34e justificam a proposta poética <strong>de</strong> Cesário Ver<strong>de</strong> ser associada, muitas vezes, às artesplásticas. Faz-se necessário, assim, a seguir, uma breve abordag<strong>em</strong> sobre a pintura noséculo XIX.2.2 A PINTURA NO SÉCULO XIXO século XIX é dominado pelo Romantismo, <strong>de</strong>correndo ao longo do séculovárias mudanças. Sendo o Romantismo um estilo fundamentado mais <strong>em</strong> i<strong>de</strong>ias do que<strong>em</strong> características formais, o sentimento está <strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento da razão e o indivíduocentra-se na <strong>em</strong>oção.Várias mudanças ocorreram durante o século, como a invenção da fotografia <strong>em</strong>1839, suscitando questionamentos sobre o realismo na pintura. Com a aproximação dofinal do século, a pintura voltou-se para o próprio ato <strong>de</strong> olhar, tornando-se objeto dapintura, instaurando o movimento impressionista e pós-impressionista. Enquanto isso, afotografia retirava o retrato da função da pintura, libertando-a da imitação da natureza.Os pintores observam os fenômenos da luz e, mais tar<strong>de</strong>, passam a usar a cor <strong>de</strong> maneiraexpressiva, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> ser um único foco naturalista. Assim, “Estavam plantadas ass<strong>em</strong>entes da abstração” (CHARLES et al, 2007, p. 285) .No aspecto social, com a expansão do capitalismo, Karl Marx, <strong>em</strong> 1848,escreveu o Manifesto Comunista, alertando sobre a alienação da classe trabalhadora <strong>em</strong>relação aos bens que fabricavam e que provocavam probl<strong>em</strong>as sociais, o que <strong>de</strong> fatoaconteceu. Os pintores tiveram reações diferentes ao pensamento <strong>de</strong> Marx. O Realismovoltou-se para a paisag<strong>em</strong> rural i<strong>de</strong>alizada, o Impressionismo fez opção por t<strong>em</strong>asurbanos e pintou a vida cotidiana nas cida<strong>de</strong>s e seus subúrbios. Este foi um período <strong>de</strong>mudanças, <strong>de</strong> acordo com Pierre Francastel,Assim, é que se pô<strong>de</strong> falar do início e do fim do “movimento”impressionista e que se <strong>de</strong>screveu o <strong>de</strong>senvolvimento histórico da arteno fim do século XIX e início do século XX enumerando umasequência <strong>de</strong> fenômenos <strong>de</strong>vidamente datados: realismo, naturalismo,impressionismo, simbolismo, nabismo, fauvismo, cubismo etc. (1993,p. 204).
35Paris foi a capital e o maior centro artístico do século XIX na Europa. Artistasdo mundo inteiro escolhiam-na para estudar com os gran<strong>de</strong>s mestres. O caféMontmartre era o local principal para discutir a natureza da arte e <strong>de</strong> preparar sua novaconcepção. No entanto, como afirmou Francastel, trata-se <strong>de</strong> um momento <strong>de</strong>“sequência <strong>de</strong> fenômenos”, ocorrendo questionamentos e posicionamentos contráriosentre os artistas. Jean-Auguste-Dominique Ingres (1780-1867) é o principal mestreconservador da primeira meta<strong>de</strong> do século XIX, tendo como discípulo e seguidorJacques-Louis David. Ingres admirava a arte heróica da Antiguida<strong>de</strong> Clássica e seusensinamentos, insistindo sobre a disciplina <strong>de</strong> absoluta precisão nas aulas, com mo<strong>de</strong>losdo natural, e <strong>de</strong>sprezando as improvisações e as confusões. Em contrapartida, haviaEugène Delacroix (1798-1863), que, segundo Gombrich (2009, p. 505 e 506),[...] e seus belos diários mostram que Delacroix não gostaria <strong>de</strong> sercaracterizado como um rebel<strong>de</strong> fanático. Se lhe atribuíam esse papelera porque ele não aceitava os padrões da Aca<strong>de</strong>mia. Não tinhapaciência para conversar a respeito <strong>de</strong> gregos e romanos, repassando ainsistência no <strong>de</strong>senho correto e a constante imitação <strong>de</strong> estátuasclássicas. Acreditava que, <strong>em</strong> pintura, a cor era muito mais importantedo que o <strong>de</strong>senho, e a imaginação mais do que o saber.Conclui-se que dois grupos <strong>de</strong> artistas foram <strong>de</strong> fundamental importância: oprimeiro que recria os heróis da Antiguida<strong>de</strong> Clássica como David e Ingres e o segundoque não segue estes padrões e experimenta novas técnicas, como ex<strong>em</strong>plificam as obras<strong>de</strong> Delacroix, Monet, Manet, Coubert, Cézanne, Pissarro, entre outros.Gombrich (2009) aponta três tendências revolucionárias na arte <strong>de</strong>ss<strong>em</strong>omento histórico: a primeira com Delacroix, que não aceitava os padrões da aca<strong>de</strong>miaFrancesa; a segunda com Courbet, que <strong>de</strong>sejava com seus quadros provocar a“burguesia” para que saísse <strong>de</strong> seu marasmo, posicionando-se contra os clichês e<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo a sincerida<strong>de</strong> artística. Seu posicionamento <strong>de</strong> rejeitar o convencionalismo eapresentar o mundo tal como via fez com que outros artistas também seguiss<strong>em</strong> suaprópria consciência artística.O pintor que <strong>de</strong>u um nome a esse movimento foi Gustave Courbet(1819-77). Quando abriu uma exposição individual num barraco <strong>de</strong>Paris, <strong>em</strong> 1855, intitulo-a Le Reálisme, G. Courbet. Seu “realismo”iria marcar uma revolução na arte. Courbet queria ser unicamentediscípulo da natureza (GOMBRICH, 2009, p. 511).
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