30observar b<strong>em</strong> para apreen<strong>de</strong>r a s<strong>em</strong>elhança, um dos el<strong>em</strong>entos que eleva a linguag<strong>em</strong>. Ea metáfora pictórica seria a mais a<strong>de</strong>quada para nomear a ativida<strong>de</strong> poética, consi<strong>de</strong>radaum dos recursos essenciais para a criação da imag<strong>em</strong> poética.Assim, a palavra “pintura”, <strong>em</strong> sentido figurado, trata da correspondência dametáfora <strong>em</strong> <strong>de</strong>corrência da imag<strong>em</strong> e <strong>de</strong> servir <strong>de</strong> paradigma a toda arte mimética, aprópria natureza torna-se visível na ativida<strong>de</strong> representativa. Neste sentido, JaquelineLichtenstein afirma que “a arte <strong>de</strong> pintar é, <strong>de</strong> fato, a melhor imag<strong>em</strong> que se po<strong>de</strong> darpara pintar a imag<strong>em</strong> da arte”. (1994, p.68).Há algumas manifestações que aliam a pintura à poesia, como o epigrama oususcriptio, a poesia ecfrástica e o <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>a. Essas três manifestações datam <strong>de</strong> há muitot<strong>em</strong>po, como o epigrama, que r<strong>em</strong>onta da Antiguida<strong>de</strong> Clássica. A poesia ecfrástica éuma prática que os pintores do Renascimento ao Neoclassicismo utilizaram como t<strong>em</strong>as<strong>de</strong> seus quadros, retratando as imagens do po<strong>em</strong>a e o Barroco <strong>em</strong>pregou-a pelo seupo<strong>de</strong>r <strong>de</strong>scritivo. A poesia ecfrástica comenta e expõe outra obra <strong>de</strong> arte, po<strong>de</strong>ndo ser apintura ou a escultura, cujo início ocorre no período helenístico. O comentário e a<strong>de</strong>scrição po<strong>de</strong>m ser relacionados à narração da figura ou a episódios mitológicos.Trata-se, <strong>de</strong> acordo com Aguiar e Silva, “<strong>de</strong> um fenômeno <strong>de</strong> transposiçãointers<strong>em</strong>iótica: o texto é construído com signos e com uma gramática <strong>em</strong> que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>mos signos e a gramática do texto pictórico.” (1990, p. 165). O mo<strong>de</strong>lo por excelência dapoesia ecfrástica é a <strong>de</strong>scrição do escudo <strong>de</strong> Aquiles, que se encontra no canto XVIII daIlíada. Transcrev<strong>em</strong>os o trecho como citado por Aguiar e Silva:Fabricou primeiro um escudo gran<strong>de</strong> e forte,Lavrado pó todos os lados. Põe-lhe uma cercadura lustrosa,Tríplice e coruscante, com um talabarte <strong>de</strong> prata.Cinco eram as camadas que dispôs, e <strong>em</strong> cada uma <strong>de</strong>lasCompõe louvores numerosos, com seus sábios pensamentos.Forjou lá a terra, o céu e o mar,o sol infatigável e a lua na plenitu<strong>de</strong>,e ainda quantos astros coroam o céu,as Plêia<strong>de</strong>s e as Hía<strong>de</strong>s, e a força <strong>de</strong> Orion,e a Ursa, conhecida igualmente pelo nome <strong>de</strong> Carro,que gira no mesmo lugar e espreita para o Orion,e é a única a qu<strong>em</strong> não coube tomar banho no Oceano.Forjou também duas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> homens falantes,Mui belas. Numa havia bodas e festins:Ao luar dos archotes, levam pela cida<strong>de</strong> as noivasSaídas do tálamo; elevam-se no ar muitos cantos nupciais.Rodopiavam os jovens na dança e, no meio <strong>de</strong>les,Flautas e cítaras ergu<strong>em</strong> sua melodia. (1990, p. 163-164)
