R - D - CLAITON CESAR CZIZEWSKI.pdf - Universidade Federal do ...
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passa<strong>do</strong>, a radionovela e as primeiras telenovelas, apresentadas durante a década<br />
de 1950 até mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s anos de 1960, estavam condicionadas ao patrocínio de<br />
empresas multinacionais especializadas na fabricação de produtos de higiene,<br />
limpeza e beleza.<br />
É o caso, por exemplo, da Colgate-Palmolive, que produzia novelas para o<br />
rádio e, posteriormente, para a televisão, no intuito de que a associação das<br />
histórias fictícias à sua marca ajudasse a ampliar o merca<strong>do</strong> de bens <strong>do</strong>mésticos a<br />
partir da mulher, público-alvo desse tipo de produção na época. Em âmbito nacional,<br />
a ânsia pela maximização das vendas era tamanha que, só entre os anos de 1943 a<br />
1945, a unidade brasileira da empresa estrangeira produziu 116 radionovelas (Ortiz,<br />
1991). No presente, a telenovela acumula anos de sucesso na venda de músicas,<br />
roupas e acessórios exibi<strong>do</strong>s nas histórias fictícias (Guareschi, 1986).<br />
Um <strong>do</strong>s mais contundentes exemplos da vocação comercial-consumista <strong>do</strong><br />
gênero telenovelístico é verifica<strong>do</strong> em 1965, com a exibição da versão brasileira de<br />
O Direito de Nascer – história escrita, originalmente, pelo cubano Félix Cagnet, em<br />
1936. A trama, apresentada em 282 capítulos, cujo desenlace mereceu uma festa,<br />
tanto em São Paulo, no ginásio <strong>do</strong> Ibirapuera, quanto no Rio de Janeiro, no estádio<br />
<strong>do</strong> Maracanãzinho, marca a consolidação da telenovela no país e fixa, de vez, as<br />
bases <strong>do</strong> modelo de produção que perpassa toda a história desse produto.<br />
Fernandes (1997, p. 51), ao relembrar o episódio, comenta que ―o estádio<br />
superlota<strong>do</strong> dava uma mostra <strong>do</strong> poder das novelas sobre as massas‖. Já quan<strong>do</strong><br />
fala sobre a popularidade alcançada pela atriz Guy Loup, intérprete da protagonista,<br />
Isabel Cristina, enfatiza que ―na verdade, nenhum ator brasileiro, em qualquer<br />
época, tivera as honras de tanta ovação‖.<br />
Sobre o esquema de produção consolida<strong>do</strong> a partir de então, Marques de<br />
Melo explica que<br />
O formato busca<strong>do</strong> pelas telenovelas brasileiras foi uma contingência <strong>do</strong><br />
esquema comercial que assumiram desde o início. Em se tratan<strong>do</strong> de<br />
produções caras, que exigiam eleva<strong>do</strong>s dispêndios financeiros das<br />
emissoras na construção de cenários, confecção de vestuário, etc., tornavase<br />
indispensável esticá-las enquanto durasse o interesse da audiência,<br />
otimizan<strong>do</strong>, assim, os recursos mobiliza<strong>do</strong>s na infraestrutura. (1988, p. 26).<br />
Nesses termos, a condução da história fictícia fica sujeita à opinião <strong>do</strong><br />
público telespecta<strong>do</strong>r, o qual, de acor<strong>do</strong> com suas demandas, pode fazer com que o<br />
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