R - D - CLAITON CESAR CZIZEWSKI.pdf - Universidade Federal do ...
R - D - CLAITON CESAR CZIZEWSKI.pdf - Universidade Federal do ...
R - D - CLAITON CESAR CZIZEWSKI.pdf - Universidade Federal do ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
De forma análoga, Wolton (2004) refuta a ideia de que televisão possa<br />
representar alguma forma de risco à democracia. Pelo contrário, é por entender que<br />
comunicação e sociedade são indissociáveis, que o autor francês vê a mídia de<br />
massa – e a televisão, por seu amplo alcance social, em especial – como um<br />
elemento-chave no espaço público, à medida que ela materializa a possibilidade de<br />
uma verdadeira democracia de massa e a aprimora. Nesse espaço democrático, a<br />
informação difundida pelos meios massivos de acesso aberto – tanto nos produtos<br />
ditos informativos e educativos quanto naqueles volta<strong>do</strong>s ao entretenimento – tem,<br />
efetivamente, potencial esclarece<strong>do</strong>r sobre a complexidade da realidade que ela<br />
mesma reproduz.<br />
Por carregar esse potencial, tal espaço mostra-se, pois, propício ao exercício<br />
da cidadania. Conforme o autor, a função <strong>do</strong> fazer comunicativo é gerenciar as<br />
diferenças no seio de uma sociedade heterogênea. Lopes (2009) partilha desse<br />
entendimento. Para ela, a comunicação representa, na conjuntura atual, uma<br />
[...] possibilidade de abertura, reconhecimento e compreensão <strong>do</strong>s outros.<br />
Nesse contexto, a comunicação pode ser entendida e praticada como<br />
recurso disponível [...] para se abrir e ouvir o diferente, o outro [...] recurso<br />
comunicativo para que a cultura possa ser comunicada. [...] Uma cultura da<br />
comunicação está baseada na percepção <strong>do</strong> outro e no reconhecimento <strong>do</strong><br />
indivíduo-pessoa como ator principal e responsável <strong>do</strong> agir comunicativo. A<br />
inserção da diversidade, o crescimento da coexistência pacífica e o<br />
desenvolvimento autossustentável tanto quanto as representações e<br />
reivindicações de diferenças culturais devem ser trata<strong>do</strong>s como recursos<br />
comunicativos (LOPES, 2009, pp.22 – 3)<br />
Falar em cidadania implica, necessariamente, falar <strong>do</strong> protagonismo <strong>do</strong><br />
sujeito, condição que configura mais uma ruptura. Ao contrário de Kehl (2004), que<br />
minimiza o impacto social da televisão, Wolton (2004) valoriza a capacidade de<br />
articular o nível individual e o nível coletivo, que torna o meio um importante<br />
promotor <strong>do</strong> laço social na sociedade individualista de massa da atualidade.<br />
De acor<strong>do</strong> com o autor, por representar essa possibilidade de estruturação<br />
social entre a individualidade e a coletividade, a televisão carrega uma força<br />
identitária que se traduz na capacidade de representar esse laço social por meio <strong>do</strong><br />
qual os sujeitos experimentam o enraizamento e o sentimento de pertença já<br />
menciona<strong>do</strong>s por Canclini (1995).<br />
Além disso, Wolton destaca que ―a esse nível de visibilidade de<br />
representação, não existem muitas outras atividades sociais e culturais tão<br />
33