134Fugiu da capital como da t<strong>em</strong>pesta<strong>de</strong>.Ora, meu pai, <strong>de</strong>pois das nossas vidas salvas,(Até então nós só tiv<strong>em</strong>os sarampo)Tanto nos viu crescer entre uns montões <strong>de</strong> malvasQue ele ganhou por isso um gran<strong>de</strong> amor ao campo!Se acaso o conta, ainda a fronte se lhe enruga:O que se ouvia s<strong>em</strong>pre era o dobrar dos sinos;Mesmo no nosso prédio, os outros inquilinosMorreram todos. Nós salvamo-nos na fuga.Na parte mercantil, foco da epi<strong>de</strong>mia,Um pânico! N<strong>em</strong> um navio entrava na barra,A alfân<strong>de</strong>ga parou, nenhuma loja abria,E os turbulentos cais cessaram a algazarra.Pela manhã, <strong>em</strong> vez dos trens dos batizadosRodavam s<strong>em</strong> cessar as seges dos enterros.Que triste a sucessão dos armazéns fechados!Como um domingo inglês na “city”, que <strong>de</strong>sterros!S<strong>em</strong> canalização, <strong>em</strong> muitos burgos ermos,Secavam <strong>de</strong>jeções cobertas <strong>de</strong> mosqueiros.E os médicos, ao pé dos padres e coveiros,Os últimos fiéis, tr<strong>em</strong>iam dos enfermos!Uma iluminação a azeite <strong>de</strong> purgueira,De noite, amarelava os prédios macilentos.Barricas d’alcatrão ardiam; <strong>de</strong> maneiraQue tinham tons d’infernos outros arruamentos.Porém, lá fora, à solta, exageradamente,Enquanto acontecia essa calamida<strong>de</strong>,Toda a vegetação, pletórica, potente,Ganhava imenso com a enorme mortanda<strong>de</strong>!Num ímpeto <strong>de</strong> seiva os arvoredos fartos,Numa opulenta fúria as novida<strong>de</strong>s todas,Como uma universal celebração <strong>de</strong> bodas,Amaram-se! E <strong>de</strong>pois houve soberbos partos.Por isso, o chefe antigo e bom da nossa casa,Triste d’ouvir falar <strong>em</strong> órfãos e <strong>em</strong> viúvas,E <strong>em</strong> permanência olhando o horizonte <strong>em</strong> brasa,Não quis voltar senão <strong>de</strong>pois das gran<strong>de</strong>s chuvas.Ele, dum lado, via filhos achacados,Um lívido flagelo e uma moléstia horrenda!E via, do outro lado, eiras, lezírias, prados,E um salutar refúgio e um lucro na vivenda!E o campo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, segundo o que me l<strong>em</strong>bro,É todo o meu amor <strong>de</strong> todos estes anos!
135Nós vamos para lá; somo provincianos,Des<strong>de</strong> o calor <strong>de</strong> maio aos frios <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro!IIQue <strong>de</strong> fruta! E que fresca e t<strong>em</strong>porã,Nas duas boas quintas b<strong>em</strong> muradas,Em que o sol, nos talhões e nas latadas,Bate <strong>de</strong> chapa, logo <strong>de</strong> manhã!O laranjal <strong>de</strong> folhas negrejantes(Porque os terrenos são resvaladiços)Desce <strong>em</strong> socalcos todos os maciços,Como uma escadaria <strong>de</strong> gigantes.Das courelas, que criam cereais,De que os donos – ainda! – pagam foros,Divi<strong>de</strong>m-no fechados pitosporos,Abrigos <strong>de</strong> raízes verticais.Ao meio, a casaria branca assentaÀ beira da calçada que divi<strong>de</strong>Os escuros pomares <strong>de</strong> pevi<strong>de</strong>,Da vinha, numa encosta soalhenta!Entretanto, não há maior prazerDo que, na placi<strong>de</strong>z das horas,Ouvir e ver, entre o chiar das noras,No largo tanue das bicas a correr!Muito ao fundo, entre olmeiros seculares,Seca o rio! Em três meses d’estiag<strong>em</strong>,O seu leito é um atalho <strong>de</strong> passag<strong>em</strong>,Pedregosíssimo, entre dois lugares.Como lhe luz<strong>em</strong> seixos e burgausRoliços! E marinham nas la<strong>de</strong>irasOs renques africanos das piteiras,Que como aloés espigam altos paus!Montanhas inda mais longiquamente,Com restevas, e combros como bossas,L<strong>em</strong>bram cabeças estupendas, grossas,De cabelo grisalho, muito rente.E, a contrastar, nos vales, <strong>em</strong> geral,Como <strong>em</strong> vidraça duma enorme estufa,Tudo se atrai, se impõe, alarga e entufa,Duma vitalida<strong>de</strong> equatorial!Que <strong>de</strong> frugalida<strong>de</strong>s nós criamos!Que torrão espontâneo que nós somos!Pela outonal maturação dos pomos,Com a carga, no chão pousam os ramos.
