R - D - CLAITON CESAR CZIZEWSKI.pdf - Universidade Federal do ...
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5.1.2.1 Descrição e análise<br />
Em termos de enre<strong>do</strong>, a história desenvolve-se a partir de uma narrativa de<br />
leitura fácil e estrutura convencional. Observa-se o pre<strong>do</strong>mínio da situação<br />
dramática denominada por Comparatto (1983) como plot família. Em outras<br />
palavras, a trama gira em torno das relações cotidianas de uma família brasileira de<br />
classe média.<br />
Parece resultar dessa orientação <strong>do</strong> enre<strong>do</strong> a pouca variação de eventos<br />
narrativos verifica<strong>do</strong>s na história em questão, sobretu<strong>do</strong> se comparada à trama<br />
acerca da violência contra a mulher. Enquanto a saga da professora Raquel<br />
desenrola-se progressivamente e a partir de diferentes plots (pontos de virada), a<br />
história de Dóris parece repetir, ao longo <strong>do</strong>s capítulos de Mulheres Apaixonadas,<br />
uma fórmula básica: por conta de características próprias <strong>do</strong> envelhecimento, como<br />
diminuição da mobilidade ou da memória, os avós de Dóris, Flora (Carmen Silva)<br />
e/ou Leopol<strong>do</strong> (Osval<strong>do</strong> Louzada), provocam pequenos acidentes <strong>do</strong>mésticos que<br />
atingem diretamente a neta ou simplesmente a desagradam. Por conta desses<br />
acontecimentos, Dóris agride os avós de forma verbal e psicológica, e um conflito<br />
familiar tem início.<br />
Outra diferença verificada na comparação entre as tramas acerca da<br />
violência contra a mulher e <strong>do</strong>s maus tratos aos i<strong>do</strong>sos reside no tom em que a<br />
crítica social é feita por Manoel Carlos. Se no primeiro caso prevalecem o suspense<br />
e a tensão, no segun<strong>do</strong>, evidencia-se a ideia de contraste. À primeira vista, a fluidez<br />
com que a história de ficção é narrada contrasta com a dificuldade de comunicação<br />
e convívio apresentada pela família, composta por pai, mãe, um casal de filhos e<br />
outro de avós, além de uma empregada. Ao se tomar o termo comunicação na<br />
acepção proposta por Lopes (2009) – recurso de abertura, reconhecimento e<br />
compreensão <strong>do</strong> Outro –, verifica-se que os Souza não conservam uma prática de<br />
comunicação e demonstram ter naturaliza<strong>do</strong> a violência contida nos conflitos<br />
<strong>do</strong>mésticos, conforme poderá ser verifica<strong>do</strong> ao longo deste item.<br />
Contu<strong>do</strong>, o contraste mais acentua<strong>do</strong> remete ao conflito dramático em si: a<br />
violência contra os i<strong>do</strong>sos parte de um membro da família, a quem caberia protegê-<br />
los. Assim, o comportamento de Dóris contrasta com a conduta esperada de um<br />
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