R - D - CLAITON CESAR CZIZEWSKI.pdf - Universidade Federal do ...
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estão o cinema, em um primeiro momento, e, posteriormente a televisão. Imbuí<strong>do</strong>s<br />
de certa aura mágica, esses <strong>do</strong>is símbolos da vida moderna fazem uso de suas<br />
inúmeras possibilidades de estímulo sensorial e jogo psicológico para, contan<strong>do</strong><br />
histórias, acostumar o especta<strong>do</strong>r à nova realidade sócio-histórica e acomodá-lo no<br />
devi<strong>do</strong> lugar que ele nela ocupa.<br />
É importante lembrar que, segun<strong>do</strong> Carneiro (1999, p. 34), ―as primeiras<br />
reflexões sobre a televisão educativa definiriam educação como negação <strong>do</strong><br />
entretenimento‖. Logo, fica claro o significa<strong>do</strong> social que as atividades de lazer e<br />
divertimentos ganharam ainda no início da sociedade de massa que emerge no<br />
século XX.<br />
1.2 TELEVISÃO, FICÇÃO E MELODRAMA<br />
Para que se torne efetivamente consistente, uma pesquisa sobre telenovela<br />
não pode se furtar a discorrer sobre a televisão, meio que consagrou esse produto<br />
midiático e por meio <strong>do</strong> qual ele se propaga, no caso brasileiro, há seis décadas.<br />
Quan<strong>do</strong> essa investigação visa a destacar a dimensão dialética desse gênero<br />
televisivo, a conexão entre meio e mensagem mostra-se fundamental.<br />
No livro Sobre a televisão, Bourdieu (1997) pondera que este meio de<br />
comunicação é o que vivencia de forma mais aguda a relação entre produção<br />
cultural e comércio, uma vez que, nele, a disseminação da cultura está subordinada<br />
aos índices de audiência. Como resulta<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> ele, ―em geral, não se pode<br />
dizer grande coisa na televisão‖ (p. 15).<br />
Além disso, o autor afirma que a mídia televisiva extrapola a sua função de<br />
meio, a quem cabe registrar a realidade, e atua na construção discursiva de uma<br />
outra realidade, graças a seu característico efeito de real. Ao considerar esse último<br />
aspecto como um <strong>do</strong>s ―perigos potenciais‖ da televisão, Bourdieu acredita que essa<br />
mídia é capaz de exercer fins sociais de mobilização ou de desmobilização, por meio<br />
<strong>do</strong>s quais pode vir a atentar contra a democracia.<br />
Assim, segun<strong>do</strong> o sociólogo francês, insensivelmente, a televisão torna-se<br />
um instrumento de criação da realidade, fazen<strong>do</strong> com que o indivíduo caminhe, cada<br />
vez mais, rumo a universos em que o mun<strong>do</strong> social é descrito e prescrito pela mídia<br />
televisiva, que se transforma em árbitro da existência social e política, legitiman<strong>do</strong><br />
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