13.07.2015 Views

Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

105clarida<strong>de</strong> do alvorecer (cena oposta a da cida<strong>de</strong>) Pinto, quadros por letras, por sinais, /Tão luminosos como os do Levante, / Nas horas <strong>em</strong> que a calma é mais queimante, / Naquadra <strong>em</strong> que o verão aperta mais. Já na quinta estrofe, po<strong>de</strong>m ser observados ossentimentos <strong>de</strong> alegria, t<strong>em</strong>po e espaço, s<strong>em</strong>blante das pessoas, ferramentas etrabalhadores se cruzam colocados no mesmo plano – o campo – espaço <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong> eharmonia. Essa mistura <strong>de</strong> sensações, <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> transfigurada e da busca daluminosida<strong>de</strong> reiteram as características da pintura impressionista, expressas na quintaestrofe: Como <strong>de</strong>stacam, vivas, certas cores, / Na vida externa cheia d’alegrias! / Horasvozes, locais, fisionomias, / As ferramentas, os trabalhadores!O poeta encerra a subseção, ao revelar o orgulho <strong>em</strong> pertencer àquele meio: Oh!Que brava alegria eu tenho quando / Sou tal qual como os mais! E, s<strong>em</strong> talento, / Façoum trabalho técnico, violento, / Cantando 12 , praguejando, batalhando! Nesse últimoverso ocorre rima interna com o mesmo som nasal nos vocábulos: cantando,praguejando, batalhando como um g<strong>em</strong>er <strong>de</strong> máquina e uma ação contínua, expressandoque ao mesmo t<strong>em</strong>po da batalha há alegrias por meio da palavra “cantando” edissabores por meio da palavra “praguejando”.Na subseção sete, a figura do trabalhador, hom<strong>em</strong> forte com estatura <strong>de</strong> heroicontrasta-se com a dos frutos que já não são <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>: Os fruteiros, tostadospelos sóis, / Tinham passado, muita vez, a raia, / E espertos, entre os mais da sua laia, /- Pobres campônios – eram uns heróis. Observa-se, ao longo dos versos, um fluxo <strong>de</strong>vocábulos na captação da realida<strong>de</strong>, tornando a estrofe uma cena impressionista. Naterceira estrofe, a cor amarela possui o sentido <strong>de</strong> doença numa proposta sinestésicaestabelecida entre o visual “cor amarela” e o paladar “a água salobra” que,contrariamente, à i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> fonte da vida, é foco <strong>de</strong> doenças, <strong>de</strong> febres: De como, àscalmas, nessas excursões, / Tinham águas salobras por refrescos; / E amarelos,enormes, gigantescos, / Lá batiam o queixo com sezões!Retrata também a situação do trabalhador rural, na quinta estrofe: Que pragascastelhanas, que alegrão / Quando contavam cenas <strong>de</strong> pousadas! / Adoravam as cintasencarnadas / E as cores como os pretos do sertão! R<strong>em</strong>ete também às cenas que12 Grifos nossos.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!