R - D - CLAITON CESAR CZIZEWSKI.pdf - Universidade Federal do ...
R - D - CLAITON CESAR CZIZEWSKI.pdf - Universidade Federal do ...
R - D - CLAITON CESAR CZIZEWSKI.pdf - Universidade Federal do ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Brasileiro. Especificamente, a iniciativa visa a eliminar da legislação brechas que<br />
permitam que réus confessos respondam a processos judiciais em liberdade. O<br />
movimento foi deflagra<strong>do</strong>, ainda em 2003, por uma campanha de coleta de<br />
assinaturas para que o desejo <strong>do</strong>s Pra<strong>do</strong> Maia se transformasse em um projeto de<br />
emenda popular.<br />
Em 8 de março de 2006, as mais de 1,3 milhões de assinaturas foram<br />
encaminhadas ao Congresso Nacional, em Brasília. Junto delas, um projeto para:<br />
161<br />
1) Acabar com a aplicação <strong>do</strong> conceito de "crime continua<strong>do</strong>" aos casos de<br />
homicídio: pela legislação atual, matar várias pessoas ao mesmo tempo<br />
equivale a matar uma só. Exemplo prático: na chacina de Vigário Geral<br />
foram assassinadas 21 pessoas, mas a lei unifica essas 21 mortes e<br />
considera que os assassinos praticaram um único crime: 21 vidas passam a<br />
valer uma só;<br />
2) Acabar com o protesto por novo júri: embora o Código Penal diga que a<br />
pena máxima [no Brasil] é de 30 anos, na prática ela é muito menor. Por<br />
mais bárbaro que seja o crime cometi<strong>do</strong>, os juízes não costumam condenar<br />
ninguém a mais de 19 anos e alguns meses. Pela legislação atual, se<br />
condena<strong>do</strong> a mais de 20 anos, o réu tem direito imediato a um segun<strong>do</strong><br />
julgamento, que ainda pode ser posterga<strong>do</strong> por muitos anos.<br />
3) Fazer com que a aplicação de benefícios seja baseada no tempo total da<br />
condenação: pela legislação atual, mesmo que a soma <strong>do</strong>s delitos<br />
pratica<strong>do</strong>s tenha resulta<strong>do</strong> numa pena de 40, 50 anos, os criminosos<br />
cumprem, em média, cinco a seis anos no máximo, porque os benefícios<br />
são concedi<strong>do</strong>s toman<strong>do</strong> como base os 30 anos que a lei estabelece como<br />
pena máxima, e não o total da pena a que foram condena<strong>do</strong>s.<br />
4) Estipular que o trabalho seja condição para a concessão de benefícios:<br />
para que o preso tenha direito a benefícios, como livramento condicional e<br />
os regimes semiaberto e aberto, deverá trabalhar. Caso não queira,<br />
cumprirá sua pena integralmente [...] a medida obrigaria o Esta<strong>do</strong> a incluir,<br />
nos presídios novos que estão sen<strong>do</strong> construí<strong>do</strong>s, condições para que esse<br />
item possa ser cumpri<strong>do</strong>;<br />
5) Impedir o condena<strong>do</strong> pela prática de crime hedion<strong>do</strong> de recorrer em<br />
liberdade: quem já foi condena<strong>do</strong> a mais de quatro anos de prisão, por<br />
qualquer crime, e venha a cometer um crime hedion<strong>do</strong>, deve cumprir a nova<br />
pena em regime integralmente fecha<strong>do</strong>. E aquele que for condena<strong>do</strong> por<br />
crime hedion<strong>do</strong>, pelo Tribunal <strong>do</strong> Júri, deve ser imediatamente preso, não<br />
poden<strong>do</strong> recorrer da sentença em liberdade.<br />
6) Não conceder o benefício de indulto ao condena<strong>do</strong> por crime de tortura: o<br />
indulto é um ato de clemência <strong>do</strong> Poder Público. É uma forma de extinguir o<br />
cumprimento de uma condenação imposta ao sentencia<strong>do</strong> desde que se<br />
enquadre nos requisitos pré-estabeleci<strong>do</strong>s no decreto de indulto, expedi<strong>do</strong><br />
na época da comemoração <strong>do</strong> Natal. Condena<strong>do</strong>s por crime de tortura não<br />
devem ter esse benefício (GABRIELA SOU DA PAZ, 2012).<br />
Apesar de, até hoje, o projeto de emenda popular não ter si<strong>do</strong> aprecia<strong>do</strong><br />
pelos congressistas, o Movimento Gabriela Sou da Paz já obteve algumas<br />
conquistas. Dentre elas, destacam-se a condenação <strong>do</strong>s acusa<strong>do</strong>s pela morte de<br />
Gabriela Pra<strong>do</strong> Maia a penas que variam de 19 a 36 anos de prisão; a condenação<br />
<strong>do</strong> Metro Rio, empresa presta<strong>do</strong>ra de serviço de transporte metroviário na capital