- Page 1 and 2:
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁCE
- Page 4 and 5:
DEDICATÓRIADedicamos esta disserta
- Page 6 and 7:
Cesário diz-me muito: gostava de f
- Page 8 and 9:
ABSTRACTThe Portuguese poet Joaquim
- Page 10 and 11:
SUMÁRIORESUMO.....................
- Page 12 and 13:
CONSIDERAÇÕES INICIAISAo entardec
- Page 14 and 15:
12revelando nos versos a crise port
- Page 16 and 17:
14grau, ao seu contexto histórico
- Page 18 and 19:
16se começa a falar em método com
- Page 20 and 21:
18faleceu em Connecticut, em 1995.
- Page 22 and 23:
20do tipo original/cópia, centro/p
- Page 24 and 25:
22No entanto, Nitrini (2000, p. 184
- Page 26 and 27:
24Essa verificação de que “a ar
- Page 28 and 29:
26Os homens sempre utilizaram sinai
- Page 30 and 31:
28intelectual. Segundo Lichtenstein
- Page 32 and 33:
30observar bem para apreender a sem
- Page 34 and 35:
32apud AGUIAR e SILVA, 1990, p. 167
- Page 36 and 37:
34e justificam a proposta poética
- Page 38 and 39:
36A terceira tendência revolucion
- Page 40 and 41:
38incluindo-se Camille Pissarro. Na
- Page 42 and 43:
40mercado foi desenvolvido no exter
- Page 44 and 45:
42Pissarro morreu em novembro de 19
- Page 46 and 47:
44O segundo artista é Claude Monet
- Page 48 and 49:
46Figura 5 refere-se à tela A pont
- Page 50 and 51:
48fazem parte do segundo plano. O p
- Page 52 and 53:
50Silva Pinto, que se tornara colec
- Page 54 and 55:
52desdobramento da lírica. Do cont
- Page 56 and 57:
54Classes Laboriosas, em 1852, que
- Page 58 and 59:
56Faria e Maia, Manuel de Arriaga,
- Page 60 and 61:
58De forma aprimorada.E eu vou acom
- Page 62 and 63:
60poemas narrativos como “Don Jua
- Page 64 and 65:
62O que se configura na poesia de C
- Page 66 and 67:
64do modelo Aristotélico” (2001,
- Page 68 and 69:
66Ocorrem mudanças na sociedade bu
- Page 70 and 71:
68interpretação do verso contradi
- Page 72 and 73:
70Segundo Friedrich, a obra Flores
- Page 74 and 75:
72mundo; mas, por outro lado, o dâ
- Page 76 and 77:
744. CESÁRIO VERDE E CAMILLE PISSA
- Page 78 and 79:
76ao relacioná-lo com a abdicaçã
- Page 80 and 81:
78Camões. Há variantes entre a ed
- Page 82 and 83:
80mundo, ironicamente representado
- Page 84 and 85:
82sombrios da ordem social) é segu
- Page 86 and 87: 84Verde no século XIX que sabe que
- Page 88 and 89: 864.3 LEITURA DA PAISAGEM URBANA DO
- Page 90 and 91: 88Figura 8. PISSARRO, Camille. Boul
- Page 92 and 93: 90construções muito altas, árvor
- Page 94 and 95: 92Levou tempo para as pessoas se ac
- Page 96 and 97: 94data a expansão foi rápida, mas
- Page 98 and 99: 96Nas telas Boulevard Montmartre So
- Page 100 and 101: 98A carta é datada do dia 29 de ju
- Page 102 and 103: 100Na segunda estrofe, da parte I d
- Page 104 and 105: 102subjetiva, descreve pintando a c
- Page 106 and 107: 104da libra e do “shilling”, /
- Page 108 and 109: 106apresentam uma vida desgastada e
- Page 110 and 111: 108florestas em que há corsas, / N
- Page 112 and 113: 110falta de incentivo fiscal, técn
- Page 114 and 115: 112Figura 13. PISSARRO, Camille. Ho
- Page 116 and 117: 114da encosta do sexto plano com a
- Page 118 and 119: 116As Encostas de Vesinet, Yvelines
- Page 120 and 121: 118Imagem presente no poema OSentim
- Page 122 and 123: 120CONSIDERAÇÕES FINAISO homem in
- Page 124 and 125: 122Essas imagens chegam ao leitor e
- Page 126 and 127: 124REFERÊNCIASAGUIAR e SILVA, V. M
- Page 128 and 129: 126MOISÉS, M. A Literatura Portugu
- Page 130 and 131: 128Vê-se a cidade, mercantil, cont
- Page 132 and 133: 130E evoco, então, as crônicas na
- Page 134 and 135: 132E de uma padaria exala-se, inda
- Page 138 and 139: 136E assim postas, nos barros e are
- Page 140 and 141: 138Tinhas caninos, tinhas incisivos
- Page 142 and 143: 140Todos os tipos mortos ressuscito
- Page 144 and 145: 142De como, às calmas, nessas excu
- Page 146 and 147: 144Chorassem de resina as laranjeir
- Page 148: 146Se inda trabalho é como os pres