não são saudáveis como os campos <strong>de</strong> Portugal.O poeta sente orgulho <strong>de</strong> seus produtos agrícolas que abastec<strong>em</strong> lugares comprodução industrial, Londres, e também da produção intelectual, Paris, cida<strong>de</strong>s maisavançadas econômica e culturalmente que Portugal. No entanto, é Portugal que lhesfornece produtos <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>. O último país a que faz referência é a vizinha“adusta” quente e ar<strong>de</strong>nte Espanha, antiga rival e concorrente, apresentada na subseçãosete, primeira estrofe Os fruteiros, tostados pelos sóis, <strong>de</strong>monstrando uma produçãoagrícola prejudicada pelo calor, on<strong>de</strong> ocorr<strong>em</strong> doenças como a febre (“sezões”): Lábatiam o queixo com sezões!, <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> pessoas, gerações mais fracas.Na subseção oito há, porém, um retorno ao t<strong>em</strong>po presente, marcado no primeiroe segundo versos da primeira estrofe: Mas hoje a rústica lavoura, quer / Seja o patrão,quer seja o jornaleiro, direciona seu olhar para a situação do campo com suas pragas,
- Page 1 and 2:
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁCE
- Page 4 and 5:
DEDICATÓRIADedicamos esta disserta
- Page 6 and 7:
Cesário diz-me muito: gostava de f
- Page 8 and 9:
ABSTRACTThe Portuguese poet Joaquim
- Page 10 and 11:
SUMÁRIORESUMO.....................
- Page 12 and 13:
CONSIDERAÇÕES INICIAISAo entardec
- Page 14 and 15:
12revelando nos versos a crise port
- Page 16 and 17:
14grau, ao seu contexto histórico
- Page 18 and 19:
16se começa a falar em método com
- Page 20 and 21:
18faleceu em Connecticut, em 1995.
- Page 22 and 23:
20do tipo original/cópia, centro/p
- Page 24 and 25:
22No entanto, Nitrini (2000, p. 184
- Page 26 and 27:
24Essa verificação de que “a ar
- Page 28 and 29:
26Os homens sempre utilizaram sinai
- Page 30 and 31:
28intelectual. Segundo Lichtenstein
- Page 32 and 33:
30observar bem para apreender a sem
- Page 34 and 35:
32apud AGUIAR e SILVA, 1990, p. 167
- Page 36 and 37:
34e justificam a proposta poética
- Page 38 and 39:
36A terceira tendência revolucion
- Page 40 and 41:
38incluindo-se Camille Pissarro. Na
- Page 42 and 43:
40mercado foi desenvolvido no exter
- Page 44 and 45:
42Pissarro morreu em novembro de 19
- Page 46 and 47:
44O segundo artista é Claude Monet
- Page 48 and 49:
46Figura 5 refere-se à tela A pont
- Page 50 and 51:
48fazem parte do segundo plano. O p
- Page 52 and 53:
50Silva Pinto, que se tornara colec
- Page 54 and 55:
52desdobramento da lírica. Do cont
- Page 56 and 57:
54Classes Laboriosas, em 1852, que
- Page 58 and 59:
56Faria e Maia, Manuel de Arriaga,
- Page 60 and 61: 58De forma aprimorada.E eu vou acom
- Page 62 and 63: 60poemas narrativos como “Don Jua
- Page 64 and 65: 62O que se configura na poesia de C
- Page 66 and 67: 64do modelo Aristotélico” (2001,
- Page 68 and 69: 66Ocorrem mudanças na sociedade bu
- Page 70 and 71: 68interpretação do verso contradi
- Page 72 and 73: 70Segundo Friedrich, a obra Flores
- Page 74 and 75: 72mundo; mas, por outro lado, o dâ
- Page 76 and 77: 744. CESÁRIO VERDE E CAMILLE PISSA
- Page 78 and 79: 76ao relacioná-lo com a abdicaçã
- Page 80 and 81: 78Camões. Há variantes entre a ed
- Page 82 and 83: 80mundo, ironicamente representado
- Page 84 and 85: 82sombrios da ordem social) é segu
- Page 86 and 87: 84Verde no século XIX que sabe que
- Page 88 and 89: 864.3 LEITURA DA PAISAGEM URBANA DO
- Page 90 and 91: 88Figura 8. PISSARRO, Camille. Boul
- Page 92 and 93: 90construções muito altas, árvor
- Page 94 and 95: 92Levou tempo para as pessoas se ac
- Page 96 and 97: 94data a expansão foi rápida, mas
- Page 98 and 99: 96Nas telas Boulevard Montmartre So
- Page 100 and 101: 98A carta é datada do dia 29 de ju
- Page 102 and 103: 100Na segunda estrofe, da parte I d
- Page 104 and 105: 102subjetiva, descreve pintando a c
- Page 106 and 107: 104da libra e do “shilling”, /
- Page 108 and 109: 106apresentam uma vida desgastada e
- Page 112 and 113: 110falta de incentivo fiscal, técn
- Page 114 and 115: 112Figura 13. PISSARRO, Camille. Ho
- Page 116 and 117: 114da encosta do sexto plano com a
- Page 118 and 119: 116As Encostas de Vesinet, Yvelines
- Page 120 and 121: 118Imagem presente no poema OSentim
- Page 122 and 123: 120CONSIDERAÇÕES FINAISO homem in
- Page 124 and 125: 122Essas imagens chegam ao leitor e
- Page 126 and 127: 124REFERÊNCIASAGUIAR e SILVA, V. M
- Page 128 and 129: 126MOISÉS, M. A Literatura Portugu
- Page 130 and 131: 128Vê-se a cidade, mercantil, cont
- Page 132 and 133: 130E evoco, então, as crônicas na
- Page 134 and 135: 132E de uma padaria exala-se, inda
- Page 136 and 137: 134Fugiu da capital como da tempest
- Page 138 and 139: 136E assim postas, nos barros e are
- Page 140 and 141: 138Tinhas caninos, tinhas incisivos
- Page 142 and 143: 140Todos os tipos mortos ressuscito
- Page 144 and 145: 142De como, às calmas, nessas excu
- Page 146 and 147: 144Chorassem de resina as laranjeir
- Page 148: 146Se inda trabalho é como os pres