56Faria e Maia, Manuel <strong>de</strong> Arriaga, Eça <strong>de</strong> Queirós, entre outros. Buscavam umarenovação literária e i<strong>de</strong>ológica e encontraram oposição <strong>em</strong> Castilho, que os acusa <strong>de</strong>exibicionismo, por tratar<strong>em</strong> <strong>de</strong> t<strong>em</strong>as que não se relacionavam à poesia. Isto ocorre <strong>em</strong>um momento paralelo a questões importantes como a unificação da Itália, a queda do IIImpério francês, a guerra franco-prussiana, a Comuna <strong>de</strong> Paris que, <strong>de</strong> acordo comSaraiva e Lopes, (1982, p. 871), Antero e Guilherme <strong>de</strong> Azevedo aplaudirampublicamente.O grupo <strong>de</strong> Coimbra se encontra mais tar<strong>de</strong> <strong>em</strong> Lisboa. Além <strong>de</strong> encontrosboêmios, resulta <strong>em</strong> produção literária e a organização <strong>de</strong> conferências intituladasConferências D<strong>em</strong>ocráticas realizadas no Casino Lisbonense, que tinham por objetivodiscutir os aspectos da literatura e da política social e religiosa do país. Segundo Saraivae Lopes (1982, p. 871), após ataques <strong>de</strong> jornais conservadores, houve a intervenção doministro do Reino, António José <strong>de</strong> Ávila, que encerrou as conferências. Os jornaisconservadores acusavam os participantes <strong>de</strong> subversivos e a<strong>de</strong>ptos da Comuna.Nesse cenário apresenta-se um jov<strong>em</strong> poeta, Cesário Ver<strong>de</strong>, nascido <strong>em</strong> Lisboa<strong>em</strong> 1855. Seus estudiosos apontam que ele não participou do grupo <strong>de</strong> Coimbra, masque tomou conhecimento das Conferências. Na vida e na obra <strong>de</strong> Cesário Ver<strong>de</strong> taisocorrências se manifestam <strong>de</strong> maneira particular no poeta. Assim, para melhorcompreensão, não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>svincular o contexto histórico da vida particular e da obra<strong>de</strong> Cesário Ver<strong>de</strong>.3.2 CESÁRIO VERDE: vida e obraEm 25 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1855, <strong>em</strong> Lisboa, nasce Joaquim Cesário Ver<strong>de</strong>, segundofilho <strong>de</strong> um próspero comerciante <strong>de</strong> ferragens e tecidos e sua esposa Maria da Pieda<strong>de</strong>dos Santos. Entre 1855 e 1857, Lisboa é vítima <strong>de</strong> duas epi<strong>de</strong>mias graves, primeiro a <strong>de</strong>cólera morbo e <strong>de</strong>pois a <strong>de</strong> febre amarela, que juntas mataram cerca <strong>de</strong> 10.000 pessoas.Devido a essa situação, a família do poeta durante o verão fixa-se no campo, na quintaLinda-a-Pastora, nos arredores da capital. Com o término das epi<strong>de</strong>mias, a famíliacontinua a passar t<strong>em</strong>poradas <strong>em</strong> Linda-a-Pastora; divi<strong>de</strong>-se a infância <strong>de</strong> Cesário e seusirmãos entre a cida<strong>de</strong> e o campo.
57O primeiro livro <strong>de</strong> Cesário Ver<strong>de</strong> foi anunciado <strong>em</strong> 1873. Ele publicou trêscomposições <strong>de</strong> sua autoria no Diário <strong>de</strong> Notícias. O Diário Ilustrado, no dia seguinte,anuncia para breve o livro do autor <strong>de</strong> “Cânticos do Realismo”, o que não ocorreu.Somente após sua morte, o amigo Silva Pinto reúne os seus po<strong>em</strong>as e publica duzentosex<strong>em</strong>plares. Higa (2010) esclarece que o adiamento do lançamento <strong>de</strong> seu livro foi<strong>de</strong>vido à má recepção <strong>de</strong> seus po<strong>em</strong>as <strong>de</strong> estréia no Diário <strong>de</strong> Notícias. Em “Fantasiasdo Impossível” (1874), o po<strong>em</strong>a “Esplêndida” foi censurado. Ao comentar o po<strong>em</strong>a,Higa (2010, p.30) explica que ele não recebeu uma leitura a<strong>de</strong>quada, consi<strong>de</strong>rando queCesário era muito jov<strong>em</strong>, buscando ainda sua afirmação. Embora já apresentasse dicçãoe estilo próprios, tentava, como muitos na época, equacionar no verso o velhoRomantismo e o novo Realismo.ESPLÊNDIDAEi-la! Como vai bela! Os esplendoresDo lúbrico Versailles do Rei-SolAumenta-os com retoques sedutores.É como refulgir dum arrebolEm sedas multicolores.Deita-se com langor no azul celesteDo seu Landau forrado <strong>de</strong> cetim;E os seu negros corcéis que a espuma veste,Sob<strong>em</strong> a trote a rua do Alecrim,Velozes como a peste.É fidalga e soberba. As incensadasDubarry, Montespan e MaintenonSe a viss<strong>em</strong> ficariam ofuscadasT<strong>em</strong> a altivez magnética e o bom-tomDas cores <strong>de</strong>pravadas.É clara como os pós-marechala,E as mãos, que o Jock Club <strong>em</strong>balsamou,Entre peles <strong>de</strong> tigre as regala;De tigres que por ela apunhalou,Um amante, <strong>em</strong> Bengala.É ducalmente esplendida! A carruag<strong>em</strong>Vai agora subindo <strong>de</strong>vagar;Ela, no brilhantismo da equipag<strong>em</strong>,Ela, <strong>de</strong> olhos cerrados, a cismarAtrai como a vorag<strong>em</strong>!Os lacaios vão firmes na almofada;E a doce brisa dá-lhes <strong>de</strong> travésNas capas <strong>de</strong> borracha esbranquiçada,Nos chapéus com roseta, e nas librés
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