66Ocorr<strong>em</strong> mudanças na socieda<strong>de</strong> burguesa pós Revolução Francesa, quandoocorr<strong>em</strong> transformações sociais provocadas pela ciência e a indústria. O poeta se voltapara o subjetivismo <strong>em</strong> auto<strong>de</strong>fesa e para o seu mundo interior. Pela linguag<strong>em</strong> eleevi<strong>de</strong>ncia sua subjetivida<strong>de</strong>. Nova i<strong>de</strong>ia do lirismo é a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua concepçãoda poesia como linguagens <strong>de</strong> sons, tons e metros. No entanto, é um resgate da unida<strong>de</strong>original, poesia e música. Além do aspecto da eufonia da linguag<strong>em</strong>, Cara (1989, p. 32)salienta que Her<strong>de</strong>r aponta a importância da imag<strong>em</strong>, da analogia e sua consciência, napoesia, com a fábula e o mito. Com esses recursos se dá a subjetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro dapoesia. Assim, Cara ressalta,Do ponto <strong>de</strong> vista das conquistas técnicas da linguag<strong>em</strong> poética, oRomantismo dará lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque ao ritmo, no projeto <strong>de</strong> organizaranalogicamente – por traços <strong>de</strong> s<strong>em</strong>elhança ou diferenças – a imag<strong>em</strong>do mundo no po<strong>em</strong>a. A rebelião romântica contra a versificaçãosilábica irá casar-se com sua própria aventura <strong>de</strong> pensamento, jáliberto do racionalismo anterior. Ritmo e analogia: eis os princípiosromânticos (1982, p. 33).Friedrich foi outro teórico que apontou <strong>de</strong>sdobramentos no século XIX commudanças significantes, afirmando que a palavra na poesia s<strong>em</strong>pre teve umasignificação distinta <strong>de</strong> sua significação original. Ressalta que foi na meta<strong>de</strong> do séculoXIX que aconteceu uma “[...] diversida<strong>de</strong> entre a língua comum e a poética, uma tensão<strong>de</strong>smedida que, associada aos conteúdos obscuros, gera perturbação.” (FRIEDRICH,1978, p. 17). Com a combinação criam-se novos significados. Judice faz um paraleloentre a linguag<strong>em</strong> objetiva e explicita por meio <strong>de</strong> Saussure que[...] através da ligação <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> fon<strong>em</strong>as (o significante) auma imag<strong>em</strong> mental (o significado): associação essa que é feitaautomaticamente, <strong>de</strong> acordo com um código – o lingüístico –apreendido por uma comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> falantes. (1998, p. 26-27).Desta maneira, não há probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> comunicação entre as pessoas quedominam o mesmo código. Contudo, perante a poesia o leitor, para atingir o literário dotexto, precisa ater-se ao que Hamburger (1986, p. 167) apontou como a linguísticapoética<strong>em</strong> que o texto poético é produzido pelo autor. Como afirma Friedrich: “Dastrês maneiras possíveis <strong>de</strong> comportamento da composição lírica – sentir, observar,transformar – é esta última que domina na poesia mo<strong>de</strong>rna e, <strong>em</strong> verda<strong>de</strong>, tanto no quediz respeito ao mundo como a língua.” (1978, p. 17). No “transformar” o mundo e alíngua está a tônica da poesia mo<strong>de</strong>rna; o leitor durante a leitura do texto vai chegar a
67ele pela interpretação das imagens fornecidas, pois na construção da poesia para atingira substância utiliza-se “a metáfora, com a beleza; a hipérbole, com a gran<strong>de</strong>za; ametonímia, com a novida<strong>de</strong>.” (LYRA, 1986, p. 55). Essas imagens suscitada da poesiavai além da visualização proporcionada por elas, <strong>de</strong> acordo com W. Kayser: “Overda<strong>de</strong>iro significado das imagens poéticas – e é este o resultado que mais longe nosleva – não resi<strong>de</strong> na sua visualida<strong>de</strong>, mas sim no conteúdo <strong>em</strong>ocional e sugestivo”(1976, p. 129).Bosi esclarece que “A experiência da imag<strong>em</strong> é anterior à da palavra, v<strong>em</strong>enraizar-se no corpo. A imag<strong>em</strong> é afim à sensação visual.” (1983, p. 13). Através doolho, o ser vivo capta a imag<strong>em</strong> e junta a ela a realida<strong>de</strong> do objeto. As metáforas e as<strong>de</strong>mais figuras do enunciado constitu<strong>em</strong> a imag<strong>em</strong> e Bosi faz a distinção entre efeitoimagético e procedimento s<strong>em</strong>ântico: “Enquanto provém da intuição <strong>de</strong> s<strong>em</strong>elhanças, ametáfora aparece como imag<strong>em</strong>; mas enquanto enlace lingüístico <strong>de</strong> signos distantes,ela é atribuição, modo do discurso.” (1983, p.30). É o contexto e o trabalho com alinguag<strong>em</strong> que vai <strong>de</strong>terminá-la, sendo no enunciado que se obtém o efeito analógico.“Pela analogia, o discurso recupera, no corpo da fala, o sabor da imag<strong>em</strong>. A analogia éresponsável pelo peso <strong>de</strong> matéria que dão ao po<strong>em</strong>a as metáforas e as <strong>de</strong>mais figuras”.(BOSI, 1983, p. 29)Pela recorrência ocorr<strong>em</strong>, <strong>de</strong> acordo com Bosi, os movimentos progressivoregressivoe regressivo-progresivo, por meio <strong>de</strong> recursos da linguag<strong>em</strong> ao repetir umprefixo, som, uma função sintática. No entanto, Bosi afirma que o movimento quepermite o retorno “po<strong>de</strong> ace<strong>de</strong>r à diferenciação-para-frente do discurso” (1983, p.32),indicando o que está a caminho. Assim, a volta é um recurso que permite reconhecer oaspecto das coisas que voltam e também abre caminho para sentir o seu ser. A analogiae a recorrência são procedimentos que permit<strong>em</strong> o alcance da mensag<strong>em</strong> poética peloleitor.Para chegar ao texto, a estrutura da obra, o conteúdo e como ele foi elaboradosão el<strong>em</strong>entos importantes para que ocorra a interpretação. Para Staiger a interpretaçãoconsiste no que veio à mente e alerta que se o julgamento do leitor for equivocado opróprio objeto analisado vai protestar. O autor busca na estrutura para verificar suasassertivas. “Vai se ver que minhas afirmações não se confirmam que minha
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