Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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122Essas imagens chegam ao leitor e ao espectador por meio <strong>de</strong> um sujeito lírico,uma flânerie, no po<strong>em</strong>a O Sentimento dum Oci<strong>de</strong>ntal, que caminha pelas ruas <strong>de</strong>Lisboa, conduzindo o leitor. Nas telas Boulevard Montmartre, Sol da Tar<strong>de</strong> e BoulevardMontmartre à noite é o espectador que se posiciona à frente da tela com o mesmo olhardo artista que o conduz. A imag<strong>em</strong> da cida<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>, a multidão e o movimento sãorevelados pelo poeta por meio <strong>de</strong> signos verbais pela pontuação como o recurso <strong>de</strong>exclamação que transmite surpresa, susto, admiração e indignação e a linguag<strong>em</strong>poética, criam as imagens. Na tela o artista plástico, por meio dos signos não verbais,cores, formas, sombras, figuras e sua localização no espaço representado expõe umarealida<strong>de</strong>. A cida<strong>de</strong> retratada no po<strong>em</strong>a é Lisboa, e nas telas <strong>de</strong> Pissarro é uma avenida<strong>de</strong> Paris, ambas são cida<strong>de</strong>s gran<strong>de</strong>s, capitais <strong>em</strong> seus países. Na tela verifica-se aolongo da avenida a presença <strong>de</strong> altíssimas construções com suas chaminés e torres. Nopo<strong>em</strong>a ocorre também a apresentação <strong>de</strong> torres, chaminés construções. Em ambos háocorrência <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> transporte, símbolo marcante que <strong>de</strong>u agilida<strong>de</strong> ao<strong>de</strong>senvolvimento do século XIX.Nas telas <strong>de</strong> Pissarro evi<strong>de</strong>nciou-se a presença marcante da multidão anônima,i<strong>de</strong>ntificada pelos seus trajes pesados e escuros não se percebendo, porém, profissão,faixa etária ou classe social. No po<strong>em</strong>a acontece o contrário, as pessoas sãoi<strong>de</strong>ntificadas por suas profissões, crianças comparadas com anjos e velhinhas. O sujeitolírico se i<strong>de</strong>ntifica com essa multidão e sente suas amarguras. Camões é a figura heroicaque aparece no po<strong>em</strong>a e alguns teóricos afirmam que há o efeito <strong>de</strong> <strong>de</strong>ssacralização aoapontar “um livro” e não o singularizando “o livro” no verso “Luta Camões no Sul,salvando um livro a nado! / Singram soberbas naus que eu não verei jamais!”. Porém sehouve a <strong>de</strong>ssacralização no <strong>em</strong> relação a Camões no próximo verso, quanto à história,ele a tornou única ao afirmar que “não verá jamais”, estes fatos não mais acontecerão.Nas telas a grandiosida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser percebida pela imponência das construções com suastorres e chaminés. Há também o dado linguístico que nomina o espaço representado aser consi<strong>de</strong>rado, Boulevard Montmartre, como já foi mencionado nessa dissertação, éuma das quatro maiores avenidas <strong>de</strong> Paris e o nome Montmartre refere-se a São Dinis,mártir e santo da Igreja católica e padroeiro da França.A tela Boulevard Montmartre, à noite é relacionada ao po<strong>em</strong>a O Sentimento dumOci<strong>de</strong>ntal nas seções II Noite Fechada, III Ao Gás e a IV Horas Mortas apresentando