31O <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>a (tanto <strong>em</strong> grego como <strong>em</strong> latim) t<strong>em</strong> o significado relacionado aoazulejo e com a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cores num pavimento. Trata-se <strong>de</strong> um texto curto quegeralmente explica e comenta a gravura. Segundo Aguiar e Silva (1990, p. 165), oprimeiro livro <strong>de</strong> <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>as data <strong>de</strong> 1531, <strong>de</strong> autoria do humanista italiano AndreaAlciato, com o título Embl<strong>em</strong>atum libellus, que <strong>de</strong>u orig<strong>em</strong> a outros <strong>de</strong> maneiraanáloga.É no Renascimento que o símile horaciano e o aforisma <strong>de</strong> Céos obtêmimportância e são interpretados significando a existência <strong>de</strong> s<strong>em</strong>elhança estrutural entrepoesia e pintura. O autor (1990, p.164) ilustra esse momento com Leonardo da Vinci eCamões. Leonardo da Vinci <strong>de</strong>clara que “a pintura é uma poesia que é vista e nãoouvida e a poesia é uma pintura que é ouvida, mas não vista”. E com Camões (1980),que <strong>em</strong> Os Lusíadas compara pintura e poesia, referindo-se à pintura como a mudapoesia no canto VII, vigésima estrofe setenta e seis: “Feitos dos homens que, <strong>em</strong> retratobreve / A muda poesia ali <strong>de</strong>screve! e à poesia como a pintura que fala, canto VIII,estrofe quarenta e um: “A pintura que fala quer<strong>em</strong> mal.”.Para Aguiar e Silva, (1990, p. 167), a relação limitada entre poesia e pinturaamplia-se com Abbé Batteux, que parte <strong>de</strong> uma elaboração teórica amadurecida datradição renascentista e barroca sobre as relações mútuas entre pintura e poesia,alcançando outras artes como a música, a poesia, a escultura e a dança através doprincípio <strong>de</strong> raiz aristotélica e horaciana da “imitação da bela natureza” a todas belasartes. No século XVIII essas relações começam a ser questionada pelos teóricos, comoEdmund Burke e Gotthold Efraim Lessing, que consi<strong>de</strong>raram a poesia uma arte superiorà pintura. Burke e Lessing elaboraram a hierarquia das artes e suas concepções, <strong>em</strong>boraencaminh<strong>em</strong> seus trabalhos <strong>de</strong> maneira distinta.Edmund Burke, com a publicação <strong>de</strong> seu livro Indagação filosófica sobre aorig<strong>em</strong> das nossas i<strong>de</strong>ias sobre o sublime e o belo, escrito <strong>em</strong>1757, explica que apintura faz uma <strong>de</strong>scrição perfeita e das coisas que a poesia e a retórica não alcançam. A<strong>de</strong>scrição da pintura é admirada com frieza, enquanto a poesia e a retórica provocam<strong>em</strong>oções. Burke apresenta a categoria do sublime “a poesia não faz uma <strong>de</strong>scrição exatadas coisas como a pintura. No entanto só a linguag<strong>em</strong> verbal da poesia po<strong>de</strong> gerar aexperiência do sublime, porque só ela po<strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar e agitar as paixões” (BURKE
- Page 1 and 2: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁCE
- Page 4 and 5: DEDICATÓRIADedicamos esta disserta
- Page 6 and 7: Cesário diz-me muito: gostava de f
- Page 8 and 9: ABSTRACTThe Portuguese poet Joaquim
- Page 10 and 11: SUMÁRIORESUMO.....................
- Page 12 and 13: CONSIDERAÇÕES INICIAISAo entardec
- Page 14 and 15: 12revelando nos versos a crise port
- Page 16 and 17: 14grau, ao seu contexto histórico
- Page 18 and 19: 16se começa a falar em método com
- Page 20 and 21: 18faleceu em Connecticut, em 1995.
