16se começa a falar <strong>em</strong> método comparatista, ainda s<strong>em</strong> caráter científico, como objeto <strong>de</strong>reflexão histórico-filológica. No século XIX, a expressão Literatura Comparada <strong>de</strong>rivou<strong>de</strong> um processo metodológico aplicável às ciências naturais, no qual comparar oucontrastar servia como meio para confirmar uma hipótese.Com a expressão “literatura comparada” surge a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> estabelecer ass<strong>em</strong>elhanças e as diferenças entre as inúmeras obras literárias produzidas o mundo.Carvalhal explica que “À primeira vista, a expressão ‘literatura comparada’ não causaprobl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> interpretação. Usada no singular, mas geralmente compreendida no plural,ela <strong>de</strong>signa uma forma <strong>de</strong> investigação literária que confronta duas ou mais literaturas.”(1986, p.5). Para a autora, literatura comparada não é um sinônimo <strong>de</strong> comparação e oestudo comparado constitui-se como meio e não fim. Em sua história, observa-se que aliteratura comparada possui características relevantes. Nitrini (2000) comenta que “otermo ‘literatura comparada’ surgiu justamente no período <strong>de</strong> formação das nações;novas fronteiras estavam sendo erigidas e a ampla questão da cultura e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>nacional estava sendo discutida <strong>em</strong> toda a Europa.” (2000, p. 21). Subenten<strong>de</strong>-se, assim,que a literatura comparada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as suas origens está ligada à política, e à culturanacionais.Nitrini (2000) e Carvalhal (1986) comprovam que cada lugar França, EstadosUnidos e Leste Europeu apresenta abordagens distintas percebidas ao longo <strong>de</strong> suahistória. Deste modo, faz-se necessário mencionar alguns estudiosos relacionados àLiteratura Comparada e seu país <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> para compreen<strong>de</strong>r a trajetória <strong>de</strong>ssadisciplina.Um dos gran<strong>de</strong>s nomes da Literatura Comparada, responsável por sua difusão, éo francês Van Tiegh<strong>em</strong>. Para ele, esse estudo passa a ser uma análise preparatória aostrabalhos <strong>de</strong> literatura <strong>em</strong> geral. Sua intenção era elaborar uma história literáriainternacional que se organizasse <strong>em</strong> três etapas: a história das literaturas nacionais, aliteratura comparada (que se ocuparia com a investigação <strong>de</strong> afinida<strong>de</strong>s) e a literaturageral, que sist<strong>em</strong>atizaria os dados antes colhidos. Van Tiegh<strong>em</strong> publicou, <strong>em</strong> 1931, omanual A Literatura Comparada e no capítulo “Princípios e Métodos Gerais” <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> aLiteratura Comparada como uma disciplina autônoma, com objetos e métodos próprios.Convém ressaltar que Van Tigh<strong>em</strong> exclui os contos populares e as lendas, <strong>de</strong>vido ao seu
17anonimato, o que resulta no ostracismo da literatura antiga e medieval nos cursosministrados por ele na Sorbonne. Segundo Carvalhal (1986), no Brasil, Tasso daSilveira segue os passos <strong>de</strong> Van Tiegh<strong>em</strong>.Ainda na França, René Eti<strong>em</strong>ble coloca as literaturas <strong>em</strong> peso <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong>. Asliteraturas asiáticas têm a mesma importância que as europeias. Em Comparaison n’estpas raison (1963) ou <strong>em</strong> Essais <strong>de</strong> littérature (vraiment) générale (1974) rebate adistinção entre a Literatura Comparada e a Literatura Geral, não consi<strong>de</strong>rando asdivisões políticas e limites geográficos, valorizando toda e qualquer literatura. RenéEti<strong>em</strong>ble propõe a combinação <strong>de</strong> dois métodos que eram consi<strong>de</strong>rados incompatíveis,o da investigação histórica e o da reflexão crítica.Até a primeira meta<strong>de</strong> do século XX é a “influência” que direciona os trabalhosda Literatura Comparada. Nesse período, ela está <strong>em</strong> sua plena força quando Bene<strong>de</strong>ttoCroce, <strong>em</strong> 1902, questiona o seu valor e contesta sua <strong>de</strong>finição pelo métodocomparativo, comum a todas as espécies <strong>de</strong> estudos. Para Croce, segundo Nitrini, ”umbom procedimento consistiria <strong>em</strong> estudar a obra <strong>em</strong> todos os seus momentos eantece<strong>de</strong>ntes, nas suas relações com a história política e a história das artes, enfim, atotalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu ser ou da síntese histórico-estética” (2000, p. 22).Na proposta da chamada “escola americana” também ocorreu uma preocupaçãocom o caráter internacional e interlinguístico da Literatura Comparada, <strong>em</strong>bora osestudiosos americanos tenham fornecido uma inegável abertura no sentido <strong>de</strong> admitirum estudo <strong>de</strong> obras isoladas da literatura, com a ressalva <strong>de</strong> que tal estudo fosse feitopor uma perspectiva que transcen<strong>de</strong>sse as fronteiras nacionais e idiomáticas. Alfred O.Aldridge (1963), um dos estudiosos da escola americana <strong>de</strong> Literatura Comparada,ressalta a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um método que permitisse ao estudioso i<strong>de</strong>ntificar tendênciase movimentos <strong>em</strong> várias culturas. A questão <strong>de</strong> contrastar as literaturas não eraimportante para ele. Para Alfred Aldridge a literatura comparada <strong>de</strong>veria dispor <strong>de</strong> umou mais métodos <strong>de</strong> abordag<strong>em</strong> da literatura.René Wellek, representante da literatura americana, nasceu <strong>em</strong> Viena, <strong>em</strong> 1903,estudou Literatura na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Carolina <strong>de</strong> Praga, mudou-se para os EstadosUnidos na Segunda Guerra Mundial e trabalhou na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Yale. Ele éconsi<strong>de</strong>rado o fundador dos estudos da literatura comparada nos Estados Unidos,
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