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R - D - CLAITON CESAR CZIZEWSKI.pdf - Universidade Federal do ...

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vezes, invisibiliza-se no contexto da <strong>do</strong>mesticidade <strong>do</strong> lar, quan<strong>do</strong>, na verdade,<br />

precisa de visibilidade para ser combatida. Manoel Carlos promove essa visibilidade<br />

ao criar uma espécie de ―ruí<strong>do</strong>‖ no fluxo narrativo, verifica<strong>do</strong> sempre que o teor, por<br />

vezes chocante das falas e atitudes de Dóris, rompe com o clima de tranquilidade<br />

familiar. No caso específico <strong>do</strong> desfecho da trama, entende-se que Manoel Carlos<br />

abriu mão <strong>do</strong> final feliz para Flora e Leopol<strong>do</strong> em nome <strong>do</strong> realismo com que faz<br />

questão de trabalhar. Mais que isso, parece ter questiona<strong>do</strong>, ainda que de forma<br />

tímida, o que realmente causa mais felicidade aos i<strong>do</strong>sos: a integração à família a<br />

qualquer preço ou a tranquilidade, mesmo que longe <strong>do</strong>s familiares?<br />

Quan<strong>do</strong> ao tempo, não foi possível nenhuma inferência pertinente à<br />

presente análise. Já no que concerne ao espaço, infere-se que o pre<strong>do</strong>mínio <strong>do</strong><br />

apartamento onde residem os Souza, em todas as suas referências à <strong>do</strong>mesticidade<br />

e à cotidianidade, como espaço por excelência da narrativa, mostrou-se necessário<br />

ao resulta<strong>do</strong> pretendi<strong>do</strong> por Manoel Carlos com o já cita<strong>do</strong> ―jogo‖ de naturalização e<br />

estranhamento. Dito de outra forma, acredita-se que nenhuma outra ambientação<br />

cênica poderia traduzir com fidedignidade a ideia de convivência familiar e de local<br />

inapropria<strong>do</strong> ao conflito como o próprio lar da família em questão.<br />

Por fim, no que compete às personagens, entende-se que o perfil de Dóris<br />

carrega em si as características da causa da jovem: legitimidade e realismo <strong>do</strong> ponto<br />

de vista racional, e inadequação sob a perspectiva moral. Já o casal Flora e<br />

Leopol<strong>do</strong> parece ter o perfil estereotipa<strong>do</strong> justifica<strong>do</strong> na intenção de Manoel Carlos<br />

de provocar comoção e simpatia à figura <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos frágeis, a<strong>do</strong>enta<strong>do</strong>s e ternos;<br />

características essas que ajudam a legitimar a abordagem pró- terceira idade.<br />

O outro casal, Carlão e Irene, parece personificar a situação de<br />

naturalização e banalização da violência, característica <strong>do</strong> comportamento social<br />

vigente nas últimas duas décadas, em especial. Enquanto a mulher demonstra<br />

dificuldade em se indignar e reagir aos maus tratos que a filha pratica contra os<br />

avós, o homem aparenta ter internaliza<strong>do</strong> um padrão violento de relacionamento<br />

interpessoal, o qual tem como principal marca a baixa tolerância com os erros <strong>do</strong><br />

Outro. Nesse contexto de densidade e tensão, a análise indica que cabe a Carlinhos<br />

– com sua peculiar figura de jovem sardento de cabelos ruivos e desgrenha<strong>do</strong>s –<br />

proporcionar leveza e comicidade a este núcleo dramático, como se verifica nas<br />

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