- Page 22 and 23: 20do tipo original/cópia, centro/p
- Page 24 and 25: 22No entanto, Nitrini (2000, p. 184
- Page 26 and 27: 24Essa verificação de que “a ar
- Page 28 and 29: 26Os homens sempre utilizaram sinai
- Page 30 and 31: 28intelectual. Segundo Lichtenstein
- Page 34 and 35: 32apud AGUIAR e SILVA, 1990, p. 167
- Page 36 and 37: 34e justificam a proposta poética
- Page 38 and 39: 36A terceira tendência revolucion
- Page 40 and 41: 38incluindo-se Camille Pissarro. Na
- Page 42 and 43: 40mercado foi desenvolvido no exter
- Page 44 and 45: 42Pissarro morreu em novembro de 19
- Page 46 and 47: 44O segundo artista é Claude Monet
- Page 48 and 49: 46Figura 5 refere-se à tela A pont
- Page 50 and 51: 48fazem parte do segundo plano. O p
- Page 52 and 53: 50Silva Pinto, que se tornara colec
- Page 54 and 55: 52desdobramento da lírica. Do cont
- Page 56 and 57: 54Classes Laboriosas, em 1852, que
- Page 58 and 59: 56Faria e Maia, Manuel de Arriaga,
- Page 60 and 61: 58De forma aprimorada.E eu vou acom
- Page 62 and 63: 60poemas narrativos como “Don Jua
- Page 64 and 65: 62O que se configura na poesia de C
- Page 66 and 67: 64do modelo Aristotélico” (2001,
- Page 68 and 69: 66Ocorrem mudanças na sociedade bu
- Page 70 and 71: 68interpretação do verso contradi
- Page 72 and 73: 70Segundo Friedrich, a obra Flores
- Page 74 and 75: 72mundo; mas, por outro lado, o dâ
- Page 76 and 77: 744. CESÁRIO VERDE E CAMILLE PISSA
- Page 78 and 79: 76ao relacioná-lo com a abdicaçã
- Page 80 and 81: 78Camões. Há variantes entre a ed
- Page 82 and 83:
80mundo, ironicamente representado
- Page 84 and 85:
82sombrios da ordem social) é segu
- Page 86 and 87:
84Verde no século XIX que sabe que
- Page 88 and 89:
864.3 LEITURA DA PAISAGEM URBANA DO
- Page 90 and 91:
88Figura 8. PISSARRO, Camille. Boul
- Page 92 and 93:
90construções muito altas, árvor
- Page 94 and 95:
92Levou tempo para as pessoas se ac
- Page 96 and 97:
94data a expansão foi rápida, mas
- Page 98 and 99:
96Nas telas Boulevard Montmartre So
- Page 100 and 101:
98A carta é datada do dia 29 de ju
- Page 102 and 103:
100Na segunda estrofe, da parte I d
- Page 104 and 105:
102subjetiva, descreve pintando a c
- Page 106 and 107:
104da libra e do “shilling”, /
- Page 108 and 109:
106apresentam uma vida desgastada e
- Page 110 and 111:
108florestas em que há corsas, / N
- Page 112 and 113:
110falta de incentivo fiscal, técn
- Page 114 and 115:
112Figura 13. PISSARRO, Camille. Ho
- Page 116 and 117:
114da encosta do sexto plano com a
- Page 118 and 119:
116As Encostas de Vesinet, Yvelines
- Page 120 and 121:
118Imagem presente no poema OSentim
- Page 122 and 123:
120CONSIDERAÇÕES FINAISO homem in
- Page 124 and 125:
122Essas imagens chegam ao leitor e
- Page 126 and 127:
124REFERÊNCIASAGUIAR e SILVA, V. M
- Page 128 and 129:
126MOISÉS, M. A Literatura Portugu
- Page 130 and 131:
128Vê-se a cidade, mercantil, cont
- Page 132 and 133:
130E evoco, então, as crônicas na
- Page 134 and 135:
132E de uma padaria exala-se, inda
- Page 136 and 137:
134Fugiu da capital como da tempest
- Page 138 and 139:
136E assim postas, nos barros e are
- Page 140 and 141:
138Tinhas caninos, tinhas incisivos
- Page 142 and 143:
140Todos os tipos mortos ressuscito
- Page 144 and 145:
142De como, às calmas, nessas excu
- Page 146 and 147:
144Chorassem de resina as laranjeir
- Page 148:
146Se inda trabalho é como os pres