R - D - CLAITON CESAR CZIZEWSKI.pdf - Universidade Federal do ...
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impunidade e novas agressões”. Na sequência <strong>do</strong> mesmo capítulo, o fictício médico<br />
que realiza o exame de corpo de delito na professora de educação física revela que<br />
―muitas mulheres deixam de fazer a denúncia por constrangimento”, mas pondera<br />
que ―a denúncia é importante” porque ―intimida o agressor”.<br />
A partir <strong>do</strong> exame dessas duas colocações, entende-se que elas são<br />
informativas, ainda que de forma implícita, porque esclarecem que, enquanto a<br />
denúncia pode demover os agressores, o silêncio e sua consequente sensação de<br />
impunidade não denotam potencial para por fim à situação de violência.<br />
Igualmente subjetiva e concernente à denúncia, aparece uma afirmação da<br />
vítima de violência <strong>do</strong>méstica, Raquel. Ao ser informada sobre as possíveis penas a<br />
serem aplicadas a seu ex-mari<strong>do</strong> agressor, ela avalia que, diante da brandura da lei,<br />
denunciar pode ―piorar a situação”. No entendimento da professora, o<br />
constrangimento provoca<strong>do</strong> pela denúncia soma<strong>do</strong> ao pouco rigor das penalidades<br />
apenas deixaria o agressor “com mais raiva” e, assim, tenderia a fazer com que as<br />
agressões aumentassem. Aqui, também se entende que há informatividade, pois o<br />
argumento evidencia uma relação de causa e efeito plausível e atenta para um<br />
aspecto que diz respeito a real eficácia da denúncia ante a legislação vigente.<br />
Quan<strong>do</strong> se analisa as informações quanto às medidas de prevenção e<br />
combate à violência contra a mulher, encontram-se <strong>do</strong>is da<strong>do</strong>s principais: um liga<strong>do</strong><br />
à necessidade da denúncia, e o outro, à importância <strong>do</strong> exame de corpo de delito.<br />
Em uma cena que pode ser caracterizada como inaugural da discussão sobre<br />
o tema, Raquel conta a Helena que é vítima das agressões <strong>do</strong> ex-mari<strong>do</strong>. A<br />
interlocutora reage, de forma explícita, alertan<strong>do</strong> a professora que ela deve<br />
denunciar o agressor e completa que, para tanto, existem delegacias especializadas,<br />
nas quais as denúncias são feitas de forma anônima.<br />
A informação, veiculada no capítulo 49 da telenovela, é repetida no capítulo<br />
192. Na já citada cena em que Raquel denuncia Marcos, a delegada fictícia reforça e<br />
completa a colocação feita por Helena, também de forma explícita. Conforme a<br />
autoridade policial, as mulheres que sofrem violência <strong>do</strong>méstica contam com<br />
delegacias especializadas no atendimento dessa forma específica de violência. Em<br />
seguida, explica que, em uma Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à<br />
Mulher), as denúncias de casos de agressões são feitas de forma anônima.<br />
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