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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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57O primeiro livro <strong>de</strong> Cesário Ver<strong>de</strong> foi anunciado <strong>em</strong> 1873. Ele publicou trêscomposições <strong>de</strong> sua autoria no Diário <strong>de</strong> Notícias. O Diário Ilustrado, no dia seguinte,anuncia para breve o livro do autor <strong>de</strong> “Cânticos do Realismo”, o que não ocorreu.Somente após sua morte, o amigo Silva Pinto reúne os seus po<strong>em</strong>as e publica duzentosex<strong>em</strong>plares. Higa (2010) esclarece que o adiamento do lançamento <strong>de</strong> seu livro foi<strong>de</strong>vido à má recepção <strong>de</strong> seus po<strong>em</strong>as <strong>de</strong> estréia no Diário <strong>de</strong> Notícias. Em “Fantasiasdo Impossível” (1874), o po<strong>em</strong>a “Esplêndida” foi censurado. Ao comentar o po<strong>em</strong>a,Higa (2010, p.30) explica que ele não recebeu uma leitura a<strong>de</strong>quada, consi<strong>de</strong>rando queCesário era muito jov<strong>em</strong>, buscando ainda sua afirmação. Embora já apresentasse dicçãoe estilo próprios, tentava, como muitos na época, equacionar no verso o velhoRomantismo e o novo Realismo.ESPLÊNDIDAEi-la! Como vai bela! Os esplendoresDo lúbrico Versailles do Rei-SolAumenta-os com retoques sedutores.É como refulgir dum arrebolEm sedas multicolores.Deita-se com langor no azul celesteDo seu Landau forrado <strong>de</strong> cetim;E os seu negros corcéis que a espuma veste,Sob<strong>em</strong> a trote a rua do Alecrim,Velozes como a peste.É fidalga e soberba. As incensadasDubarry, Montespan e MaintenonSe a viss<strong>em</strong> ficariam ofuscadasT<strong>em</strong> a altivez magnética e o bom-tomDas cores <strong>de</strong>pravadas.É clara como os pós-marechala,E as mãos, que o Jock Club <strong>em</strong>balsamou,Entre peles <strong>de</strong> tigre as regala;De tigres que por ela apunhalou,Um amante, <strong>em</strong> Bengala.É ducalmente esplendida! A carruag<strong>em</strong>Vai agora subindo <strong>de</strong>vagar;Ela, no brilhantismo da equipag<strong>em</strong>,Ela, <strong>de</strong> olhos cerrados, a cismarAtrai como a vorag<strong>em</strong>!Os lacaios vão firmes na almofada;E a doce brisa dá-lhes <strong>de</strong> travésNas capas <strong>de</strong> borracha esbranquiçada,Nos chapéus com roseta, e nas librés

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