R - D - CLAITON CESAR CZIZEWSKI.pdf - Universidade Federal do ...
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diferentes momentos <strong>do</strong> programa televisivo, conforme verifica<strong>do</strong> nas telenovelas.<br />
(Almeida, 2007).<br />
A centralidade da televisão e da telenovela como, respectivamente, o meio<br />
de comunicação de massa e o produto cultural de maior apelo no Brasil conduziram,<br />
de forma natural, a prática <strong>do</strong> merchandising para o interior <strong>do</strong>s enre<strong>do</strong>s de ficção<br />
televisiva. Nas palavras de Almeida (2002, p. 126),<br />
As novelas, para o médio publicitário, ainda que femininas, são vistas como<br />
capazes de atingir to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, a família toda que assiste à TV, todas as<br />
classes sociais, o Brasil em geral. Ela é assim muito poderosa e eficiente,<br />
mas igualmente cara para anunciar, como também o Jornal Nacional. Nesse<br />
senti<strong>do</strong>, nem to<strong>do</strong> produto e nem to<strong>do</strong> anunciante tem a verba necessária<br />
para pagar este horário, que é reconheci<strong>do</strong> como um espaço forte, que dá<br />
poder a uma marca que está ameaçada ou que permite dar visibilidade a<br />
uma marca ou produto novo. Além disso, pela característica de ser seriada<br />
e criar fidelidade, a novela é ótimo espaço para inovação e novas marcas.<br />
Historia<strong>do</strong>r de telenovelas, Ismael Fernandes (1997) afirma que a primeira<br />
ação de merchandising comercial em uma obra <strong>do</strong> gênero deu-se, oficialmente, em<br />
1968, em Beto Rockfeller. Boêmio, o personagem-título da trama da TV Tupi fazia<br />
uso <strong>do</strong> medicamento Engov, um hepatoprotetor a que ele recorria para amenizar o<br />
desconforto causa<strong>do</strong> pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas. A exposição <strong>do</strong><br />
produto fazia-se, assim, de forma indireta, quan<strong>do</strong> a marca era apenas evidenciada<br />
pela cena ou de maneira mais explícita, ao ser pronunciada pelo ator Luís Gustavo,<br />
intérprete <strong>do</strong> protagonista.<br />
O autor enfatiza a ação de natureza merca<strong>do</strong>lógica porque foi ela que<br />
pre<strong>do</strong>minou por muito tempo, pelo menos de forma sistemática e institucionalizada,<br />
no segmento da ficção televisiva. Para Marcondes Filho (1984), esse pre<strong>do</strong>mínio<br />
inicial resulta <strong>do</strong> fato de que o apelo emocional suscita<strong>do</strong> pelas telenovelas propicia<br />
uma apropriação merca<strong>do</strong>lógica que transforma me<strong>do</strong>s e anseios em necessidades<br />
de consumo.<br />
A obtenção de lucros com a venda de produtos materiais que atendam a<br />
essas demandas justificaria o uso instrumental da prática merca<strong>do</strong>lógica por parte<br />
da ficção televisiva. Outro fator determinante nesse contexto é o valor agrega<strong>do</strong> que<br />
a empatia de um personagem ou a noção de distinção social <strong>do</strong> ator que o interpreta<br />
atribui à merca<strong>do</strong>ria em exposição. Todavia, a prática também representa riscos. Se,<br />
por um la<strong>do</strong>, o merchandising comercial manipula<strong>do</strong> de forma hábil funciona como<br />
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