Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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63dando importância aos esqu<strong>em</strong>as classificatórios: “a teoria da poética neoclássica não ésuficiente para dar conta da qualida<strong>de</strong> poética dos melhores poetas líricosrenascentistas.” (CARA, 1989, p.6). Assim, enten<strong>de</strong>mos que cada período, seja nocampo artístico, na ciência ou na tecnologia, possui características próprias, <strong>em</strong> algunsmomentos mais fortes, distanciando-se mais ou menos daquilo que está vigente <strong>em</strong> seut<strong>em</strong>po, s<strong>em</strong>pre se relacionando ao gênero.No período romântico culminam muitos acontecimentos, o que o torna um dosmais <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>áticos da história do hom<strong>em</strong>, pois está ligado a acontecimentos históricoscomo a Revolução Francesa, provocando mudanças <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m social e fortalecendo asocieda<strong>de</strong> burguesa. O mundo estava passando por avanços industriais, tecnológicos ecientíficos. Segundo Cara, “A poesia lírica adquire durante o período romântico umprestígio inusitado” (1989, p.6). Este é um momento <strong>em</strong> que o poeta está <strong>em</strong> crise <strong>em</strong>relação à função da poesia <strong>em</strong> um mundo <strong>em</strong> ebulição.Não é possível classificar rigidamente hoje os gêneros <strong>em</strong> lírico, épico edramático, pois a disposição genérica não mais aten<strong>de</strong> às propostas <strong>de</strong> cada texto.Alguns teóricos se posicionam <strong>em</strong> relação aos gêneros <strong>de</strong> maneira distinta. De acordocom Cara (1989, p. 31-32), Johann Gottfried Her<strong>de</strong>r (1741-1803), filósofo al<strong>em</strong>ão, foi oprimeiro que rompeu com o pensamento neoclássico. Her<strong>de</strong>r rejeita a classificação porgênero, fundindo o que <strong>em</strong> Aristóteles era separado, os gêneros lírico, dramático e aepopéia. Bene<strong>de</strong>tto Croce (1886-1952), por sua vez, <strong>de</strong>sprezava a abordag<strong>em</strong> científica:ao invés do gênero como mo<strong>de</strong>lo, posicionava <strong>em</strong> primeiro lugar a concepção <strong>de</strong> cadaobra <strong>de</strong> arte como expressão única e insubstituível. Interessava-lhe os objetos reais, ostextos, o gosto do leitor e não o conceito <strong>de</strong> gênero, suportável apenas enquantoinstrumento <strong>em</strong>pírico <strong>de</strong> classificação.Ambos, Cara (1989) e Stalloni (2001), apontam o fato <strong>de</strong> Bene<strong>de</strong>tto Croce sercontra a classificação do gênero. Stalloni (2001, p. 26) argumenta que “combina uma<strong>de</strong>saprovação i<strong>de</strong>ológica (o aspecto normativo e prescritivo da tría<strong>de</strong>) e uma<strong>de</strong>saprovação estética (a limitação retórica do mo<strong>de</strong>lo)”. No entanto, para entrar <strong>em</strong><strong>de</strong>talhe <strong>de</strong>sse posicionamento haveria necessida<strong>de</strong>, segundo Stalloni, <strong>de</strong> “inventariar e<strong>de</strong>screver o modo <strong>de</strong> classificação utilizado e as construções teóricas que eles <strong>de</strong>corr<strong>em</strong>